O impacto do carro elétrico ao meio ambiente
Pesquisa mostra que veículos movidos a bateria são a melhor opção para descarbonizar setor do transporte; redução de emissões é mais intensa com uso de energia renovável


Veículos elétricos movidos a bateria (BEVs) são a melhor opção para reduzir as emissões no setor do transporte, aponta estudo da Rystad Energy. Embora a fabricação desse tipo de automóvel produza emissões e a eletricidade utilizada na recarga tenha origem fóssil em muitos países, o impacto ambiental ao longo do ciclo de vida é inegavelmente superior em relação aos carros tradicionais.
A análise mostra que os carros elétricos emitem no máximo metade do dióxido de carbono de veículos a combustão movidos a diesel ou gasolina, independente do país onde circulam. Conforme fontes renováveis substituem a geração fóssil, as emissões relacionadas a operação de BEVs podem cair 86%.
A pesquisa da Rystad levou em conta todas as etapas do ciclo de vida dos veículos, incluindo a fabricação, montagem, manutenção, reabastecimento e produção de baterias. Usando como exemplo a matriz elétrica prevista para a China nos próximos 20 anos, os elétricos totalizam 39 toneladas de CO2 contra quase 85 toneladas de um carro a combustão.
De acordo com cálculos da consultoria, os cinco milhões de veículos a bateria vendidos na China em 2022 resultaram em uma redução de 230 milhões de toneladas de CO2 ao longo do ciclo de vida, quase 14% do total das emissões de carros de passageiros.
Matriz elétrica
Enquanto 90% das emissões dos veículos tradicionais referem-se à extração, refino e queima de combustíveis fósseis, as emissões dos elétricos estão diretamente relacionadas a geração e consumo de eletricidade.
Dessa forma, a matriz elétrica de um país é determinante para a intensidade da redução das emissões por meio da eletrificação da frota. Enquanto carros a combustão se tornam maiores emissores conforme envelhecem, os BEVs emitem menos ao longo dos anos, especialmente se a geração de energia local se torna mais renovável.
Elétrico x Etanol
Um estudo do grupo automotivo Stellantis mostrou que os veículos elétricos abastecidos com energia brasileira geram menos emissões do que carros movidos a etanol. A companhia realizou testes com um automóvel alimentado por quatro fontes distintas de combustível, a fim de mensurar o total de gás carbônico (CO2) produzido em cada situação.
Foi simulado, na mesma situação de rodagem, o uso de etanol, de gasolina tipo C (E27), motor 100% elétrico (BEV) abastecido na matriz energética brasileira e 100% elétrico (BEV) abastecido na matriz energética europeia.
Na comparação, foram utilizadas metodologia e tecnologia de conectividade desenvolvidas pela Bosch, que consideram não apenas a emissão de CO2 associada à propulsão, mas as emissões correspondentes a todo o ciclo de geração e consumo da energia utilizada.
Quando considerado o saldo total de emissões de todo o ciclo energético, o veículo movido a etanol apresentou vantagem em comparação com um veículo elétrico a bateria abastecida com energia gerada na Europa, consideradas as características da matriz energética do continente.
Quando comparado à gasolina, o etanol se destaca ainda mais. O saldo final mostra que, na comparação entre os dois combustíveis, o uso do etanol evitou a emissão equivalente de 34,85 kg de CO2 no trajeto. O etanol reduz mais de 60% a pegada de carbono.
Porém, graças ao perfil renovável da matriz elétrica brasileira, o resultado mais sustentável foi obtido pelo carro elétrico abastecido com energia do País. A Stellantis avalia que essa é uma vantagem comparativa do Brasil, que pode ser usada para promover uma mobilidade mais limpa.
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Ricardo Casarin
Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.
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