Projeto de lei sobre captura e armazenamento de CO2 tramita no Senado

Texto, que estabelece um marco regulatório para a atividade, foi aprovado na Comissão de Infraestrutura e aguarda votação na Comissão de Meio Ambiente

PROJETO-DE-LEI-SOBRE-CAPTURA-E-ARMAZENAMENTO-DE-CARBONO-TRAMITA-NO-SENADO
Shutterstock

O Projeto de Lei (PL) 1.425/2022, que estabelece um marco regulatório para as atividades de captura e armazenamento de carbono (CCS), já foi aprovado na Comissão de Infraestrutura do Senado Federal em junho, e em breve deverá ser votado na Comissão de Meio Ambiente antes de seguir para a Câmara dos deputados.

O texto contou com um total de nove emendas em relação ao texto original, que tiveram como objetivo esclarecer e aprimorar pontos do projeto. Entre as principais mudanças estão a inclusão do parágrafo 5º no artigo 1º, que diferencia CCUS (injeção de CO2 para fins de extração de petróleo), já praticada no Brasil, e faz parte das atividades regulares de desenvolvimento de poços de petróleo e gás.

Já no parágrafo que trata sobre os Termos de Outorga Qualificada foram acrescentados mais dois parágrafos para sistematizar critérios de seleção do outorgante na hipótese de haver mais de um interessado sobre o mesmo.

Leia mais: Brasil pode capturar até 200 milhões de toneladas de CO2 por ano

A advogada e cofundadora da CCS Brasil, Isabela Morbach, explica, em mais detalhes, os impactos dos dois novos parágrafos: “Foram definidos de forma mais clara os critérios de prioridade como a capacidade de descarbonização das atividades, exequibilidade das atividades de captura, transporte, armazenamento e capacidade de implantação de projeto, o que evitaria uma disputa predatória de áreas e evitaria atrasos no desenvolvimento de projetos de CCS”.

Um ponto significativo foi a alteração do texto dos artigos 21 e 22, que têm como objetivo estabelecer regras para o transporte futuro de CO2 via dutos, com vistas a garantir que a infraestrutura seja acessada por diversos agentes. Segundo Isabela, as alterações visaram sanar dúvidas sobre a possibilidade de um mesmo agente realizar simultaneamente as atividades de captura, transporte e armazenamento de CO2:

“O novo texto estabelece regras mais claras, a necessidade de definição de um código de uso, semelhante ao modelo praticado no transporte de gás natural, assim como a clareza que poderá haver cobrança pelo uso dos dutos, desde que esta cobrança não seja realizada de modo abusivo, ferindo o equilíbrio concorrencial. Portanto, não há vedação sobre a possibilidade de um mesmo agente realizar as três atividades”.

Por fim, nas disposições transitórias houve uma alteração para incluir a descarbonização do setor de energia como possível objeto de pesquisa e desenvolvimento, o que torna mais clara a interpretação da possibilidade de aplicação do 1% de royalties de petróleo em projetos de CCS.

De acordo com Isabela, todas as alterações são importantes para esclarecer pontos que ainda causavam dúvidas sobre o marco regulatório. “Esse projeto é importante para definir conceitos fundamentais para CCS e que não são abrangidos pela legislação atual."

"Isso inclui armazenamento geológico e fonte estacionária de emissões, estabelecer requisitos e condições claras para outorga de exploração dos reservatórios geológicos para fins de injeção de CO2, delimitar a responsabilidade de longo prazo sobre o CO2 injetado e oferecer diretrizes básicas para o transporte. Com esses parâmetros haverá segurança jurídica para que investimentos aconteçam e para que os projetos de CCS possam ser colocados em prática”, finaliza.

