Brasil precisa de ações concretas para atrair mais investimentos para economia verde

País é visto como mercado de grande potencial para agenda de descarbonização, mas precisa ganhar credibilidade

ECONOMIA VERDE
Foto: Reprodução/Shutterstock

A falta de ações concretas na agenda ambiental é um entrave para o Brasil receber mais investimentos em economia verde. A avaliação foi feita por especialistas da consultoria PSR durante workshop virtual realizado na última segunda-feira (10/5). O painel discutiu, entre outros pontos, o papel de transformação energética dentro da agenda global de descarbonização e possíveis oportunidades para o País neste cenário.

“Vemos interesse de diversos setores da economia nessa agenda e os programas de estímulo econômico explicitamente direcionam recursos para uma economia verde. O Brasil tem papel de destaque nesse cenário, mas precisa fazer o dever de casa para ter credibilidade com os investidores internacionais”, afirmou o gerente de projetos na PSR, Gabriel Cunha.

Como exemplo, ele citou o fato de o Brasil ter assumido compromisso de zerar o desmatamento na Amazônia até 2030, durante a Cúpula do Clima, mas sem apresentar um planejamento concreto para viabilizar o feito. “O discurso é positivo, mas é preciso dar credibilidade a proposta”, destacou Cunha.

No mesmo evento, o sócio-diretor da PSR, Rafael Kelman, assinalou que as fontes renováveis estarão no centro dos pacotes de estímulos de governos, e que empresas e o mercado financeiro também estão envolvidas com a descarbonização, materializado na agenda ESG, sigla em inglês para Governança Ambiental, Social e Corporativa.

“A ESG é chave para gestoras de fundos. Se empresas não seguirem essas diretrizes, são eliminadas do portfólio. O mercado corporativo também está ativo, estabelecendo metas de descarbonização. Algumas delas já operam abastecidas cem por cento por fontes renováveis”, detalhou Kelman.

Ele apontou que a agenda de combate as mudanças climáticas têm feito que governos, corporações e mercado financeiro alinhem estratégias de descarbonização e que a maior parte dessas ações está no campo da energia. “A ideia é ter uma neutralidade de emissões até 2050, favorecida pela queda de preços das fontes eólicas, solar e, em breve, dos sistemas de armazenamentos por bateria.”

“A redução dos preços das renováveis vem tornando mais rápido esse caminho. A próprias empresas do setor de óleo e gás vem anunciando planos para aumentar o campo de atuação, buscando entrar no mercado de fontes limpas e serviços energéticos”, comentou o especialista.

Entre as características que beneficiam o Brasil nesse cenário, estão a alta participação de fontes renováveis na matriz elétrica do País e o baixo custo por emissão evitada, dentro de uma economia de precificação de carbono.

“O Brasil tem excelente potencial para fontes renováveis e capacidade de gerenciar essa matriz por meio das hidrelétricas. Não à toa, somos vistos com um grande potencial para o mercado de hidrogênio verde”, explicou Kelman. 

“A maior parte de nossas emissões não é ligada a energia, mas ao desmatamento e a agropecuária. Nossa questão é mais alinhada com a terra. Poderíamos desenvolver melhor nossa economia se tivéssemos uma imagem mais positiva nessa questão, além da biodiversidade que estamos perdendo.”

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Ricardo Casarin

Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.

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