Hidrogênio verde movimentará R$ 1 trilhão no Brasil nos próximos 15 anos
País se posiciona como um possível player global na produção do combustível; cenário demandará grandes investimentos em energia solar


O hidrogênio verde deverá movimentar R$ 1 trilhão no Brasil nos próximos quinze anos, estima o presidente do conselho de administração da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Ronaldo Koloszuk. A maior parte desse montante deverá ser direcionado para o setor de energia, incluindo usinas de geração e linhas de transmissão, além de outras infraestruturas de transporte e armazenagem.
“Os impactos do hidrogênio verde para o setor de energia serão brutais. É uma oportunidade imensa para a energia solar e outras fontes renováveis. Estamos falando de um mercado que vai transformar o Brasil”, disse Koloszuk ao Portal Solar.
O hidrogênio pode ser utilizado como um combustível livre de emissões de CO2, permitindo a descarbonização de diversos setores, como a indústria e o transporte. Porém, seu processo de produção exige uma enorme quantidade de energia elétrica.
Com a redução dos custos da geração renovável, como a solar fotovoltaica, eólica e biomassa, tornou-se viável a obtenção do insumo via um processo também não emissor, resultando no hidrogênio considerado verde.
Graças a farta oferta de recursos de geração de energia renovável, área disponível e água, o Brasil se posiciona como um dos potenciais players globais para a produção e exportação de hidrogênio verde.
Leia mais: Brasil reúne condições para produção de hidrogênio verde mais barata do mundo
Nesse contexto, a energia solar deverá ter papel fundamental na criação dessa nova indústria. “As grandes plantas de hidrogênio vão precisar de uma quantidade enorme de energia. A eletricidade corresponde a cerca de 70% do custo de produção”, detalhou Kolozusk.
“Certamente os empreendedores que foram produzir hidrogênio verde no Brasil vão procurar gerar energia solar ao lado da fábrica, para que haja consumo simultâneo no processo de produção. Isso vai exigir o desenvolvimento de usinas fotovoltaicas gigantescas”, apontou o dirigente.
O presidente do conselho de administração da Absolar destacou que para atender a demanda extra de energia para a produção de hidrogênio verde no Brasil, serão necessários acrescentar 200 GW de capacidade instalada nos próximos quinze anos, mais do que o total da matriz elétrica do país atualmente.
Esse cenário criará uma maior demanda global por equipamentos de geração de energia renovável, como painéis solares e turbinas eólicas. Koloszuk assinala que a expansão da fabricação desses produtos implicará na redução de custos. “Tudo isso vai tornar-se mais barato também para consumidores residenciais na geração distribuída.”
Horizonte de transformação
Além da produção do hidrogênio verde em si, o combustível e seus derivados, como amônia, metanol e querosene sintético, também poderão viabilizar a criação de uma indústria de produtos verdes no país.
“O mundo olha para o enorme potencial do Brasil como exportador de produtos de valor agregado, como um alimento produzido com fertilizante verde, um aço ou um cimento fabricado com hidrogênio verde”, disse Koloszuk. Com isso, existe ainda perspectiva da criação de empregos qualificados que serão necessários para o desenvolvimento dessa economia verde.
Esse potencial já se converte em iniciativas. Desde 2021, diversos memorandos de entendimento para a produção de hidrogênio verde foram assinados no Brasil, incluindo iniciativas no Ceará, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte. No ano passado, a Unigel anunciou o investimento de US$ 120 milhões em uma fábrica de hidrogênio verde na Bahia.
“O hidrogênio verde já é uma realidade para o Brasil. Existem grupos que assinaram memorandos, vários deles já estão comprando terenos e captando recursos para a construção de fábricas. É um processo que já está em andamento e será percebido pela população um pouco mais a frente, da mesma forma que ocorreu com a energia solar”, prevê o representante da Absolar.
Desafios e gargalos
Koloszuk acredita que os gargalos para o desenvolvimento do mercado de hidrogênio verde são os mesmos obstáculos já conhecidos por outros setores, como a carga tributária e a falta de incentivos. “É preciso incentivar o hidrogênio nos primeiros anos, para que ele possa caminhar sozinho no futuro. Esse subsídio precisa ser encarado como um investimento no país.”
Outro ponto importante será o estabelecimento de um marco legal para o segmento. “Já existe uma lei em discussão no Congresso. Isso preciso ser acelerado e, pelo que ouvimos dos parlamentares, poderá ser votado ainda esse ano. É necessário destravar essa questão.”

Ricardo Casarin
Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.
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