Mundo acelera os investimentos em fontes renováveis. E o Brasil?

No mais recente relatório em colaboração com o Banco Mundial, a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) afirmou que, devido ao aumento do consumo de eletricidade nos países em desenvolvimento, os novos investimentos em energias limpas e renováveis podem setuplicar de USD 150 bilhões investidos em 2020, para mais de USD 1 trilhão por ano até 2030. A IEA explica que o vultoso número é consequência de um projeto ambicioso de zerar as emissões liquidas de CO2 na atmosfera até 2050.   

Incentivado pelo Acordo de Paris, que busca atingir a meta zero emissões para as próximas três décadas, o relatório da IEA considerou análises atuais de implantação de energias renováveis, com bases nas políticas governamentais para a geração de energia limpa e sustentável nos países em desenvolvimento.

A grande parte dos investimentos, algo em torno de 70% dos gastos entre 2026 e 2030, seria alocada para a eletrificação dos automóveis, eficiência energética e na implantação de usinas de energias renováveis. Grande parte desse montante também seria utilizada para permitir acesso, até 2030, para mais de 785 milhões de pessoas que infelizmente vivem sem eletricidade em pleno século XXI.   

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É necessário aumentar em aproximadamente 40% os investimentos globais em instalações de usinas fotovoltaicas e eólicas até o final da década, 20% em combustíveis com baixo teor de CO2 e cerca de 25% em armazenamento de energia por baterias, para alcançarmos zero emissões líquidas em todo o globo até meados desse século.

Faith Briol, diretora executiva da IEA, considera que: “O problema não é falta de recursos financeiros, mas sim uma péssima alocação deles. Os governos precisam direcionar os recursos para financiar a transição energética da nova era.”

Como o Brasil pode contribui para a necessária transição energética do século XXI?

Em 2020, o Brasil instalou 3,15 GW da fonte solar fotovoltaica, incluindo 2,53 GW em sistemas de geração distribuída e 617,6 MW em geração centralizada, tal feito nos colocou entre os dez países que mais instalaram sistemas de energia solar no mundo.

Os investimentos de 2020 no setor solar trouxeram para o Brasil aproximadamente R$ 15,9 bilhões em novos investimentos e mais de 99 mil novos empregos, gerando assim, um valor acumulado de R$ 42,1 bilhões e 236 mil empregos entre 2012 e dezembro de 2020.

Todavia, na terra da jabuticaba nem tudo é uma grande festa. A despeito dos investimentos e empregos gerados e acumulados pelo setor solar entre 2012 e 2020, também vivemos um grande paradoxo no segmento.

Atualmente, enfrentamos um grande lobby contrário patrocinado pelas concessionárias de energia elétrica que trabalham em convencer a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a taxar a energia solar em mais 50%. O setor solar vem batalhando nos últimos tempos para entrar em votação no congresso o PL 5829/2019, que prevê a criação de um marco legal para a geração própria de energia no Brasil.

A regulamentação prevê mais segurança jurídica para um crescimento sustentável do País, garantindo também reduzir a conta de luz dos brasileiros, na medida que a energia solar ajuda a evitar o acionamento das caras e poluentes termoelétricas, que por sua vez geram as bandeiras vermelhas nas contas de energia.

Embora forças contrarias tentam sombrear o sol que nos ilumina, o setor solar está cada vez mais atento e unido.

No início de junho, ocorreu em Brasília mais uma investida dos profissionais e das associações que representam o setor fotovoltaico como um todo. A nossa batalha é a de melhor informar os nossos congressistas, a suma importância da geração própria de energia oriunda da fonte solar fotovoltaica, visando a segurança energética do Brasil, os benefícios que ela traz para o meio ambiente, assim como benefícios sociais e econômicos.

Alysson Camilo é Head de Vendas e Operações da SAJ no Brasil. É formado em Administração de Empresas, pós-graduado em Gestão Estratégica de Negócios pela Universidade Mackenzie e com especialização na Austrália entre 2000 e 2002.