PL 5829/19 recebe 14 emendas às vésperas de uma possível votação no Senado
Marco legal da geração distribuída de energia elétrica poderá ser votado no plenário do Senado nesta quinta-feira (25/11)



O mercado de energia solar fotovoltaica vive uma semana de grande expectativa às vésperas de uma possível votação do Projeto de Lei 5829/19, mais conhecido como marco legal da geração distribuída. O projeto foi incluído na sessão deliberativa do Senado Federal da próxima quinta-feira (25/11).
Na última terça-feira (23), dez emendas parlamentares foram encaminhadas com sugestões de alteração do texto, se somando a outras quatro propostas enviadas anteriormente. O PL chegou ao Senado no final de setembro, após ser aprovado na Câmara dos Deputados em 18 de agosto, com votação expressiva de 476 votos a favor e 3 contrários.
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Segundo o CEO da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia, a entidade está em Brasília trabalhando para que a pauta seja votada nesta semana. "Difícil prever, mas estamos otimistas de que o PL possa ser votado, sim", disse ao Portal Solar.
A fonte solar fotovoltaica lidera a expansão da matriz elétrica brasileira em 2021, com quase 4 GW, na soma dos segmentos de geração distribuída (GD) e geração centralizada, mostram os dados mais recentes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Leia mais: Energia solar lidera a expansão da matriz elétrica brasileira em 2021
Pedidos de mudança podem atrasar marco da geração distribuída
Caso o PL 5829/19 seja alterado no Senado, o texto precisará voltar para a apreciação dos deputados antes da sanção presidencial.
O senador Jean Prates (PT-RN) enviou quatro propostas. Uma delas pede que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) calcule os custos e os benefícios. No entanto, o PL endereça essa responsabilidade ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), órgão máximo responsável pelas diretrizes das políticas no setor energético brasileiro.
As outros três pedidos de Prates são referentes a regras para usinas no modelo de cooperativas, estabelecendo novos parâmetros para a potência dos projetos, cobrança e permissão para alugar terrenos e repartir o excedente de energia com o locador.
Já o senador Paulo Paim (PT-RS) apresentou seis sugestões. Uma delas é similar a de Prates, pedindo para que seja também calculado os custos da GD. Outras duas propostas desobrigariam as distribuidoras a comprar excedente da micro e minigeração quando houver sobrecontratação de energia.
A medida visa proteger as distribuídas do risco contratual de sobra de energia, que pela regulação, essas sobras podem impactar negativamente o resultado econômico e financeiro das concessionárias se não forem reconhecidas pelo regulador como excludente de responsabilidade.
Mais duas emendas de Paim propõe encerrar o período transição das regras assim que a geração distribuída atingir 12 GW de capacidade instalada ou 10% do mercado de cada distribuidora.
Por fim, uma emenda sugere que a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) custeie, temporariamente, componentes tarifários não associados ao custo de energia. Na segunda-feira (22/11), Paim já havia encaminhado uma proposta para expandir a regra de transição para 24 meses.
Requerimentos
Além das três emendas anteriores, sugeridas pelos senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE), Irajá (PSD-TO) e Antonio Anastasia (PSD-MG), o projeto recebeu quatro requerimentos para ser apreciado em comissões. Os pedidos foram protocolados pelos senadores Rogério Carvalho (PT-SE) e Jaques Wagner (PT-BA).
Leia mais: Senador Jereissati sugere limitar regra de transição até 15 GW
Aprovação
Em entrevista recentemente concedida ao Portal Solar, Sauaia declarou que essas propostas não devem atrapalhar a tramitação do marco legal de GD no Senado. Para o dirigente, os pedidos de alterações são normais e fazem parte do jogo legislativo. “É um marco construído com grande esforço. Foi aprovado na Câmara dos Deputados com consenso de todas as partes, incluindo as distribuidoras.”

Ricardo Casarin
Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.

Wagner Freire
Jornalista com Bacharel em Comunicação Social pela FMU e pós-graduado em Finanças. Especialista com mais de 10 anos de experiência na cobertura do mercado de energia elétrica, tendo trabalhado no Estadão, CanalEnergia, Jornal da Energia, Revista GTD e DCI.
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