Regulação é essencial para impulsionar produção de hidrogênio verde no Brasil

Especialistas do setor de energia solar avaliaram os principais desafios para os avanços do H2V no país

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Para que a produção de hidrogênio verde (H2V) seja impulsionada no Brasil é necessário que haja avanço na regulamentação, conforme avaliou o sócio da prática de energia e infraestrutura e líder da prática de petróleo e gás do Lefosse Advogados, Felipe Boechem.

Para o especialista, o governo deveria desenvolver e implementar políticas públicas de incentivo ao H2V, oferecendo subsídios, estabelecendo metas de consumo, promovendo a conscientização pública sobre os benefícios das energias renováveis e acrescentando políticas públicas para a redução de preços.

Com isso, o avanço do Marco Legal do Hidrogênio - Plano nacional do hidrogênio (PNH2) - torna-se um passo importante, uma vez que valorizará o tributo renovável e, consequentemente, o hidrogênio renovável.

De acordo com um estudo da empresa de pesquisas sobre finanças energéticas BloombergNEF (BNEF), até 2030, o Brasil pode produzir o hidrogênio verde mais barato do mundo, sob o valor de US$1,45 por quilo.

Para a coordenadora do grupo de trabalho de hidrogênio verde da Absolar e e head de serviços de consultoria e sócia da Cela, Marília Rabassa, isso pode acontecer porque o país tem energia renovável em abundância e de extrema competitividade.

A gerente executiva da Associação Brasileira do Biogás (ABiogás), Tamar Roitman, avaliou que é essencial que se olhe o que os outros países estão fazendo para também estar nessa agenda sustentável.

A consequência disso será a falta de competitividade da indústria brasileira que pode levar à perda de investimentos e empregos para outros países, à medida que as empresas buscam locais com custos mais baixos de produção ou ambientes mais favoráveis aos negócios.

De acordo com o Portal do Hidrogênio Verde, os países que estão à frente dos maiores projetos de produção de hidrogênio verde no mundo são a Espanha, Austrália, Alemanha, Holanda, China, Arábia Saudita e Chile.

Para Marília, o objetivo é a incentivar a indústria de H2V a fazer essa migração, uma vez que a transição obrigatória pode exigir investimentos significativos em infraestrutura e tecnologia, o que pode ser financeiramente desafiador para algumas empresas.

Para reverter o cenário, Tamar destacou que é necessário repensar o processo de industrialização do Brasil de forma a tornar a indústria nacional mais competitiva em relação aos seus concorrentes internacionais. Isso envolve não apenas a modernização e atualização das práticas industriais, mas também a criação de um ambiente regulatório e econômico favorável ao crescimento e desenvolvimento do setor industrial.

“Enquanto não tiver uma política pública direcionadora com linhas de investimentos, com linhas de financiamento, com direcionamento, incentivos, nós vamos ficar sempre muito aquém do potencial”, apontou Tamar.

Além da falta de regulação, o vice-coordenador do grupo de trabalho de hidrogênio verde da Absolar e managing partner da Watt Capital, Eduardo Tobias, ressaltou que outro desafio da migração do hidrogênio verde no país é o preço.

“Um dos principais desafios é que o hidrogênio verde ainda é muito mais caro comparado ao hidrogênio de fonte fóssil e aqui nós temos um ciclo vicioso de que precisamos de escala para que fique barato. Com isso, o papel da política pública é muito importante”, reforçou.

Hidrogênio verde x hidrogênio cinza

Há uma grande diferença entre o hidrogênio verde e o hidrogênio cinza no método de produção e no impacto ambiental associado a cada um.

Marília explicou que o hidrogênio cinza, que é usado atualmente, é produzido a partir de gás natural, por isso tem emissões em seu processo, diferente do hidrogênio verde, que é produzido apenas por água e energia elétrica renovável.  

Com isso, a substância pode ser um vetor de descarbonização para alguns setores da indústria, como de transporte, aço e fertilizantes, bem como para combustível de aviação sustentável, que tem poucas alternativas de descarbonização, fazendo com que o hidrogênio verde entre para potencial solução para esses mercados.

Além disso, o analista técnico sênior da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), André Themoteo, pontuou que outra demanda obrigatória poderia acontecer nas refinarias de petróleo, uma vez que são uma das maiores do país, e para o funcionamento, atualmente, são utilizados hidrogênio cinza.

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Vanessa Loiola

Jornalista formada pela PUC-SP com experiência em mídia digital. Já cobriu as editorias de economia, finanças, bolsa de valores, política e entretenimento.

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