Termelétricas devem ser acionadas em razão da falta de chuvas no Norte
Região enfrenta cenário hidrológico desfavorável desde o ano passado; CMSE aprovou ações medidas preventivas para garantir fornecimento de energia


O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) indicou o uso de termelétricas em razão do cenário do baixo volume de chuvas na região Norte do Brasil. Na reunião do órgão da última quarta-feira (07/08), foram aprovadas ações para a maximização de recursos para o atendimento à ponta do Sistema Interligado Nacional (SIN).
O Norte tem enfrentado um cenário de poucas chuvas desde o segundo semestre de 2023, na ocasião em razão do fenômeno El Niño. Com a situação de escassez hídrica nos rios Madeira e Purus, e a tendência de agravamento da seca na região no período seco do ano, o CMSE recomendou ao ONS que adote medidas preventivas para garantir o suprimento eletroenergético dos estados afetados.
Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), as hidrelétricas desempenham papel fundamental no atendimento à demanda máxima do sistema interligado nacional, provendo potência especialmente em cenários de carga elevada e de reduzida contribuição de ponta das fontes renováveis intermitentes (eólica e solar).
Assim, o ONS indicou para os próximos meses a utilização de geração termelétrica, resposta voluntária da demanda (RVD) e importação de energia elétrica da Argentina e Uruguai, para fins de complemento ao atendimento à ponta de carga do sistema, considerando sempre a utilização gradativa dos recursos em ordem crescente de custos.
A recomendação prevê a mobilização dos agentes de geração e de transmissão para garantir máxima disponibilidade durante o período seco de 2024, incluindo, dentre outras, a minimização do despacho das usinas hidrelétricas da região Norte, de acordo com a necessidade eletroenergética do SIN.
Apesar do cenário desfavorável na região Norte, segundo o CMSE, a condição segue favorável para o atendimento eletroenergético nas demais regiões e deve permanecer ao longo de 2024. O armazenamento médio registrado no SIN é de 66%.
Custos para o consumidor
A fonte hidráulica corresponde a mais de 50% da matriz elétrica do país e as condições dos reservatórios das usinas impacta diretamente nos custos da geração de energia e consequente repasse aos consumidores.
Em julho, a bandeira tarifária amarela foi acionada pela primeira vez após 26 meses. Em agosto, ele retornou a bandeira verde, que não implica nenhum valor adicional a conta de energia elétrica.
Qualquer queda na capacidade de geração pode tornar necessário o acionamento de usinas térmicas de óleo, gás natural e carvão, encarecendo os custos para os consumidores.
Em 2021, um cenário de crise hídrica levou ao acionamento emergencial de termelétricas no Brasil e a criação da bandeira tarifária escassez hídrica, que que imputou aos consumidores atendidos pelas distribuidoras de energia um valor adicional de R$ 14,20 para cada 100 kWh consumido. A decisão representou um reajuste de quase 50% em relação ao valor da bandeira vermelha praticado naquele mês (9,42/100 kWh).

Ricardo Casarin
Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.
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