Brasil terá bandeira tarifária vermelha patamar 2 em setembro

É a primeira vez desde agosto de 2021 que maior nível de acréscimo na conta de luz é acionado no país

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A bandeira tarifária para o mês de setembro será vermelha patamar 2, sinalizando maiores custos para a geração de energia elétrica, com um acréscimo de R$ 7,877 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos, informou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na sexta-feira (30/08).

É a primeira vez desde agosto de 2021 que o patamar mais alto do sistema de bandeiras tarifárias é acionado no país. Uma sequência de bandeiras verdes foi iniciada em abril de 2022 e interrompida apenas em julho de 2024 com bandeira amarela, seguida de bandeira verde em agosto.

Conforme a agência reguladora, a bandeira foi acionada em razão da previsão de chuvas abaixo da média em setembro, resultando em expectativa de afluência nos reservatórios das hidrelétricas do país (em cerca de 50% abaixo da média).

Esse cenário de escassez de chuvas, somado ao mês com temperaturas superiores à média histórica em todo o país, faz com que as termelétricas, com energia mais cara que hidrelétricas, passem a operar mais.

Reservatórios

Também na última sexta-feira (30/08), o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgou estimativa para a situação dos reservatórios de hidrelétricas do Brasil para o mês de setembro. As perspectivas para a Energia Armazenada (EAR) em 30 de setembro são de que dois subsistemas estejam com patamares superiores a 50%: o Norte (74,9%) e o Nordeste (51,4%).

Os percentuais do mesmo indicador estimados para o Sul e para o Sudeste/Centro-Oeste são de 49,3% e 48%, respectivamente. Conforme o ONS, os níveis dos reservatórios estão dentro do esperado para o período tipicamente seco.

Para setembro, o comportamento da Energia Natural Afluente (ENA) em todo o país mantém a tendência de estar abaixo da Média de Longo Termo (MLT), sendo que nenhum subsistema deve ultrapassar 50% da MLT.

A ENA se refere a quantidade de água que chega ao reservatório de uma usina hidrelétrica e que pode ser transformada em energia. O maior percentual deve ser registrado no Sudeste/Centro-Oeste (50% da MLT). Nas demais regiões, as estimativas são as seguintes: Norte, 47% da MLT; Nordeste, 44% da MLT; e Sul, 42% da MLT.

O operador destacou que a afluência abaixo da média vem sendo um ponto de atenção desde dezembro de 2023. Porém, ressaltou que o Sistema Interligado Nacional (SIN) dispõe de recursos suficientes para atender as demandas de carga e potência da sociedade.

Sistema de bandeiras

A bandeira tarifária é o sistema que sinaliza ao consumidor os custos reais da geração de energia. Criado em 2013 pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), visa dar maior transparência ao repasse desses custos na tarifa de energia. O sistema entrou em vigor em 2015.

As bandeiras tarifárias são utilizadas conforme a situação dos reservatórios das usinas hidrelétricas, principal fonte de eletricidade do Brasil. Quando o nível da água está dentro da normalidade, não há custos extras.

Em momentos em que períodos prolongados de seca afetam a operação das hidrelétricas, é necessário acionar usinas termelétricas para garantir o fornecimento de energia ao País. Como essa geração de eletricidade é mais cara, por fazer uso de combustíveis fósseis, os custos são repassados ao consumidor.

Além disso, o sistema de bandeira tarifária funciona como um incentivo financeiro para a população economizar energia, ajudando a preservar os reservatórios das hidrelétricas e a reduzir o acionamento das termelétricas.

O sistema da bandeira tarifária é composto por quatro patamares, representados por cores: verde, amarela, vermelha 1 e vermelha 2:

  • Bandeira tarifária verde: não traz custo adicional para o consumidor
  • Bandeira tarifária amarela: acrescenta R$ 1,885 a cada 100 kWh consumidos.
  • Bandeira tarifária vermelha 1: acrescenta R$ 4,463 a cada 100 kWh consumidos
  • Bandeira tarifária vermelha 2: acrescenta R$ 7,877 a cada 100 kWh consumidos
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Ricardo Casarin

Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.

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