A guerra das células solares nos países asiáticos

Governo indiano lançou um programa de incentivos para os fabricantes locais de módulos solares de quase US$ 600 milhões

FAZENDA SOLAR EM KAMUTHI, TAMIL NADU
Divulgação

Já vimos esse filme no ano passado quando o ex-presidente americano Donald Trump travou uma “guerra” comercial protecionista com a China. Na ocasião, falava-se em taxar os módulos solares chineses que entravam em solo norte-americano com custos inferiores aos que eram produzidos nas terras do Tio Sam. Seguindo o mesmo caminho, órgãos governamentais indianos iniciaram uma investigação antidumping sobre as importações de células solares oriundas da China, Tailândia e Vietnã, após reclamação formal protocolada pela Associação de Fabricantes de Produtos Solares da Índia.

O anúncio foi feito pela Diretoria Geral de Recursos Comerciais Indiana (DGTR, na sigla em inglês) que afirmou que uma investigação foi iniciada para determinar a existência, grau e potencial efeito do processo de dumping comercial. Havendo a confirmação, o órgão indiano recomendará uma taxação nas células solares oriundas desses países para ressarcir a indústria local.

A investigação vai considerar importações que adentraram na Índia entre julho de 2019 a dezembro de 2020. O órgão comercial alega que a importações de células solares dos vizinhos asiáticos caracteriza processo dumping, portanto, as autorizadas indianas deveriam agir para proteger os fabricantes locais através de um processo contrário.

A DGTR informa que há claras evidências de que o valor normal das células solares na China, Tailândia e Vietnã é superior aos preços líquidos de exportação, indicando que esses produtos estão sendo exportados a preços de dumping, de modo a justificar o início da investigação.

De acordo com o Ministério de Energia Limpa e Renovável da Índia, o país tem capacidade de fabricação anual de aproximadamente 10 GW de módulos fotovoltaicos, e cerca de 2,5 GW de células solares. Isso significa que a implantação de projetos de energia solar no país depende significativamente de produtos importados, levando em consideração que o gigante indiano pretende implantar cerca de 25 GW de energia solar por ano, visando assim atingir a meta de 280 GW em 2030.

A Índia está seriamente empenhada em estabelecer uma indústria forte para diminuir a sua dependência atual dos produtos de energia solar fotovoltaica vindos da China. O governo indiano lançou um programa de incentivos para os fabricantes locais de módulos solares de quase US$ 600 milhões.     

Não satisfeitos com os incentivos do governo Indiano, os fabricantes locais também conseguiram que o governo estabelecesse maiores tarifas de importação nos inversores. No início deste ano, as taxas de importações dos inversores solares subiram de 5% para 20%, somando-se, assim, aos já existentes 14,5% de imposto de importação dos módulos e células solares.

Como o Brasil poderia aproveitar o exemplo da Índia?

Somos um país riquíssimo em recursos naturais e um grande exportador de muitas comodities que hoje são utilizadas na indústria em geral e também na fotovoltaica. O Brasil é um grande exportador de silício grau metalúrgico usado em aplicações industriais, cuja a pureza é acima de 99% e que pode ser purificado para chegar ao grau solar (pureza > 99,99) - o qual é utilizado como material semicondutor nas células fotovoltaicas comerciais, por exemplo.

O programa de incentivos indiano para fortalecer a indústria fotovoltaica local deveria ser um exemplo a ser seguido pelo Brasil. É verdade que não podemos comparar a capacidade tecnológica brasileira com a que Índia e China possuem atualmente, mas é igualmente verdade que não podemos mais nos manter tão atrasados nessas áreas.

O abismo tecnológico que nos encontramos em várias áreas da indústria e da tecnologia de ponta deveria nos incentivar a iniciar uma arrancada nesses setores. Infelizmente, são vários os gargalos que nos impedem enquanto nação de sair desse atoleiro do submundo do atraso.

Alysson Camilo é Head de Vendas e Operações da SAJ no Brasil. É formado em Administração de Empresas, pós-graduado em Gestão Estratégica de Negócios pela Universidade Mackenzie e com especialização na Austrália entre 2000 e 2002.

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Alysson Camilo

Alysson Camilo é Head de Vendas e Operações da SAJ no Brasil. É formado em Administração de Empresas, pós-graduado em Gestão Estratégica de Negócios pela Universidade Mackenzie e com especialização na Austrália entre 2000 e 2002.

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