COP26 começa com expectativa de planos concretos para metas climáticas
Financiamento para a transição energética em países vulneráveis estará no centro das discussões


A Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática de 2021 (COP26) foi iniciada nesta segunda-feira (1/11) em Glasgow (Escócia), com a expectativa de que líderes globais apresentem planos concretos para garantir que as metas climáticas firmadas no Acordo de Paris sejam alcançadas.
Cerca de 120 representantes de governos nacionais se encontram para duas semanas de negociações que envolvem setores chaves para a descarbonização, incluindo transição energética, mobilidade elétrica e redução do desmatamento.
O presidente da COP, Alok Sharma, declarou que a janela de tempo para garantir que a meta de limitar o aquecimento global em 1.5 °C até 2050 seja viável está fechando rapidamente. “Com política e compromisso, nós podemos conquistar um resultado aqui em Glasgow que o mundo poderá se orgulhar.”
O secretário-geral da ONU, António Guterres, anunciou a criação de um grupo de especialistas que irá propor padrões claros sobre como medir e analisar os compromissos sobre emissões zero.
Guterres apelou para que a COP represente um momento de solidariedade, pedindo que o compromisso de repassar US$ 100 bilhões por ano para os países em desenvolvimento combaterem a mudança climática seja tornado uma realidade.
Financiamento
O primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Boris Johnson, pediu que os líderes mundiais deem passos concretos na descontinuação do uso de carvão, aceleração na transição para veículos elétricos, e na parada completa do desflorestamento assim como no apoio com financiamento climático à países em desenvolvimento.
Esse último ponto é visto como uma prioridade na COP26, com discussões focando em como as nações vulneráveis poderão acessar os fundos necessários para a adaptação climática e impulsionar uma recuperação sustentável da pandemia.
A Grã-Bretanha destinará 1 bilhão de libras adicionais ao seu compromisso com o Financiamento Climático Internacional, chegando a £12,6 bilhões. Johnson anunciou um pacote de apoio ao desenvolvimento de infraestrutura e tecnologia verde em países em desenvolvimento.
O fundo inclui U$ 3 bilhões para que o Banco Mundial e o Banco do Desenvolvimento Africano financie projetos relacionados ao clima na Índia e na África. “Se não agirmos contra as mudanças climáticas hoje, será muito tarde para que nossos filhos o façam amanhã”, declarou Johnson.
Brasil
O governo brasileiro apresentou uma nova meta climática de redução das emissões em 50% até 2030. O compromisso foi feito durante o discurso do ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite.
O objetivo é mais ambicioso que anterior, que era de 43% de redução até o final da década. O País reforçou a meta de neutralidade de carbono até 2050.
O ministro não detalhou de que forma esse plano será cumprido e afirmou que o compromisso será formalizado durante a COP26.
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, será palestrante na próxima quinta-feira (4/11) em painéis dedicados à energia limpa e renovável, com destaque para os setores de bioenergia, eólica offshore, hidrogênio e nuclear.

Ricardo Casarin
Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.
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