Cidades avançam na adoção de energias renováveis e limitam combustíveis fósseis, mostra relatório da REN21

Brasil tem 13 cidades com políticas de incentivo a energia limpa; municípios com programas para energia fotovoltaica, como Palmas e Uberlândia, são destaque

CIDADES AVANÇAM NA ADOÇÃO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS E LIMITAM COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS, MOSTRA RELATÓRIO DA REN21
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Em todo o planeta, um bilhão de pessoas, o equivalente a 25% de toda a população urbana, vivem em cidades que assumiram metas e políticas de incentivo à adoção de energias renováveis. O número de municípios que impuseram restrições parciais ou totais aos combustíveis fósseis no transporte e aquecimento aumentou cinco vezes em 2020, chegando a 43. Os dados fazem parte da edição de 2021 do Relatório de Status Global de Energias Renováveis nas Cidades da REN21, principal balanço dos esforços de transição energética das cidades em todo o mundo. O estudo tem coautoria de 330 especialistas e é endossado por um comitê consultivo de 20 organizações.

No total, 1.327 cidades estabeleceram metas e políticas públicas para adoção de energias renováveis, sendo que 617 fixaram metas de serem abastecidas com 100% de fontes limpas e 796 tem compromissos para reduzir a zero as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050.

Três municípios aparecem no topo da lista de esforços em renováveis, com 100% de energia gerada pelas fontes fotovoltaica e eólica: Orebro, na Suécia, com 156 mil habitantes; Georgetown, no Texas, EUA, e Diu, na Índia, ambas com cerca de 50 mil habitantes.

Entre grandes metrópoles, os destaques são San Diego, na Califórnia, EUA, que tem 1,4 milhão de moradores, 35% de renováveis na matriz energética e a meta de ter 100% de renováveis até 2035. Londres e Madri são os destaques europeus: com 8,9 milhões de habitantes, a capital britânica tem 23% de energia renovável na matriz e a meta de atingir 1 GW de energia solar fotovoltaica até 2030, além de ser neutra em carbono até 2050. Madri, com 3,2 milhões de pessoas, já alcançou 41% de fontes limpas na matriz.

De acordo com a diretora executiva da REN21, Rana Adib, as cidades são fundamentais para planejar, desenvolver e construir um futuro renovável, em razão de seu impacto e escala. Mas esse potencial ainda está subutilizado. “É um trabalho difícil transformar ambições de baixo carbono em realidade em ambientes construídos e densamente compactados, por isso os governos locais devem colocar dinheiro, capacidade e, acima de tudo, poderes legislativos”, disse Rana na apresentação do estudo.

A região da América Latina e Caribe concentra a maior parte das cidades com metas de zerar as emissões líquidas (200 no total) e outras 12 associam esse compromisso ao aumento da participação de renováveis na matriz. Em razão disso, o investimento em capacidade de gerar energias renováveis aumentou 43% na América Latina em comparação a 2019, passando ao recorde de US$18,5 bilhões.

O Brasil é o país que lidera os investimentos, com US$ 6,5 bilhões (aumento de 74%), seguido de Chile, México e Argentina. As parcerias público-privadas, os PPAs (contratos de compra e venda de energia de longo prazo) e a injeção de capital de desenvolvimento são os mecanismos financeiros que impulsionam os investimentos em renováveis no continente.

No território brasileiro, 13 cidades têm metas ou políticas de energia limpa, do total de 1.327 avaliadas pelo estudo – apesar do número comparativamente baixo, o relatório destaca que isso abrange 51,6 milhões de pessoas, 28% da população urbana do país.

Entre os destaques estão Belo Horizonte, que estabeleceu compromisso de emissão zero em 2020, Cáceres (MT) e Itu (SP), que atingiram 100% de suas metas para energias renováveis em prédios e operações municipais; São Paulo, com mandatos para energia solar nos prédios municipais e eletrificação do transporte público, e Uberlândia (MG), que triplicou a geração distribuída de energia fotovoltaica entre 2019 e 2020. O município mineiro alcançou 53,5 MW de geração distribuída de energia solar e contribui para colocar o estado de Minas Gerais na liderança do país, totalizando 887,1 MW, de acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR).

O estudo da REN21 destaca ainda dois estudos de caso brasileiros: o de Recife, a única cidade do país a decretar emergência climática entre 1.852 municípios que o fizeram; e outro sobre Palmas – a capital do Tocantins é apontada por ter uma política consistente de incentivo à energia solar distribuída. O projeto Palmas Solar, estabelecido em 2015, oferece incentivos fiscais para a instalação de painéis fotovoltaicos que alcançaram R$ 415 milhões e possibilitaram a instalação de 3,8 MW de geração distribuída; além da instalação da tecnologia em escolas públicas e a construção de um parque solar com capacidade de 5 MW para abastecer todos os prédios públicos municipais com fotovoltaica.

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Andrea Vialli

Jornalista, especializou-se na cobertura de economia e sustentabilidade, temas que acompanha desde 2001. Formada em Comunicação Social/Jornalismo pela UNESP. Pós-graduada pela Fundação Dom Cabral em Gestão para a Sustentabilidade e com especialização em Economia Verde pelo Schumacher College, do Reino Unido. Trabalhou nos jornais Gazeta Mercantil, O Estado de S. Paulo e Folha de S.Paulo e atualmente colabora com grandes veículos. É uma das dez jornalistas brasileiras indicada na categoria Sustentabilidade para o Prêmio Comunique-se 2019. Também realiza trabalhos em comunicação institucional (publicações, relatórios de sustentabilidade e consultoria).

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