Apine defende energias renováveis, mas sem subsídios

Marco da geração distribuída foi um dos temas discutidos em reunião promovida pela Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara dos Deputados

RENOVÁVEIS
Foto: Reprodução/Central Pronatec

A diretora de Relações Institucionais da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apine), Josiani Napolitano, defendeu a diversificação da matriz elétrica brasileira ontem (16) durante reunião promovida pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços da Câmara dos Deputados, com a participação da Comissão de Minas e Energia.

“O Brasil passa por uma importante transição energética que provocará mudanças profundas nas formas de produção, distribuição e consumo de energia. A energia renovável está no centro dessa transição, especialmente com as fontes intermitentes e a geração distribuída”, disse a executiva.

Na audiência, os debatedores destacaram as vantagens de energias renováveis, como a eólica, a solar, a biomassa e as pequenas centrais hidrelétricas. Além de competitivas e de instalação mais simples, elas encontram ambiente fértil no Brasil, em razão da abundância de vento e luz solar. As dificuldades seriam a intermitência dos recursos, com a possibilidade de serem utilizados complementarmente: por exemplo, sol durante o dia e ventos à noite.

Marco da GD

Um dos assuntos discutidos na reunião foi o Projeto de Lei 5829/19, que estabelece um marco legal para geração distribuída e um período de transição para a cobrança de encargos e tarifas de uso dos sistemas de distribuição por parte dos micro e minigeradores de energia elétrica. O prazo de 25 anos, sugerido em parecer ao projeto, foi considerado demasiado pelos especialistas. “Não há necessidade desse subsídio mais. A gente está proporcionando a tais investidores uma taxa de retorno alta”, observou Napolitano.

O secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Paulo César Magalhães, disse que caberá ao Congresso Nacional resolver essa questão. “Nós defendemos que haja uma gradualidade na transição das regras. Mas que não seja muito longa. Em 25 anos, muitas vezes falamos em superar a vida útil dos equipamentos”, observou.

Para o representante do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) Munir Soares, o projeto mantém uma série de subsídios e benefícios que já alcançaram seu objetivo. “Eles impactam a conta dos consumidores mais pobres. Fundamental seria a retirada da perpetuidade desse projeto. Ele estabelece um benefício indevido e indefinido, e a gente entende que ele impacta significativamente os consumidores, residenciais sobretudo”, disse.

O deputado federal Otto Alencar Filho (PSD-BA) lembrou que para os mais pobres existe a opção da tarifa social e esclareceu que a intenção dos parlamentares é apoiar um pouco mais as energias renováveis para que elas se fortaleçam ao longo dos anos. “É claro que ela não é a salvação para a geração de energia, mas é importante que o Brasil se torne referência no mundo em energias renováveis. Mas que a gente defina um futuro obviamente com limite. Eu realmente acho que ainda existe espaço para que a gente possa subsidiar esse setor”, declarou.

Com informações da Agência Câmara.

A marca lider em energia solar

Calculadora Solar

Economize até 35% na sua conta de luz

simulação

resumo

Digite sua concessionária
Avatar de Wagner Freire

Wagner Freire

Jornalista com Bacharel em Comunicação Social pela FMU e pós-graduado em Finanças. Especialista com mais de 10 anos de experiência na cobertura do mercado de energia elétrica, tendo trabalhado no Estadão, CanalEnergia, Jornal da Energia, Revista GTD e DCI.

Artigos que podem te interessar

A MURALHA REGULATÓRIA QUE PROTEGE O SOL: COMO A ABNT E O CONFAZ BLINDAM O SETOR FOTOVOLTAICO CONTRA O CASUALISMO FISCAL
Política

A Muralha Regulatória que Protege o Sol: Como a ABNT e o CONFAZ Blindam o Setor Fotovoltaico contra o Casualismo Fiscal

O Brasil vive um paradoxo solar. Enquanto o país celebra recordes de instalação de energia fotovoltaica, impulsionado por uma matriz energética que se orgulha de sua crescente sustentabilidade, uma sombra de instabilidade jurídica

08/12/20253 min de leitura

PLP 182/2025: A TEMPESTADE TRIBUTÁRIA QUE PODE AFOGAR A ENERGIA SOLAR BRASILEIRA
Política

PLP 182/2025: A tempestade tributária que pode afogar a energia solar brasileira

O governo federal está revivendo uma proposta que há 20 anos causou uma das maiores revoltas do setor produtivo brasileiro. O PLP 182/2025 traz de volta o espírito da famigerada MP 232 de 2004, conhecida como "tsunami tributário".

28/11/202510 min de leitura

A LEI 15.269 E O GOSTO AMARGO DA INSEGURANÇA JURÍDICA
Política

A Lei 15.269 e o gosto amargo da insegurança jurídica

A sanção da Lei nº 15.269/2025, originada da Medida Provisória 1.304, deveria ser um momento de celebração para o setor elétrico brasileiro. E, em muitos aspectos, ela representa um avanço inegável.

26/11/20254 min de leitura

REFORMA-DO-SETOR-ELETRICO-E-SANCIONADA-E-CONVERTIDA-NA-LEI-15.269-2025
Política

Reforma do setor elétrico é sancionada e convertida na Lei 15.269/2025

Texto final da MP 1.304 incluiu abertura do mercado livre e regulamentação do armazenamento de energia; ressarcimento por cortes de geração foi vetado

25/11/20256 min de leitura

ACORDO-FINAL-DA-COP30-OMITE-MENCAO-A-COMBUSTIVEIS-FOSSEIS
Política

Acordo final da COP30 omite menção a combustíveis fósseis

Conferência teve como principal resultado compromisso de mobilizar US$ 1,3 trilhão por ano para ações climáticas

24/11/20252 min de leitura

SEGURANÇA JURÍDICA NA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA: A ANÁLISE DA MOTIVAÇÃO NO DESMEMBRAMENTO DE USINAS
Política

Segurança jurídica na geração distribuída: a análise da motivação no desmembramento de usinas

Decisões subjetivas das distribuidoras sobre divisão de usinas criam insegurança jurídica e prejudicam investimentos em energia.

18/11/20257 min de leitura

VETOS-A-MP-1.304-PODEM-COMPROMETER-INVESTIMENTOS-EM-RENOVAVEIS-NO-BRASIL
Política

Vetos à MP 1.304 podem comprometer investimentos em renováveis no Brasil

Absolar alerta que retirar a possibilidade de compensação às usinas afetadas por cortes de geração reduzirá atratividade de grandes projetos no país

17/11/20253 min de leitura

MP-1.304-ENTENDA-COMO-SERA-A-ABERTURA-DO-MERCADO-LIVRE-DE-ENERGIA
Política

MP 1.304: entenda como será a abertura do mercado livre de energia

Aprovada pelo Congresso, reforma do setor elétrico permitirá adesão de todos os consumidores do país ao Ambiente de Contratação Livre (ACL)

12/11/20252 min de leitura