Brasil defenderá na ONU que transição energética deve ter várias matrizes para a descarbonização
Em entrevista, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou que o Brasil acumula uma experiência de décadas na condução do planejamento energético


O governo brasileiro vai defender na Organização das Nações Unidas (ONU) que não há um caminho único para a transição energética. A ONU anunciou na última quinta-feira (21/1) os países escolhidos para liderar o Diálogo de Alto Nível das Nações Unidas sobre Energia. O Brasil foi selecionado para liderar a área da Transição Energética, um dos eixos centrais da iniciativa.
De acordo com dados do Ministério de Minas e Energia, o país lidera energias renováveis e detém a mais alta proporção de energia limpa na matriz energética entre as grandes economias mundiais (45% versus uma média global de 18%). Outro dado que chama atenção é que mais de 98% da população está conectada à rede elétrica.
ao Portal Solar, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou que o Brasil acumula uma experiência de décadas na condução do planejamento energético, de alta participação das fontes renováveis na sua matriz elétrica e energética. Com isso, o país registra um perfil de baixa emissão per capita quando comparado com outros países ou regiões do mundo.
“Entendemos que não há um caminho certo ou uma solução única para a transição energética. Os países devem encontrar as soluções mais adequadas às suas respectivas realidades, às suas vantagens comparativas e seus interesses nacionais, de forma a contribuir para o esforço coletivo de descarbonização”, afirmou o ministro ao Portal Solar.
Para Albuquerque, a colaboração internacional é essencial, para o compartilhamento de experiência, tecnologias e de oportunidades de investimentos.
O Ministério aponta que as perspectivas do Brasil são de que as fontes renováveis se aproximem de 50% de sua matriz energética primária em 2030 e se mantenham na faixa de 45-50% em 2050, como prevê estudos do Plano Nacional de Energia 2050.
Para se ter uma ideia, a participação média de renováveis no mundo hoje é de 14% de sua matriz energética, devendo atingir 18% em 2030, apesar de todo o esforço já estabelecido de políticas públicas.
Já a participação das renováveis na matriz elétrica, prevista para continuar acima de 85% em 2030, deve ficar em torno de 80-85% em 2050.
Albuquerque afirma que “tais resultados serão alcançados, em boa medida, devido ao aproveitamento pelo país de seus potenciais eólico, solar e de biomassa”.
Segundo o ministro, a definição do Brasil para liderar a vertente de transição energética do Diálogo de Alto Nível das Nações Unidas sobre Energia surge dentro de um contexto de relevância, expertise e resultados.
“É um reconhecimento mundial das nossas capacidades e também uma responsabilidade que temos, de contribuir para os esforços internacionais rumo a um futuro de baixo carbono, com energia limpa, sustentável e acessível para todos”, disse.
A seleção do país como um dos líderes para a Transição Energética é o reconhecimento dos méritos brasileiros no campo da energia limpa, sustentável e acessível. É também demonstração de respeito nos foros internacionais de energia, onde o Brasil tem defendido a utilização de ampla gama de soluções para a descarbonização, combinando as vantagens da bioenergia sustentável, hidroeletricidade, energia solar e eólica, além da energia nuclear, em conjunto com fontes fósseis de menor emissão de CO2, como o gás natural.

Thiago Nassa
Jornalista com mais de 25 de experiência em comunicação corporativa para o setor elétrico e demais segmentos econômicos. Possui trabalhos desenvolvidos em empresas e entidades como ABSOLAR, Abraceel, Portal Solar, Solar Group, Abrager, Abetre, Win Energia, Alstom, Asea Brown Boveri (ABB), Grupo Accor, Grupo Solví, Editora Segmento, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Universidade Nove de Julho (Uninove) e Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). Foi professor de comunicação corporativa e assessoria de imprensa pela FMU e UnG e autor do livros "Energia Livre" e "Reconhecimento que Gera Valor". É ganhador de dois prêmios da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) como responsável por publicações organizacionais.
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