A transição energética requer uma mudança para habilidades sustentáveis

A Lisarb Energy, companhia desenvolvedora de energia renovável, irá dobrar o tamanho da equipa, que atualmente é de 65 funcionários. Em artigo assinado conjuntamente pelo presidente e pelo CEO, Jamie Macdonald-Murray e Gustavo Savelli, a empresa destaca que o interesse em energia renovável está crescendo globalmente e a demanda por funcionários qualificados no setor está aumentando rapidamente.

“Ser capaz de recrutar as pessoas certas é fundamental para o sucesso do negócio, mas encontrá-las está se tornando um desafio cada vez mais difícil de superar – para nós e muitas outras empresas como a nossa.”

A Lisarb indica que a escassez de habilidades é global e provavelmente piorará antes de melhorar. Em 2021, a Agência Internacional de Energia (AIE) estimou que as empresas terão que preencher 14 milhões de novos empregos antes do final da década para atender à crescente infraestrutura de energia verde do mundo.

“Se não for resolvido, isso pode ser uma barreira significativa para alcançar as ambições de carbono zero do mundo. Então, sem engenheiros suficientes, especialistas em sustentabilidade e infraestrutura de energia, o que pode ser feito?”

Começando pelo topo

O artigo afirma que as empresas não precisam apenas de pessoas com as habilidades certas, mas daquelas que se encaixem, o que pode dificultar ainda mais o preenchimento de vagas em aberto. O perfil de cada candidato precisa estar alinhado com a cultura da empresa, mas as empresas que são inclusivas e abraçam a diversidade em todos os cargos se beneficiam de contribuições positivas para os valores organizacionais.

“Encontrar funcionários disponíveis para ingressar em uma empresa pode ser um desafio. Muitas vezes, a pessoa com as qualificações e os valores certos já pode estar estabelecida em sua própria consultoria de sucesso. Mas esta pode ser também uma oportunidade para ambas as partes, e nós temos recrutado pessoas com esse tipo de perfil para funções-chave dentro do negócio, por exemplo, no nível de diretoria em engenharia, finanças e operações. Eles trazem muita experiência, perspicácia comercial e uma rede de outros profissionais com eles.”

A Lisarb assinala que a contratação de uma equipe principal de pessoas seniores, que podem atuar como mentores para funcionários menos experientes, é uma maneira eficaz de acelerar o crescimento dos negócios.

“Essa estratégia nos permitiu construir uma equipe de especialistas em um período de tempo relativamente curto, com habilidades em desenvolvimento de projetos, construção, engenharia, financiamento e gestão de ativos.”

Outra estratégia é contratar pessoas com experiência semelhante em áreas relacionadas e, em seguida, treiná-las com as habilidades e conhecimentos específicos necessários para a transição para as funções-chave.

“Por exemplo, contratamos um diretor com larga experiência em licenciamento ambiental para projetos de infraestrutura e investimos em sua capacitação. Ele agora acumula experiências para se tornar um especialista na legislação de licenciamento em torno da garantia de conexões de rede elétrica para projetos de energia renovável. Existem pouquíssimas pessoas com o perfil dele e é muito difícil contratar alguém com esses conhecimentos.”

Pessoas com habilidades de engenharia podem estar disponíveis, mas muitas vezes não têm experiência anterior em energia, indicam os executivos. “Isso não é necessariamente um problema, pois uma enorme variedade de habilidades de engenharia é diretamente transferível para o setor de energia.”

As empresas que estão dispostas a investir em treinamento e suporte podem ajudar os funcionários a se adaptarem e adquirirem habilidades adicionais rapidamente, e essa abordagem também se aplica a funções não técnicas.

“Na Lisarb, por exemplo, trouxemos um profissional de finanças com conhecimentos gerais de contabilidade de negócios que agora é especialista em finanças de energia. Esse conhecimento é particularmente eficaz para indivíduos que têm sólida experiência em disciplinas ambientais e que desejam aumentar suas habilidades.”

Terceirizados têm seu lugar

A empresa avalia que terceirização faz sentido para funções muito especializadas, que não são justificadas como cargos de tempo integral, ou para competências que precisam ser construídas rapidamente.

“Um exemplo é a experiência de engenharia necessária para conectar um projeto à rede. Há momentos em que é necessário muito suporte para progredir na conexão à rede, mas geralmente há longos períodos de tempo em que o suporte não é necessário. Por isso, pode ser muito útil terceirizar uma tarefa para um engenheiro experiente que pode ser chamado quando um conhecimento específico for necessário.”

