Baterias se tornam mais baratas e podem aliviar quedas de energia
Sistemas de armazenamento podem substituir geradores a diesel, ser utilizados como backup e em conjunto com a energia solar


As frequentes quedas de energia elétrica nas cidades brasileiras têm aumentado o interesse da população pelos sistemas de armazenamento de energia com baterias, afirma a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Conforme a entidade, o cenário reforça o papel estratégico desta tecnologia para trazer mais autonomia, independência e segurança elétrica.
Os equipamentos também estão se tornando mais acessíveis. De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA), as baterias registraram uma redução de cerca de 90% nos seus preços nos últimos 15 anos.
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“O aumento da frequência e da intensidade de eventos climáticos extremos no Brasil e no mundo, a exemplo do furação Milton, traz à tona a urgência de acelerar a transição energética. Também demonstra a necessidade de incorporar, tanto ao setor elétrico quanto junto aos consumidores, novas tecnologias para armazenar a energia elétrica gerada pelas fontes renováveis”, avaliou o coordenador do grupo de trabalho de armazenamento de energia elétrica da Absolar, Samir Moura.
“Ao combinar sistemas de energia solar com baterias, os consumidores, tanto de residências, de pequenos negócios e do meio rural, quanto de serviços públicos essenciais, como saúde e segurança pública, passam a ter mais autonomia, independência e segurança elétrica”, acrescentou.
De acordo com o presidente executivo da Absolar, Rodrigo Sauaia, outra função essencial das baterias combinadas com sistemas fotovoltaicos é a sustentabilidade ambiental. Segundo ele, a combinação dessas tecnologias pode ser utilizada para substituir, de forma limpa, silenciosa e competitiva, os geradores fósseis a diesel, que são mais poluentes e barulhentos.
“Além de possuírem relevantes benefícios ambientais, as fontes renováveis combinadas com armazenamento de energia elétrica podem aliviar a pressão sobre as tarifas de energia elétrica. Assim, a energia solar com bateria se apresenta como interessante solução para os consumidores se protegerem dos desastres climáticos e das bandeiras tarifárias”, concluiu Sauaia.
Apagão causa R$ 1,65 bilhão em prejuízos
Nesta terça-feira (15/10), o apagão chegou ao quarto dia na Grande São Paulo. Conforme a Enel, empresa responsável pela distribuição de energia, 250 mil imóveis seguiam sem luz na região na presente data. O blecaute foi causado por um vendaval no início da noite de sexta-feira (11/10), quando ventos de mais de 100 km/h impactaram a rede elétrica da Enel, deixando mais de 2 milhões de consumidores sem eletricidade.
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De acordo com levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), a situação está gerando prejuízos graves aos setores do varejo e de serviços. Considerando o que essas atividades deixaram de registrar no período, as perdas brutas já somam cerca de R$ 1,65 bilhão.
A entidade afirma que o valor deverá ser maior, porque a Enel ainda não forneceu respostas concretas sobre o retorno do serviço à totalidade dos imóveis que dependem da rede. Os números da FecomercioSP mostram que só o varejo paulistano teve prejuízos de pelo menos R$ 536 milhões nos dias em que parte dos agentes do setor ficou sem funcionar.
No caso dos serviços, as perdas somaram R$ 1,1 bilhão. Esses dados foram compilados levando em conta que, aos fins de semana, o comércio de São Paulo tende a faturar, em média, R$ 1,1 bilhão por dia, enquanto os serviços têm receitas de R$ 2,3 bilhões.
Fiscalização
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulgou na noite de segunda-feira (14/10) que está conduzindo uma apuração rigorosa e técnica sobre a atuação da Enel durante o apagão e que será encaminhada intimação formal à empresa como parte integrante do relatório de falhas e transgressões para apreciação da diretoria colegiada da reguladora para fins de avaliação da continuidade do contrato de concessão.
A agência afirma que, caso sejam constatadas falhas graves ou negligência na prestação do serviço, adotará medidas sancionatórias previstas em lei, que podem incluir desde multas severas, intervenção administrativa na empresa e abertura de processo de caducidade da concessão da empresa.

Ricardo Casarin
Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.
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