Parte 1: O Paradoxo Solar Brasileiro

2026: O Ano da Bateria no Brasil e a Corrida Bilionária pela Energia do Futuro

PARTE 1: O PARADOXO SOLAR BRASILEIRO
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A Encruzilhada Estratégica

O Brasil está diante de um momento histórico que poucos percebem em sua verdadeira dimensão. Não se trata apenas de mais uma mudança regulatória ou de mais um incentivo fiscal. O que está acontecendo agora, com a aprovação da Lei 15.269/2025 e a iminência do primeiro leilão de baterias em 2026, é nada menos que a redefinição do papel do Brasil na transição energética global.

Nos últimos 13 anos, desde que comecei a trabalhar no setor de energia solar, testemunhei transformações extraordinárias. Vimos o Brasil passar de um país que importava 100% de seus módulos solares para uma nação que gera mais de 10 GW de energia solar anualmente. Consolidamos a segunda maior matriz renovável do mundo. Criamos 1,7 milhão de empregos. Investimos mais de R$ 250 bilhões.

Mas agora enfrentamos um desafio que não pode ser resolvido apenas com mais painéis solares. Esse desafio tem nome: armazenamento de energia em baterias (BESS).

Como Presidente do Conselho Fiscal da Absolar e Public Affairs Director da Trina Solar, tenho a responsabilidade de analisar não apenas o que está acontecendo, mas o que deveria estar acontecendo. E a verdade é que o Brasil tem uma janela de oportunidade que não pode desperdiçar.


A Maldição do Sucesso

O crescimento exponencial da energia solar no Brasil criou um problema que ninguém esperava: excesso de geração descoordenada. Quando milhões de pequenos sistemas solares (geração distribuída) injetam energia na rede simultaneamente, durante o pico solar (entre 11h e 15h), o sistema elétrico enfrenta uma situação paradoxal: tem muita energia, mas não consegue usá-la de forma eficiente.

O resultado é o curtailment – o desligamento forçado de usinas renováveis para manter a estabilidade da rede. Em 2024, registramos recordes de curtailment, com perdas que chegaram a bilhões de reais. Energia que foi gerada, que custou investimento, que não emitiu carbono, simplesmente foi desperdiçada.

Isso não é um problema técnico menor. É um sintoma de que o sistema elétrico brasileiro, concebido para um fluxo unidirecional de energia (das grandes usinas para os consumidores), não está preparado para a realidade do século XXI: uma rede descentralizada, intermitente e bidirecional.

A Segunda Maldição: A Taxação

Como se não bastasse o curtailment, o governo federal, reconhecendo que a geração distribuída estava criando desequilíbrios na receita das distribuidoras, implementou a "taxação do sol" através da Lei nº 14.300/2022. Essa lei estabeleceu uma transição para cobrar pelo uso da rede elétrica – uma medida necessária, mas que gerou incerteza e desaceleração nos investimentos.

Hoje, o setor aguarda a valoração final dos custos e benefícios pela ANEEL. Até lá, muitos projetos estão paralisados. A capacidade adicionada em 2025 (10,6 GW) representou uma queda de 24% em relação a 2024. Se essa tendência continuar, 2026 será o segundo ano consecutivo de retração.

A Solução: Armazenamento Estratégico

Mas existe uma solução que pode resolver ambos os problemas simultaneamente: armazenamento de energia em baterias.

Quando você integra BESS com geração solar, a equação muda completamente:

  1. Energia solar gerada durante o dia é armazenada em baterias;
  2. À noite ou em períodos de baixa geração, a bateria libera essa energia;
  3. O curtailment diminui porque a energia é armazenada, não desperdiçada;
  4. A rede fica mais estável porque há um fluxo mais previsível de energia;
  5. Os consumidores pagam menos porque a energia é usada de forma mais eficiente.

Isso não é teoria. Empresas como Trina Solar, que também opera Trina Storage, já implementam essas soluções em escala global. Na China, na Europa, nos EUA, a integração solar + BESS é a norma. No Brasil, ainda é exceção.




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Daniel Pansarella

Executivo com vasta experiência no setor de energia solar, especializado em Tributação, logística, cadeia produtiva de equipamentos e desenvolvimento de negócios para equipamentos solares nos mercados brasileiro e latino-americano. Atualmente, atua como Public Affairs & Business Developer Latam na Trina Solar, uma das principais fabricantes de módulos fotovoltaicos, Trackers e Storage do mundo, e como Presidente do Conselho Fiscal da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica) e Conselheiro de empresas como Brasol (Siemens e Black Rock), Greener e Pacto Energia.

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