Fornecendo custos de energia previsíveis em tempos imprevisíveis
Há múltiplos benefícios para as empresas que compram sua energia através de PPAs


De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a economia brasileira começou a se recuperar em uma ampla gama de setores. As políticas econômicas de apoio do governo ajudaram a limitar os danos causados pela pandemia e o crescimento do PIB está agora previsto para atingir 2,6% em 2021, tendo superado as expectativas do mercado ao atingir 3,2% no quarto trimestre de 2020.
Embora esta seja uma boa notícia, o crescimento ainda segue um recorde de contração econômica em 2020 e espera-se que as pressões financeiras causadas pela pandemia da Covid-19 levem à falência de muitas empresas em todo o Brasil. Em 2016, quando a economia diminuiu em 3,5%, cerca de 1.800 empresas recorreram aos tribunais para obter recuperações supervisionadas - o último recurso antes de declarar falência.
Diante deste cenário de extrema dificuldade por parte das empresas em obter uma receita favorável, economizar e gerir despesas de forma cuidadosa é a chave para a sobrevivência de qualquer negócio. Para muitas empresas, a compra de energia normalmente está entre seus três principais custos, juntamente com salários e despesas de escritório.
Além da inflação, existem outras pressões que afetam o custo da energia no Brasil. Em primeiro lugar, a demanda de energia está aumentando. Internamente, os consumidores estão comprando mais aparelhos elétricos do que nunca, e o uso de ar-condicionado tem aumentado drasticamente. As vendas de aparelhos de ar-condicionado triplicaram entre 2005 e 2017, enquanto o consumo de eletricidade aumentou 237% no mesmo período.
Embora a demanda de energia esteja aumentando, há problemas crescentes relacionados ao fornecimento. As usinas hidrelétricas, que têm fornecido energia limpa aos consumidores por muitos anos, estão sofrendo devido aos baixos níveis de pluviosidade. Muitas das usinas hidrelétricas mais antigas também carecem de investimentos que viabilizem as melhorias e modernizações necessárias.
Alguns problemas se devem à desconexão de determinadas regiões do Brasil com a malha elétrica nacional. O estado do Amapá, por exemplo, não está ligado à malha nacional, e historicamente tem importado sua energia da Venezuela. O colapso do sistema de energia na Venezuela, portanto, significa que o Amapá está agora sujeito a apagões de energia regulares.
Essas questões se somam ao aumento da volatilidade dos preços nos mercados de energia, o que aumenta a incerteza para as empresas, que lutam para administrar suas despesas.
Apoiando a transição energética
Com enormes extensões de terra no Piauí e altos níveis de insolação no nordeste do País, a geografia do Brasil é tão adequada à energia solar fotovoltaica quanto à hidroelétrica. Além disso, a conectividade de rede já está instalada nesta região para acomodar o crescimento dos parques solares. Com a abundância de sol e a queda dos níveis dos rios, muitos veem a energia solar fotovoltaica como o sucessor natural da hidroeletricidade.
As empresas buscam contratos de energia a longo prazo, de preço fixo, que possam economizar dinheiro, bem como permitir um orçamento mais preciso para as despesas. Para recuperar o controle de seu fornecimento de energia, algumas empresas até investiram na compra de sua própria usina solar para produção de eletricidade, para que possam evitar a aquisição de energia das concessionárias a preços de mercado. Entretanto, a maioria das empresas não pode se dar ao luxo de desenvolver suas próprias usinas de energia solar. Para elas, os PPAs (Power Purchase Agreements) - ou contratos de aquisição de energia - podem fornecer a energia limpa, acessível e a preços previsíveis de que tanto necessitam.
Como funcionam os PPAs
Os PPAs são contratos de aquisição de energia que garantem a produção e preços fixos, sem variação nas tarifas. Um cliente de energia concorda em comprar uma quantidade de energia do desenvolvedor, que é gerada por um ativo renovável. Tipicamente, os contratos são por um período de 10 a 20 anos.
O empreendedor financia a fábrica e aloca a produção de energia a unidades consumidoras de energia acordadas pelo cliente. O cliente - também conhecido como o off-taker, por sua vez, garante a compra da energia durante o período acordado.
Há múltiplos benefícios para as empresas que compram sua energia através de PPAs.
Durante a vigência do acordo, a energia adquirida através de um PPA é normalmente mais barata do que a compra no mercado atacadista. Graças à queda do custo dos módulos solares, os CAE solares podem fornecer uma das fontes mais baratas de eletricidade. Atualmente, as empresas têm direito a descontos fiscais para produzir sua própria energia e descontos adicionais para usar energia renovável como parte de seu fornecimento. O que os off-takers também valorizam nos PPAs é a previsão de custos futuros de energia porque as tarifas são fixas.
Além dos benefícios econômicos, a mudança para a energia renovável é cada vez mais importante para as empresas que estabeleceram metas de descarbonização.
A equipe financeira do off-taker deve saber que não há investimento de capital necessário em nome da empresa; o balanço vai melhorar à medida que os custos operacionais diminuem sem aumento da dívida. Não deve haver flutuação dos custos de energia e, uma vez assinados, os PPAs não estão sujeitos a mudanças na política governamental.
Os cortes regulares de energia são um lembrete constante de que o cenário energético do Brasil é um problema iminente. A compra de energia solar através de um PPA devolve às empresas sua segurança de fornecimento.
Para operadores de parques solares, a inscrição de empresas que utilizam PPAs antes do início de um projeto garante que haja um compromisso de compra da energia produzida, o que permite a obtenção de financiamento para desenvolver o projeto.
Os PPAs (Power Purchase Agreements) - ou contratos de aquisição de energia - têm se tornado cada vez mais populares como forma de incentivar o investimento em projetos de energia renovável, proporcionando segurança de receita para projetos na ausência de subsídios governamentais.
Como resultado de seus significativos benefícios, as empresas estão cada vez mais aderindo a esse tipo de contrato como forma de garantir custos de energia previsíveis durante tempos cada vez mais voláteis.
Jamie Macdonald-Murray é presidente da Lisarb Energy. Passou 10 anos trabalhando no Brasil, onde desenvolveu um profundo conhecimento da cultura de negócios e todos os aspectos do ambiente operacional. Agora no Reino Unido, seus interesses em sustentabilidade e energias renováveis são a base para suas iniciativas de negócios, que incluem a Lisarb Energy e a Talo Homes – uma empresa que desenvolve moradias ecológicas construídas em fábricas no sudoeste da Inglaterra. O executivo mantém fortes conexões com comunidades de Finanças Verdes por meio das operações da Lisarb em Londres, e visita o Brasil regularmente.

Jamie MacDonald-Murray
Jamie Macdonald-Murray é presidente da Lisarb Energy. Passou 10 anos trabalhando no Brasil, onde desenvolveu um profundo conhecimento da cultura de negócios e todos os aspectos do ambiente operacional. Agora no Reino Unido, seus interesses em sustentabilidade e energias renováveis são a base para suas iniciativas de negócios, que incluem a Lisarb Energy e a Talo Homes – uma empresa que desenvolve moradias ecológicas construídas em fábricas no sudoeste da Inglaterra. O executivo mantém fortes conexões com comunidades de Finanças Verdes por meio das operações da Lisarb em Londres, e visita o Brasil regularmente.
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