Produção de hidrogênio verde está na mira de seis países

O hidrogênio verde, que pode ser produzido a partir de energias renováveis, como solar e eólica, é a esperança para a produção do 'combustível do futuro', reduzindo os impactos das mudanças climáticas. O insumo tem três vezes mais energia do que a gasolina e é tido como uma fonte de energia limpa, uma vez que só libera água (H2O), na forma de vapor, e não produz dióxido de carbono (CO2).

A produção desse hidrogênio envolve alguns desafios, como segurança no armazenamento e transporte, devido ser altamente inflamável, e a necessidade de uma grande quantidade de elementos para sua existência. No entanto, sua produção a partir de energias renováveis, por meio de um processo chamado eletrólise, trouxe potencial para que se torne o combustível do futuro.

Seis países lideram megaprojetos de hidrogênio verde no mundo, em sua maioria em fase de planejamento. Juntos, representariam uma grande expansão do mercado deste insumo, ampliando a capacidade atual de cerca de 80 GW para mais de 140 GW.

A Austrália lidera os planos de produção do novo combustível com propostas para a construção de cinco projetos em seu território. Um deles é o Asian Renewable Energy Hub, em Pilbara, na Austrália Ocidental, onde está prevista a construção de uma série de eletrolisadores com capacidade total de 14 GW. A previsão é de que o projeto de US$ 36 bilhões esteja pronto até 2027.

Os outros quatro projetos — dois na Austrália Ocidental e dois em Queensland, no leste — ainda estão na fase de planejamento inicial, mas acrescentariam outros 13,1 GW se aprovados.

Na Holanda, a petrolífera anglo-holandesa Shell lidera junto a outros desenvolvedores o projeto NortH2 no Porto do Ems, no norte do país, que prevê a construção de pelo menos 10 GW de eletrolisadores. A meta é ter 1GW até 2027 e 4GW até 2030, utilizando a energia eólica offshore. A iniciativa pretende utilizar o hidrogênio gerado para abastecer a indústria pesada tanto na Holanda quanto na Alemanha.

Por sua vez, na Alemanha, o maior é o AquaVentus, na pequena ilha de Heligoland, no Mar do Norte. O plano é construir ali 10 GW de capacidade até 2035, por meio de um consórcio de 27 empresas, instituições de pesquisa e organizações, para promover o projeto, que usará vento como fonte de energia.

Em Rostock está sendo construído um segundo projeto, na costa norte da Alemanha, onde um consórcio liderado pela empresa de energia local RWE pretende construir mais 1 GW de energia verde.

A China, porém, é o principal produtor mundial de hidrogênio a partir de fontes poluentes. Mas o país pretende reverter essa situação e entrar no mercado de H2 renovável. O primeiro projeto no mercado de hidrogênio verde é a construção de um megaprojeto na Mongólia Interior (região autônoma da China), no norte do país.

O projeto é liderado pela concessionária estatal Beijing Jingneng, que investirá US$ 3 bilhões para gerar 5 GW a partir de energia eólica e solar. A previsão é que o projeto fique pronto ainda neste ano.

Dona das maiores reservas de petróleo, a Arábia Saudita também planeja entrar no mercado de hidrogênio verde, com o projeto Helios Green Fuels. Ele será baseado na "cidade inteligente" futurística de Neom, às margens do Mar Vermelho, na província de Tabuk, no noroeste do país. A previsão é de que o projeto de US$ 5 milhões instale 4 GW de eletrolisadores até 2025.

Por último, o Chile é único país da América do Sul que planeja aproveitar seus recursos naturais para produzir hidrogênio verde. Reconhecido pelos seus projetos de energia solar, o país apresentou uma "Estratégia Nacional de Hidrogênio Verde" em novembro de 2020.