Plano Safra 2024/25 traz incentivos à energia renovável no campo
Financiamento de sistemas de energia solar para produtores rurais será disponibilizado por meio do RenovAgro


O Plano Safra 2024/2025 incentivará iniciativas de adaptação às mudanças climáticas e baixa emissão de carbono na agropecuária por meio do Programa para Financiamento a Sistemas de Produção Agropecuária Sustentáveis (RenovAgro). Conforme o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), será possível financiar a instalação sistemas de geração de energia renovável.
Estão previstos mais de R$ 7 bilhões ao RenovAgro, que ainda estimula práticas sustentáveis como a recuperação de áreas e de pastagens degradadas, a implantação e a ampliação de sistemas de integração lavoura-pecuária-florestas, a adoção de práticas conservacionistas de uso e o manejo e proteção dos recursos naturais.
Também podem ser financiadas a implantações de agricultura orgânica, recomposição de áreas de preservação permanente ou de reserva legal, a produção de bioinsumos e de biofertilizantes e outras práticas que envolvem produção sustentável e culminam em baixa emissão de gases causadores do efeito estufa.
Além do RenovAgro, outros programas do Plano Safra financiam práticas sustentáveis de produção, como o Inovagro, o Proirriga, o Moderfrota e o Moderagro que também têm em sua concepção o incentivo à produção agropecuária de baixa emissão de carbono.
Energia solar rural
Na avaliação da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), a nova edição do Plano Safra traz importantes atualizações em suas linhas para a sustentabilidade na produção agropecuária, à medida em que amplia os recursos e opções de financiamento para produtores rurais que buscam investir em energia solar.
“Com a atualização, há linhas de crédito para geração própria de energia solar disponíveis para produtores rurais de todos os portes e em todas as regiões do Brasil”, disse o presidente do conselho de administração da Absolar, Ronaldo Koloszuk.
Ele destacou que a fonte fotovoltaica é estratégica ao agronegócio, pois traz inúmeros benefícios e ganhos de competitividade aos produtores rurais. “A sinergia entre o agro e a solar fotovoltaica é imensa, com diversas aplicações na produção rural.”
“A tecnologia é extremamente versátil e pode ser utilizada, por exemplo, no bombeamento e na irrigação de água, na refrigeração de carnes, leite e outros produtos, na regulação de temperatura para a produção de aves, na iluminação, em cercas elétricas, em sistemas de telecomunicação, no monitoramento da propriedade rural, entre muitas outras funcionalidades”, explicou Koloszuk.
Para o CEO da Absolar, Rodrigo Sauaia, a tecnologia fotovoltaica reduz os custos com eletricidade, aumenta a segurança elétrica, protege o consumidor contra os aumentos das tarifas de eletricidade e aumenta a oferta de energia elétrica na propriedade rural.
“Desta forma, torna a produção no campo mais limpa e sustentável e agrega valor à marca do produtor rural. Tudo isso se reflete na oferta de um alimento mais barato na mesa dos brasileiros”, comentou Sauaia.
R$ 500 bilhões em recursos
Lançado pelo Governo Federal no início de julho, o Plano Safra 2024/2025 prevê R$ 400,59 bilhões para o financiamento rural, um aumento de 10% em relação à safra anterior. Desse total, R$ 293,29 bilhões (+8%) será para custeio e comercialização e R$ 107,3 bilhões (+16,5%) para investimentos.
Ainda, os produtores rurais podem contar com mais R$ 108 bilhões em recursos de Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), para emissões de Cédulas do Produto Rural (CPR), que serão complementares aos incentivos do novo Plano Safra, totalizando R$ 508,59 bilhões.
Já em relação aos recursos por beneficiário, R$ 189,09 bilhões serão com taxas controladas, direcionados para o Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) e demais produtores e cooperativas, e os outros R$ 211,5 bilhões destinados a taxas livres.
As taxas de juros para custeio e comercialização são de 8% ao ano para os produtores enquadrados no Pronamp. Já para investimentos, as taxas de juros variam entre 7% ao ano e 12%, de acordo com cada programa.

Ricardo Casarin
Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.
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