Intelbras: impacto regulatório acelera consolidação do setor solar
Companhia avalia que atual momento do mercado de geração distribuída acirra a concorrência e é favorável para empresas mais bem estruturadas que atuam no Brasil


Os impactos regulatórios da Lei 14.300 devem acelerar a consolidação do mercado brasileiro de energia solar. Essa é a avaliação da Intelbras, empresa de tecnologia que atua na fabricação e distribuição de equipamentos fotovoltaicos. Após um final de 2022 marcado por um forte movimento de antecipação às mudanças regras de compensação de energia, o setor vivenciou um início de ano de desaceleração.
“Nós esperávamos uma redução de ritmo no mercado de energia solar no primeiro trimestre, mas foi bem maior que o imaginado. Todo o movimento do final do ano passado fez com que muitos antecipassem as vendas e, passada a euforia, a loja ficou vazia nesse ano”, declarou o CEO da Intelbras, Altair Silvestri, nesta quarta-feira (03/05), durante teleconferência de resultados do primeiro trimestre.
A companhia apresentou uma receita menor que o previsto na unidade de negócios de energia. O desempenho foi relativo tanto a operação orgânica da Intelbras quanto da Renovigi, empresa controlada de energia solar, adquirida em fevereiro de 2022.
Conforme o balanço, com a adição da receita reportada devido a aquisição, o segmento de energia obteve um crescimento de 34,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Desconsiderando o crescimento inorgânico, a área teria apresentado uma queda de receita anual de 8,2%.
Silvestri aponta que todo o mercado está se adaptando ao novo momento, que será favorável para empresas mais bem estruturadas e profissionais. “O mercado não sustenta todos os players e haverá uma consolidação. Todos os dias vemos fornecedores desistindo, o setor ficou mais difícil e competitivo. Haverá uma seleção mais rápida. O que eu esperava que fosse demorar três anos, vai ocorrer em seis meses.”
A Intelbras indica que os resultados do mês de março foram melhores que os de fevereiro e as expectativas para o segundo trimestre são positivas, mais ainda inferiores ao quarto trimestre de 2022. “As coisas estão melhorando, mas nossa preocupação não é com o próximo mês, é com os próximos anos. Buscamos ganhar participação e estamos confiantes na recuperação desse mercado”, assinalou o executivo.
Nova realidade
O diretor superintendente de energia na Intelbras, Marcio Ferreira, aponta que o atual momento da energia solar oferece uma oportunidade de ganho de market share, por meio da entrega de produtos de qualidade e serviço diferenciado. “O mercado vai passar por uma limpa. Muitos importadores estão passando por dificuldades e não conseguem fazer caixa e nem prestar um bom pós-venda.”
Sancionada no início de 2022, a Lei 14.300 estabeleceu o Marco Legal da Geração Distribuída, modalidade que permite que consumidores produzam a própria eletricidade por meio de sistemas fotovoltaicos e compensem créditos de energia junto às distribuidoras, obtendo economia na conta de luz.
Conforme essa legislação, equipamentos conectados após 7 de janeiro passam a compensar um percentual inferior dos créditos. Esse cenário promoveu a percepção de que a energia solar deixaria de ser vantajosa e que a geração fotovoltaica seria taxada, causando uma corrida por instalações no final do ano passado. O cenário refletiu em uma queda nas vendas no primeiro trimestre de 2023.
“O argumento da taxação causou maior impacto em residências e pequenos comércios, onde a maior parte do nosso negócio está direcionado. Esse consumidor precisará entender que a economia com a conta de luz ainda é muita alta, chegando a 90%, e o payback da energia solar ainda é excelente. No pior dos casos, foi impactado em seis meses”, disse Ferreira.
Resultado financeiro
A Intelbras reportou lucro líquido de R$ 132, 1 milhões no primeiro trimestre, crescimento de 34% sobre o igual período de 2022. O lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitida, na sigla em inglês) foi de R$ 143,9 milhões, avanço de 37,1% na mesma base de comparação.
No primeiro trimestre de 2023, a empresa também entrou para o mercado de eletromobilidade urbana, com o lançamento do portfólio de carregadores para veículos elétricos, com intenção de aproveitar as oportunidades de negócios e expansão do setor.

Ricardo Casarin
Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.
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