Siga o Portal Solar nas redes sociais:

Twitter: https://twitter.com/PortalSolar_Br

LinkedIn: https://www.linkedin.com/company/portal-solar/

Instagram: https://www.instagram.com/portal_solar/

A marca lider em energia solar

Calculadora Solar

Economize até 35% na sua conta de luz

simulação

resumo

Digite sua concessionária
Avatar de Emily Moura

Emily Moura

Jornalista formada pela PUC-SP. Possui experiência nas áreas de jornalismo financeiro, econômico, tecnológico e de entretenimento.

Artigos que podem te interessar

A MURALHA REGULATÓRIA QUE PROTEGE O SOL: COMO A ABNT E O CONFAZ BLINDAM O SETOR FOTOVOLTAICO CONTRA O CASUALISMO FISCAL
Política

A Muralha Regulatória que Protege o Sol: Como a ABNT e o CONFAZ Blindam o Setor Fotovoltaico contra o Casualismo Fiscal

O Brasil vive um paradoxo solar. Enquanto o país celebra recordes de instalação de energia fotovoltaica, impulsionado por uma matriz energética que se orgulha de sua crescente sustentabilidade, uma sombra de instabilidade jurídica

08/12/20253 min de leitura

PLP 182/2025: A TEMPESTADE TRIBUTÁRIA QUE PODE AFOGAR A ENERGIA SOLAR BRASILEIRA
Política

PLP 182/2025: A tempestade tributária que pode afogar a energia solar brasileira

O governo federal está revivendo uma proposta que há 20 anos causou uma das maiores revoltas do setor produtivo brasileiro. O PLP 182/2025 traz de volta o espírito da famigerada MP 232 de 2004, conhecida como "tsunami tributário".

28/11/202510 min de leitura

A LEI 15.269 E O GOSTO AMARGO DA INSEGURANÇA JURÍDICA
Política

A Lei 15.269 e o gosto amargo da insegurança jurídica

A sanção da Lei nº 15.269/2025, originada da Medida Provisória 1.304, deveria ser um momento de celebração para o setor elétrico brasileiro. E, em muitos aspectos, ela representa um avanço inegável.

26/11/20254 min de leitura

REFORMA-DO-SETOR-ELETRICO-E-SANCIONADA-E-CONVERTIDA-NA-LEI-15.269-2025
Política

Reforma do setor elétrico é sancionada e convertida na Lei 15.269/2025

Texto final da MP 1.304 incluiu abertura do mercado livre e regulamentação do armazenamento de energia; ressarcimento por cortes de geração foi vetado

25/11/20256 min de leitura

ACORDO-FINAL-DA-COP30-OMITE-MENCAO-A-COMBUSTIVEIS-FOSSEIS
Política

Acordo final da COP30 omite menção a combustíveis fósseis

Conferência teve como principal resultado compromisso de mobilizar US$ 1,3 trilhão por ano para ações climáticas

24/11/20252 min de leitura

SEGURANÇA JURÍDICA NA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA: A ANÁLISE DA MOTIVAÇÃO NO DESMEMBRAMENTO DE USINAS
Política

Segurança jurídica na geração distribuída: a análise da motivação no desmembramento de usinas

Decisões subjetivas das distribuidoras sobre divisão de usinas criam insegurança jurídica e prejudicam investimentos em energia.

18/11/20257 min de leitura

VETOS-A-MP-1.304-PODEM-COMPROMETER-INVESTIMENTOS-EM-RENOVAVEIS-NO-BRASIL
Política

Vetos à MP 1.304 podem comprometer investimentos em renováveis no Brasil

Absolar alerta que retirar a possibilidade de compensação às usinas afetadas por cortes de geração reduzirá atratividade de grandes projetos no país

17/11/20253 min de leitura

MP-1.304-ENTENDA-COMO-SERA-A-ABERTURA-DO-MERCADO-LIVRE-DE-ENERGIA
Política

MP 1.304: entenda como será a abertura do mercado livre de energia

Aprovada pelo Congresso, reforma do setor elétrico permitirá adesão de todos os consumidores do país ao Ambiente de Contratação Livre (ACL)

12/11/20252 min de leitura