Deputados cobram celeridade para votação do marco legal da geração distribuída
Principal discussão no colegiado na manhã de hoje (06/04) foi sobre a necessidade de se buscar um entendimento em torno do novo parecer costurado pelo relator, deputado Lafayette de Andrada


Deputados da Comissão de Minas e Energia cobraram celeridade nesta terça-feira (6) para a votação do projeto de lei 5829, que institui o marco legal da Geração Distribuída (GD) no Brasil, e mostraram resistência de incluir no texto medidas que possam impactar os grandes produtores.
A principal discussão no colegiado na manhã de hoje (06/04) foi sobre a necessidade de se buscar um entendimento em torno do novo parecer costurado pelo relator, deputado Lafayette de Andrada (Republicanos/MG), e houve ainda pressão para que se estenda a proposta para os chamados grandes produtores.
Ficou definida que será realizada uma reunião interna de apresentação e discussão do novo relatório. A data ainda será definida e deve ocorrer antes de terça-feira da próxima semana. A ideia é fechar um entendimento da comissão antes da reunião de líderes da próxima semana, que define as pautas que serão votadas pelo plenário da Câmara.
O movimento a favor de priorizar a análise do texto foi puxada pelo próprio Lafayette, após o presidente da comissão, Édio Lopes, sugerir uma nova audiência pública para ouvir mais uma vez representantes do setor, como a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e ainda defender que o projeto precisa regular os grandes produtores.
A ideia foi rechaçada por vários integrantes da comissão. “Fazer novas audiências públicas é só procrastinar. Estamos aptos para votar, estamos há um ano e meio debatendo o tema”, disse Lafayette. "Temos pressa”, disse o deputado, ressaltando que o único vácuo atual para a energia solar é para a mini e microgeração distribuída e que o PL visa democratizar a energia solar. “Precisamos do mínimo de segurança jurídica”, reforçou.
Segundo o deputado Danilo Forte (PSDB-CE), o marco é essencial para dar o direito do pequeno produtor de realizar a sua produção e não ser importunado. “Não estamos atrás de proteger grande, estamos atrás de regular o setor. O pior dos mundos é não ter legislação, que gera insegurança jurídica”, comentou.
O deputado cearense também defendeu que o projeto precisa ser avaliado o quanto antes. “Cada vez que a gente estica, pior fica”, disse. O deputado afirmou ser a favor de uma discussão entre os parlamentares sobre pontos alterados no relatório, mas defendeu que o texto vá a Plenário. “Não acredito que essa semana vote, mas essa semana a gente ajusta e vota na próxima”, disse.
Édio Lopes questionou a resistência dos colegas de tratar dos grandes. “Nós vamos regular o pequeno e o grande vai entrar na justiça e dizer ‘por que estou sendo excluído?’ Pelo jeito ninguém quer regular o grande”, provocou.
Lafayette reforçou que há uma ausência de legislação para os pequenos produtores, que são regulados pela ANEEL. “São temas diferentes e assuntos diferentes [regular grandes e pequenos] que não comporta a mesma lei. São leis diferentes e o que há é uma regulação da Aneel sobre os pequenos. Outros projetos estão discutindo o grande”, afirmou.
O relator afirmou ainda que, em 2012, a Aneel fez resolução para regulamentar a energia solar e eólica para os grandes. “O único vácuo que não tem legislação são os pequenos”, disse. “O PL vem na direção de democratizar a energia, para que o pobre tenha acesso a energia solar”, completou.

Cristiane Pinheiro
Jornalista, formada pela Faculdade de Comunicação Cásper Líbero, com quase 30 anos de experiência no segmento de Comunicação. Tem especializações em jornalismo impresso pelo Curso Intensivo de Jornalismo Aplicado, do Grupo O Estado de S. Paulo, e em televisivo pela Rede Globo de Televisão, São Paulo, e pelo Senac – Centro de Comunicação e Artes. Atua na cobertura jornalística do setor elétrico há cerca de 10 anos.
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