Manifesto critica programa que estimula o uso do carvão
Para as entidades, Brasil está na contramão das políticas ambientais e chama a proposta do Governo de "nova cloroquina do setor elétrico"


O manifesto “Carvão sustentável, a nova cloroquina do setor elétrico” assinado pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), e outras oito organizações de terceiro setor, criticam o programa de governo “Uso Sustentável do Carvão Mineral Nacional do Ministério de Minas e Energia (MME)”, que vai na contramão da redução do uso dos combustíveis fósseis na geração de energia elétrica.
O documento, que foi encaminhado as instituições do setor elétrico nacional, critica o descaso do País com a questão climática. "[...] Fica ainda mais evidente pelo fato de o documento ter sido apresentado no mesmo dia que o relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), da ONU, que mostra de forma inequívoca que as mudanças climáticas ocorrem mais rápido que o previsto em vários aspectos, como a elevação do nível do mar, e que muitos de seus efeitos são irreversíveis, já impactando populações em todo o mundo”.
O texto destaca outros pontos do programa do MME quanto às emissões de gases de efeito estufa, imprecisões e equívocos quanto à participação da fonte no sistema elétrico brasileiro, a necessidade de se desenvolver um processo de transição justa para as regiões cuja economia atualmente depende do carvão e a importância de se solucionar os passivos ambientais decorrentes da exploração do minério.
O manifesto foi produzido pelo grupo Transição Justa, que reúne organizações não governamentais voltadas às mudanças climáticas, direitos do consumidor, defesa do meio ambiente e das fontes renováveis e pela extinção do carvão da matriz energética brasileira.
Fazem parte do grupo: Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Fórum dos Atingidos pelo Carvão de Santa Catarina, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Instituto Clima e Sociedade (iCS), Instituto Climainfo, Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), Instituto Internacional Arayara, Observatório do Carvão Mineral (OCM) e WWF-Brasil – Fundo Mundial para a Natureza.
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Adonis Teixeira
Jornalista formado pela Universidade Veiga de Almeida, no Rio de Janeiro, com experiência de mais de 12 anos em comunicação. Acompanha o setor elétrico brasileiro há 5 anos, atuando no monitoramento de dados e informações do setor.
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