Muitas empresas que operam em vários setores terceirizam áreas que não estão dentro de sua competência central, e nas quais um serviço de melhor qualidade pode ser alcançado por menos dinheiro do que um recurso interno poderia oferecer. As funções típicas incluem TI e segurança.

“Quando lançamos a Lisarb Energy, nossas operações estavam centradas no Brasil e no Reino Unido. Agora, estamos aumentando nossa presença global com novos projetos de energia renovável em toda a Europa e também buscando oportunidades na Ásia e na África. Essa estratégia de crescimento está aumentando nossa reserva de talentos, pois os especialistas que contratamos em novos territórios agregam valor ao nosso negócio global.”

“Além de expandir geograficamente, estamos buscando novas oportunidades de projetos em tecnologias adjacentes, como a eólica offshore – incluindo o uso de turbinas flutuantes, energia marítima e armazenamento de hidrogênio. A experiência de classe mundial no desenvolvimento de projetos eólicos offshore é extremamente escassa.”

A Lisarb assinala que a estratégia de negócios da empresa é firmar uma parceria de joint venture com uma equipe interna de profissionais eólicos experientes para atingir esse mercado. “Esta é uma combinação potente, pois reúne conhecimento e experiência da tecnologia, com acesso a oportunidades de projetos e financiamento, o que vai impulsionar nossa entrada neste mercado.”

Investir em pessoas

As previsões para o crescimento das energias renováveis no Brasil são enormes. A Lisarb acredita que as empresas podem cumprir essas previsões se continuarem investindo em pessoas, tecnologia e sistemas. “Empresas como a nossa têm um papel a desempenhar investindo em treinamento de habilidades para suas equipes, mas o governo também deve desempenhar seu papel.”

O artigo indica que, do ponto de vista corporativo, as empresas devem garantir que suas equipes estejam atualizadas com os mais recentes conhecimentos técnicos e regulatórios. Para empresas menores, uma abordagem de treinamento pode funcionar bem, permitindo que o pessoal se aperfeiçoe à medida que novos conhecimentos são necessários. Mas, à medida que as empresas crescem, há necessidade de formalizar programas de treinamento e, potencialmente, apoiar os funcionários com mestrado e pós-graduação.

Um papel crucial para o governo é reduzir os riscos para os investidores, garantindo que o ambiente operacional, incluindo a estrutura legal, seja estável e claro. A redução do risco permite que as empresas desenvolvam modelos mais precisos para dar aos investidores mais confiança para investir em projetos sabendo que os retornos previstos são realistas.

"O governo brasileiro aprovou recentemente o marco legal da GD, que estabelece as regras para os consumidores que participam da geração distribuída possam ter acesso a energia mais barata e também mais segurança aos investimentos do setor. Outra ação relevante foi a eliminação de tarifas de importação de equipamentos solares. Medidas como essas, que reduzem riscos e custos, têm um impacto positivo no investimento e nos modelos de previsão das empresas."

Conclusão

Para Macdonald-Murray e Gustavo Savelli, superar a escassez de habilidades verdes é desafiador, mas não impossível. “Não existe uma solução única e simples, mas sendo flexível e adotando uma série de estratégias de recrutamento e reciclagem é possível construir um negócio de energias renováveis de sucesso, em menos de cinco anos.”

“Continuaremos a ser flexíveis em nosso recrutamento à medida que nos expandimos para novas localidades e implantamos projetos de energia eólica, marinha e de hidrogênio, bem como a solar”, dizem os executivos.

A empresa aponta que, além de investir no treinamento de habilidades, é importante criar uma cultura que seja empática com os indivíduos, abordando as soft skills. “Reconhecemos que as pessoas têm pressões familiares e pessoais, bem como compromissos de trabalho. Para ajudar no equilíbrio entre vida profissional e pessoal, é necessário investir em sistemas de TI/nuvem que capacitem os funcionários a trabalhar em casa quando for preciso; garantindo que os funcionários possam ser produtivos e responsivos.”

“Reconhecemos que as empresas que cuidam de seu pessoal se tornarão empregadores preferidos e obterão o melhor de cada um, criando um ambiente onde as pessoas queiram trabalhar e ajudar a empresa a crescer.”