Pesquisadores desenvolvem primeiro querosene produzido com energia solar
Reator que produz combustível limpo pode ser alternativa ao setor da aviação para reduzir emissões de CO2


A zona industrial de Móstoles, perto de Madri, na Espanha, usa o primeiro reator do mundo a produzir querosene por meio de energia solar. O projeto, chamado Sun-to-liquid, foi desenvolvido por pesquisadores espanhóis, alemães, suíços, holandeses e eslovênos, com financiamento de recursos da União Europeia para a produção de combustível limpo.
Segundo declarações na imprensa local, o engenheiro químico Manuel Romero, diretor da usina, disse que, para a produção tradicional de bioquerosene, usado em aviões, florestas são desmatadas e ainda há a explosão no preço dos alimentos devido à grande demanda por certas plantas.
Para o processo Sun-to-liquid, são necessários apenas luz solar, água e dióxido de carbono (CO2). Caso o CO2 utilizado seja extraído previamente do ar, os poluentes produzidos pela queima do combustível podem posteriormente ser compensados, tornando-se, assim, neutro em carbono.
Por enquanto ainda não é possível movimentar aviões e navios usando energia elétrica por serem muito pesados. As baterias necessárias seriam enormes e pesadas. Dessa maneira, o querosene neutro em carbono é uma alternativa até mesmo para pesquisadores do Japão e da Croácia, que já foram conhecer a inovadora usina na Espanha.
O reator foi construído numa torre de 20 metros de altura. A luz do sol é direcionada ao reator por mais de 160 espelhos. A câmara do reator é aquecida a uma temperatura de cerca de 1500 °C. Com a ajuda de um catalisador, é produzido então um gás sintético a partir de água e do CO2 extraído do ar.
Embora seja mais sustentável que o bioquerosene, esse processo, assim como o Sun-to-liquid, ainda não é comercialmente rentável. Segundo o diretor alemão do projeto em Móstoles, Christoph Falter, do centro de pesquisa Bauhaus Luftfahrt e.V., o custo de produção do querosene sintético é cerca de dois euros por litro. Isso é quatro vezes mais do que o preço de venda de querosene tradicional, que custa 50 centavos de euros. “A diferença é que sobre seu preço não é cobrado imposto, como no combustível para carros”, acrescentou.
Estimativas de especialistas da Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO, na sigla em inglês) apontam que a demanda de querosene até o ano de 2050 aumente seis vezes, chegando a 860 milhões de toneladas por ano. Ao mesmo tempo, cresce a pressão política no comportamento de consumo geral como medida para tentar conter o aquecimento global.
A expectativa da equipe do projeto é que essa diferença de preço seja compensada em breve por meio de um imposto, um certificado de comércio ou por uma cota para combustível alternativo. “Os custos externos da degradação ambiental dos combustíveis convencionais não estão sendo levados em conta, sendo um bom motivo para a introdução de tais medidas”, disse Falter.
Para Romero, o alto custo da tecnologia de retirada de dióxido de carbono do ar deve ficar mais acessível nos próximos anos, contribuindo para a queda do preço por litro do querosene sintético.

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