Será que algum dia o mar vira sertão?

A melhor forma de evitar crises hídricas para as gerações futuras é focar na sensibilização da sociedade

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Foto: Pixabay

Nos últimos 91 anos, o Brasil ainda não tinha testemunhado uma crise hídrica tão forte como essa de 2021, na qual diversos municípios estão em racionamento de água. Por conta da falta de chuva, os reservatórios das usinas hidrelétricas – sobretudo das regiões Sudeste e Centro Oeste – estão com capacidades reduzidas.

Impactos que já podem ser sentidos em diversos setores da sociedade, sendo os de energia elétrica, saneamento e agronegócio os mais afetados. Sem contar o PIB.

Em novembro, a capacidade de geração de energia no país poderá chegar ao limite, devido às baixas nos reservatórios das hidrelétricas. Diante desse cenário preocupante, a oferta de água e alimentos para a população é reduzida, o comércio e serviços que precisam de água também são prejudicados.

E em termos de energia, não há dúvidas das desvantagens de uma crise hídrica, visto que a principal matriz energética do Brasil são as hidrelétricas. Se os reservatórios ficam em níveis baixos, as usinas baixam as produções.

E o pior, as termelétricas, que são movidas a carvão, têm de ser acionadas, o que é um grande revés para o meio ambiente e para o bolso do consumidor.

A ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) e o Ministério de Minas e Energia implementaram a bandeira tarifária “escassez hídrica”, que elevou a tarifa de energia elétrica para R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos – a sugestão inicial dos especialistas da Aneel era de R$ 24. Conforme previsão, os brasileiros deverão sentir esse peso na conta de luz pelo menos até abril de 2022.

E esse custo – encarecido pela energia elétrica oriunda das termelétricas ou pela importação de países vizinhos – cria um efeito cascata na economia, com quase todos os preços aumentando, como se pode ver atualmente.

Para combater a crise hídrica, existem algumas metodologias com prós e contras, como a dessalinização da água do mar, a transposição de rios e o uso de águas subterrâneas.

Porém, a melhor forma de evitar isso para as gerações futuras seja no Brasil ou globalmente é, sem dúvida, focar na sensibilização da sociedade. A proteção dos corpos d’águas/nascentes contra a poluição é uma das formas mais baratas de garantir água para a população.

Apesar de alguns negacionistas do chamado aquecimento global, as mudanças climáticas, provocadas por ações humanas como desmatamento e poluição, podem gerar um quadro alarmante. Segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), a expectativa é de que a falta de água afetará aproximadamente 5 bilhões de pessoas no mundo até o ano de 2050.

As más notícias não terminam por aí, milhões de litros de água são necessários para a produção de semicondutores e este volume inexistente contribui ainda mais para o desabastecimento do mercado automotivo e, logo, outros mercados sentirão em sua própria pele a escassez dos chips.

Reduzir o consumo de água e energia elétrica pode ser uma medida paliativa para contribuir com o fim dessa crise. Mas, além de promover um consumo consciente, é preciso combater o mal pela raiz: quebrar o círculo vicioso da emissão de gases efeito estufa e tudo mais que suga os mananciais.

Mas se a corda está próxima de arrebentar para o setor elétrico, desgastada pela crise de abastecimento de água, é preciso pensar de forma inteligente a curto, médio e longo prazo. Uma alternativa conceituada seria apostar em outras fontes de energias renováveis como a solar, eólica e biomassa que nos deixassem menos dependentes da água.

Os fundos de investimentos voltados para energias renováveis já começaram a despontar no mercado com a atual crise hídrica, ou melhor, crise elétrica.

Afinal, são duas crises que andam de mãos dadas, pelo menos por enquanto.

**Marisa Zampolli é CEO da MM Soluções Integradas e especialista em gestão de ativos no setor elétrico.

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Marisa Zampolli

Marisa Zampolli é engenheira elétrica, CEO da MM Soluções Integradas e integrante da ABNT. É especialista em Gestão de Projetos, Gestão de Ativos, Energia Sustentável, Energia Renovável e Planejamento do Sistema Elétrico, além de consultora da International Copper Association na América Latina (ICA). Já foi coordenadora do programa de eletromobilidade do Procobre e consultora no programa de aplicação de sistemas de aquecimento solar para comunidades de baixa renda.

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