Modernização do setor elétrico viabilizará transição energética sem onerar consumidor

Estudo do Programa BID-CEBRI-EPE indica que, liderada pelas fontes solar e eólica, matriz elétrica brasileira deverá ser 90% renovável em 2050

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A modernização do setor elétrico do Brasil é essencial para viabilizar a transição energética sem onerar o consumidor, alerta estudo elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI).

O relatório do Programa BID-CEBRI-EPE de Transição Energética aponta que a modernização é necessária para suportar as mudanças na forma de operar o sistema e de transacionar a energia, permitindo a correta valoração de novas tecnologias, de forma que seja possível, inclusive, a redução de custos.

A pesquisa indica que, liderada pela solar e eólica, as renováveis devem ultrapassar a marca de 90% de participação na matriz elétrica brasileira em 2050. A fatia de renováveis ainda deverá ser superior a 70% na matriz energética.

Matriz energética refere-se ao conjunto de fontes utilizadas para gerar qualquer forma de energia, inclusive combustíveis de veículos e o gás de cozinha. Já a matriz elétrica é formada apenas por fontes utilizadas na produção de energia elétrica.

Em todos os cenários projetados para a matriz elétrica, é prevista expansão da capacidade de geração sendo respondida predominantemente pelas fontes eólica e solar, com consequente redução da participação relativa da hidroeletricidade, que se reduz para entre 30% e 55%.

O estudo indica que isso reflete as limitações à construção de novos projetos hidroelétricos com barragem, em virtude do impacto ambiental e social causado e também a competitividade de outras fontes renováveis.

A geração elétrica do País deverá apresentar crescimento entre 181 e 221 GW até 2050. O relatório alerta que isso traz a necessidade de expansão das linhas de transmissão do Sistema Interligado Nacional (SIN).

Matriz energética

O Programa BID-CEBRI-EPE de Transição Energética detalha que a particularidade do Brasil é que a geração de gases do efeito estufa (GEE) não está fortemente relacionada à geração de energia, mas sim às mudanças no uso da terra e agropecuária, que, juntas, representam 73% das emissões totais no país. Enquanto no mundo, o setor energético é responsável por 76% das emissões de GEE, no Brasil a matriz energética corresponde a 18% das emissões brutas de GEE do país em 2021.

Os três cenários projetados no estudo apresentam perfis distintos de matriz energética primária, tanto no total ofertado quanto na composição das fontes energéticas. Em todos eles observa-se a queda substancial da utilização de combustíveis fósseis em 2050, que recua para participações entre 13% e 27% da matriz energética.

Em contrapartida, as fontes renováveis superam os 70% em todos os cenários de neutralidade climática. Essa mudança é liderada pelo crescimento da biomassa, fonte que mais amplia participação na matriz energética brasileira, seguida por eólica e solar. A biomassa terá um papel de destaque na descarbonização do setor de transportes, sobretudo na substituição de diesel e do querosene de aviação.

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Ricardo Casarin

Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.

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