Energias renováveis resistem melhor à pandemia do que a nuclear
Segundo Relatório Anual sobre a Indústria Nuclear Mundial da edição 2020, enquanto a produção de renováveis cresceu cerca de 3%, a nuclear caiu na mesma porcentagem em 2020


A produção de energia renovável provou ser mais resistente ao impacto da pandemia da covid-19 do que a energia nuclear em 2020. As informações são da edição 2020 do Relatório Anual sobre a Indústria Nuclear Mundial. Neste período, a produção de renováveis cresceu cerca de 3% e a sua participação relativa na produção mundial aumentou 1,5 pontos percentuais.
Segundo os autores, a energia solar foi a principal propulsora deste crescimento, com um salto na produção de energia e de novos projetos instalados em comparação com o ano anterior. Por outro lado, a produção nuclear, caiu cerca de 3% no período, em consequência da menor demanda e da redução de reatores operacionais em algumas áreas.
De acordo com o relatório, a queda na procura de energia e dos preços deve reduzir a necessidade de investimentos em nova capacidade, e, portanto, “novas centrais de energia que são construídas podem, em grande medida, dependerem de pacotes de estímulo governamental”.
“O impacto da pandemia pode levar a uma desaceleração do investimento no setor da energia em geral, com as energias renováveis menos afetadas e é possível que o programa de estímulo seja usado como um meio não apenas para criar empregos, mas para avançar com os objetivos de descarbonização”, diz o estudo
Ainda segundo o relatório, em 2019, a produção de eletricidade a partir de energias renováveis (excluindo a hidrelétrica) na matriz energética superou pela primeira vez a da energia nuclear (10,39% contra 10,35%).
Os autores lembram do leilão solar realizado em Portugal em que foram adjudicados 670 megawatts (MW) com o preço de 11,14 euros MW-hora (MW/h) na modalidade de preço fixo, considerado “um novo recorde do mundo” por ser o valor mais baixo registado neste setor.
Na ocasião, Mycle Schneider, coordenador do relatório, comentou que o setor de energia nos últimos 15 anos passou por uma revolução, sobretudo em termos da evolução da energia solar. “Durante muito tempo, pensou-se que o sucessor do carvão seria o gás natural, mas atualmente a nova tecnologia de energia solar é uma das mais competitivas em termos de custo”, completou.

Adriana Dorante
Jornalista formada pela Universidade Santa Cecília (Santos), com especialização em jornalismo econômico pela PUC/SP. Trabalhou como repórter de economia em grandes veículos de Comunicação, como DCI e jornais regionais em Campinas. Realizou trabalhos em comunicação institucional (publicações impressas e digitais) e assessoria de imprensa para entidades e empresas de diferentes segmentos em São Paulo. Atua na cobertura jornalística do setor elétrico há cerca de 5 anos.
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