Brasil prepara mapeamento para atrair indústria de energia solar
Estudo desenvolvido pela Apex e Absolar identificará setores da cadeia produtiva fotovoltaica onde podem ser desenvolvidas iniciativas de produção de conteúdo local


O Governo Federal está realizando um mapeamento na cadeia produtiva do setor de energia solar para atrair fabricantes de equipamentos fotovoltaicos e baterias para o Brasil. A iniciativa integra o Nova Indústria Brasil, programa lançado nesse ano com o objetivo de estimular setores da economia, e será executada pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).
“Nós queremos atuar em conjunto com a Absolar [Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica] para identificar os gaps na cadeia produtiva para que nós possamos trazer ao Brasil a fabricação de equipamentos para essa indústria”, declarou o diretor de investimentos da ApexBrasil, Carlos Padilha.
A fala foi feita em entrevista coletiva na última quinta-feira (11/07), em São Paulo (SP), durante um evento promovido pela Absolar e a Associação da Indústria Fotovoltaica da China (China Photovoltaic Industry Association – CPIA) para o fortalecimento das relações bilaterais entre os setores de energia solar entre os dois países.
Padilha destacou que o Brasil já um dos principais mercados de energia solar do mundo e que o desenvolvimento de projetos de geração solar é um dos eixos contempladas pelo Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o que abre oportunidades para a fabricação de conteúdo local.
“O Brasil é um mercado em crescimento não apenas na energia solar fotovoltaica, mas também no armazenamento de energia e no hidrogênio verde. Nós detectamos que há um grande potencial de cooperação entre Brasil e China para o adensamento de cadeias produtivas”, disse o diretor da Apex, ressaltando que também existem iniciativas com empresas da Europa e dos Estados Unidos.
Ele apontou que, atualmente, praticamente todos os equipamentos desse mercado são importados, “O Brasil é o segundo principal comprador de módulos fotovoltaicos do mundo. Ele também é produtor de matérias-primas essenciais para essa indústria. Então por que não avançar para além do comercial?”
Indústria de base
Durante o evento, o country manager da Trina Solar no Brasil, Daniel Pansarella, alertou que a fabricação de painéis solares no país só será possível quando houver produção local dos insumos necessários. “Antes de falar de indústria de painéis, é preciso ter vidro, silício e células. Isso ainda não existe. Gostaríamos de participar desse desenvolvimento, mas ainda não é viável.”
Padilha abordou o mesmo ponto e afirmou que existe a orientação do governo federal de apoiar o setor de minerais críticos para transição energética e na transformação dessa matéria-prima nos insumos da indústria de energia solar.
O diretor também indicou que não basta apenas atrair empresas estrangeiras, mas que também é preciso formar mão-de-obra qualificada. “Para produzir módulos e inversores, o Brasil também precisa investir na formação de profissionais que consigam trabalhar nessa indústria.”
Comércio Brasil e China
Realizado na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), a conferência, promovida pela Absolar e a CPIA, contou com a representantes das entidades, dos governos brasileiro e chinês e do setor privado. Foram debatidas as perspectivas de desenvolvimento de novos negócios nos dois países, bem como de atração de mais investimentos no Brasil e intercâmbio tecnológico.
Para o CEO da Absolar, Rodrigo Sauaia, o encontro é mais um importante passo para aproximar os setores, os mercados e os empreendedores brasileiros e chineses, uma vez que Brasil e China são considerados dois dos principais ecossistemas da fonte solar fotovoltaica do mundo.
“A colaboração entre Absolar e CPIA é eixo cada vez mais central para o intercâmbio de informações e experiências, o compartilhamento de boas práticas e políticas de sucesso, bem como a construção de pontes entre os setores solares do Brasil e da China”, disse Sauaia.
Para o presidente do Conselho de Administração da Absolar, Ronaldo Koloszuk, o grande propósito desta relação bilateral é proporcionar um ambiente cada vez mais favorável ao desenvolvimento de novos negócios, dentro de um espaço de mais sinergias em prol do crescimento da energia solar em seus mercados.
“A China é referência mundial no desenvolvimento da tecnologia solar fotovoltaica e a fonte solar possui um potencial imenso de geração de emprego verde e renda, atração de investimentos e proteção do meio ambiente”, conclui.

Ricardo Casarin
Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.
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