Pandemia desacelera progresso rumo ao acesso universal à energia no mundo
Pesquisa indica que, no atual ritmo, 670 milhões de pessoas seguirão sem eletricidade em 2030; fontes renováveis foram as únicas a apresentar crescimento nos últimos anos


A pandemia de Covid-19 desacelerou o progresso rumo ao acesso universal à energia no mundo, aponta estudo elaborado em conjunto pela Organização das Nações Unidas (ONU), Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), Agência Internacional de Energia Renovável (Irena), Banco Mundial e Organização Mundial da Saúde (OMS).
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Conforme o relatório, impactos como medidas restritivas, interrupções na cadeia global de suprimentos e redirecionamento de recursos fiscais atrasaram o avanço no objetivo de desenvolvimento sustentável 7 da ONU de garantir energia sustentável para todos até 2030.
Os dados mostram que 733 milhões de pessoas ainda não tem acesso à energia elétrica e 2,4 bilhões dependem de combustíveis perigosos para a saúde e para o meio ambiente para cozinhar. No atual ritmo, uma população de 670 milhões seguirá sem eletricidade em 2030, 10 milhões a mais do que o projetado no ano passado.
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A parcela da população mundial com acesso à eletricidade subiu de 83% em 2010 para 91% em 2020, resultando em 1,3 bilhão de pessoas. Porém, o ritmo do progresso diminuiu nos últimos anos, em razão da complexidade de atingir populações mais pobres e isoladas e os impactos sem precedentes da pandemia.
Os avanços foram obstruídos especialmente nos países mais vulneráveis e onde já existe atraso no cumprimento da meta. Quase 90 milhões de pessoas na África e Ásia que haviam conseguido acesso à energia não podem mais pagar por esse serviço básico.
Nos últimos meses, os impactos da pandemia ainda foram agravados pela guerra na Ucrânia, que trouxe incertezas ao mercado global de óleo e gás e impulsionou os preços de energia.
É estimado que atingir as metas até 2030 requer aumentar o número de novas conexões para 100 milhões por ano. No ritmo atual, o mundo alcançará 92% da eletrificação ao final da década.
Fontes renováveis mostram resiliência
O relatório indica que, apesar das contínuas interrupções na atividade econômica e nas cadeias de suprimento, as renováveis foram as únicas fontes de energia que cresceram durante a pandemia.
Porém, essa tendência global positiva passou a largo de muitos países carentes de eletricidade. Essa situação foi agravada por uma redução no financiamento internacional pelo segundo ano consecutivo.
A participação de renováveis no consumo de energia final total precisa superar 30% até o final da década para se manter no rumo da descarbonização até 2050. Em 2019, essa fatia era de 18%.
A IEA assinala que, para atingir esse objetivo, é preciso fortalecer medidas de suporte em todos os setores e implementar ferramentas efetivas para mobilizar capital privado, especialmente nos países menos desenvolvidos e com dificuldades logísticas.

Ricardo Casarin
Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.
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