IEA: Brasil é visto como protagonista no combate às mudanças climáticas

No mesmo evento, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, avaliou que o sucesso da transição energética dependerá do esforço público e privado

FAITH BIROL
O diretor executivo da IEA, Fatih Birol. Foto: Reprodução/Recharge News

O diretor executivo da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), Fatih Birol, declarou não ter dúvidas de que o Brasil terá protagonismo na luta contra as mudanças climáticas. A fala foi feita durante evento promovido online pela FGV Energia. O dirigente destacou o potencial de liderança do País no esforço global pela descarbonização.

“O Brasil está bem posicionado para ser parte da transição energética, possuindo uma baixa pegada de carbono na comparação com outros países. Espero que ele mostre sua liderança na marcha para um futuro de energia limpa na América Latina e em outras regiões do mundo. Não tenho dúvidas que o País estará na vanguarda na luta contra as mudanças climáticas”, afirmou Birol.

No mesmo evento, o ministro de Minas e Energia (MME), Bento Albuquerque, avaliou que o sucesso da transição energética dependerá do esforço público e privado. “Os governos devem se concentrar no aperfeiçoamento das políticas públicas. No Brasil, o planejamento energético tem ocorrido com cooperação internacional. Vamos continuar trabalhando para criar um ambiente favorável ao investimento.”

O ministro destacou que nos últimos dois anos, 26% do capital estrangeiro que entrou no país, cerca de US$ 40 bilhões, foi destinado ao setor de energia e mineração. “Entendemos que a retomada da economia mundial será favorável aos investimentos.”

"O Brasil está bem posicionado na transição energética, pelas características da matriz e pelo planejamento energético de longo prazo. Acreditamos que não há uma receita universal. O sucesso global depende de todas as fontes viáveis. O Brasil tem evitado estratégias rígidas que acabem por limitar o proveito da diversidade e potencial das fontes que dispomos”, acrescentou Albuquerque.

Triplicar investimentos

Birou também comentou sobre um estudo recentemente publicado pela IEA, que aponta que os investimentos em tecnologias de energia limpa precisam triplicar ao longo desta década para viabilizar as metas de descarbonização.

“Vários países se comprometeram com metas de descarbonização até 2050. Nosso estudo mostra o que precisa acontecer para esses planos serem concretizados. E o que estamos vendo é um aumento de emissões, está ocorrendo o contrário do necessário. Há um abismo entre discursos e ações”, assinalou o dirigente.

O estudo indica que, apesar das renováveis concentrarem a maioria dos novos investimentos, e as permissões para usinas de carvão estejam 80% menores do que há cinco anos, esse tipo de geração térmica não está superada, com até mesmo um pequeno aumento em aprovações para novas plantas em 2020, impulsionado pela China e outras economias asiáticas.

“Muita coisa precisa ser feita para cumprir as metas, mas temos dois grandes trabalhos: fazer a maior parte da tecnologia já existente chegar ao mercado nos próximos dez anos e, ao mesmo tempo, acelerar o desenvolvimento de tecnologias que ainda estão em estágio mais incipientes”, detalhou Birol, citando o hidrogênio verde como exemplo.

“Precisamos de todas as tecnologias de energia limpa. Não podemos nos dar ao luxo de descartar ou favorecer nenhuma delas. O objetivo final é reduzir emissões”, completou.

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Ricardo Casarin

Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.

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