Avanço da energia solar tornará hidrogênio verde competitivo no Brasil
O país está entre os cinco do mundo com maior potencial de produzir o combustível sustentável de maneira economicamente atrativa


O Brasil se destaca de maneira competitiva na geração de energia solar, em relação aos outros países, e isso deve impulsionar o hidrogênio verde (H2V), conforme avaliação da vice-presidente de investimentos e hidrogênio verde da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Camila Ramos.
Isso acontece em razão da abundância de radiação solar devido a localização geográfica privilegiada do país, que garante altos níveis de insolação ao longo do ano, sobretudo no Nordeste.
“Sem dúvida, o grande motor disso é a abundância e disponibilidade de energia eólica e solar competitiva para realizar a eletrólise e produzir hidrogênio verde”, afirmou a executiva em entrevista ao Portal Solar.
De acordo com um estudo da empresa de pesquisas sobre finanças energéticas, BloombergNEF (BNEF), até 2030, o Brasil pode produzir o hidrogênio verde mais barato do mundo, no valor de US$1,45 por quilo.
Camila também cita um estudo que, de acordo com a BNEF, apenas cinco países no mundo – incluindo o Brasil - têm o potencial de produzir hidrogênio verde competitivo com o hidrogênio cinza até 2030 devido à sua disponibilidade de energia renovável competitiva.
Nesse sentido, a produção do hidrogênio verde torna-se importante mundialmente, uma vez que possibilita a descarbonização de diversos setores de difícil descarbonização, como é o caso do aço, indústria química, veículos pesados, aéreos e marítimos, entre outros.
Outro setor relevante para a descarbonização é o de fertilizantes. “No Brasil, importamos cerca de 90% do nosso fertilizante. Ele é produzido a partir de fontes fósseis e fabricado fora do país, especialmente em países como a Rússia. Esse seria o primeiro uso relevante para o Brasil”, comentou a representante da Absolar.
Além disso, a executiva ressaltou que a possibilidade para o Brasil descarbonizar sua indústria é também por meio da produção e exportação de aço verde. Outro ponto positivo é a exportação de amônia verde para os mercados que não têm a capacidade de produzir hidrogênio verde de forma competitiva.
Leia mais: Hidrogênio verde movimentará R$ 1 trilhão no Brasil nos próximos 15 anos
Hidrogênio verde para veículos no Brasil
Para os veículos elétricos leves, o hidrogênio verde é muito utilizado no mundo. No entanto, Camila avaliou que, no Brasil, a utilização de biocombustíveis, como o etanol, que também é uma fonte renovável, é mais eficiente para o país.
“No Brasil, seguimos a rota dos veículos elétricos e híbridos, que tende a se concretizar. Ainda temos os veículos a etanol, sustentados por um setor de biocombustíveis muito competitivo. Então, eu acredito que o hidrogênio verde como combustível para veículos no Brasil não deve ser um dos mais óbvios”, avaliou a especialista.
Para ela, em termos de emissões, tanto o hidrogênio verde quanto o etanol são opções muito boas. No entanto, o etanol, os veículos elétricos e os híbridos fazem mais sentido para o Brasil, uma vez que a produção de hidrogênio verde envolve a eletrólise para gerar o hidrogênio, que depois é utilizado como combustível.
De acordo com um estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, publicado na revista acadêmica International Journal of Hydrogen Energy, o hidrogênio verde ainda não é economicamente viável para o setor elétrico brasileiro.
Isso se dá em razão do custo elevado de produção, associado à necessidade de sistemas dedicados de eletrólise e à infraestrutura limitada de abastecimento, o que torna o hidrogênio verde menos competitivo em comparação com o etanol e com os veículos elétricos a bateria.
Apesar disso, para o hidrogênio verde se tornar uma realidade viável e competitiva no país, é necessário investimentos em infraestrutura, inovação tecnológica e políticas governamentais favoráveis para superar os desafios atuais e contribuir para a descarbonização da economia e com a sustentabilidade ambiental.

Vanessa Loiola
Jornalista formada pela PUC-SP com experiência em mídia digital. Já cobriu as editorias de economia, finanças, bolsa de valores, política e entretenimento.
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