Alta dos juros deve impactar o consumo e os investimentos no Brasil
Cenário de inflação traz expectativa de novos reajustes da taxa Selic ainda em 2021; câmbio e energia elétrica preocupam


O aumento da taxa de juros deverá impactar consumidores e investidores brasileiros em 2021, apontam empresários e especialista em investimentos. Na quarta-feira (16), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou a taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto percentual para 4,25% ao ano. Foi a terceira reunião consecutiva em que se decidiu pela alta dos juros, que atingiu o maior patamar desde fevereiro de 2020. O cenário de inflação traz expectativa de novos reajustes até o final do ano.
“A principal questão do momento é se o Banco Central enxerga a inflação como temporária ou de longa duração. Visões que podem provocar próximos reajustes maiores ou mais sutis da Selic, respectivamente”, aponta o sócio e head de Renda Fixa da Ethimos Investimentos, Leonardo Costa, em relatório.
Ele destaca que, apenas em maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,83%, o maior patamar para o mês em 25 anos. “O acumulado em 12 meses é de 8,06%. Nem mesmo o mercado esperava essa alta, que foi puxada principalmente pela inflação no atacado”, disse Costa.
O assessor de investimento avalia que o cenário de alta da inflação e da Selic exigem mais atenção do consumidor e dos investidores conscientes. “Os ajustes não devem parar por aí. A estimativa dos economistas da XP é de que a Selic atinja 6,5% ao final deste ano”, disse o sócio da Ethimos.
O artigo aponta que, em termos de investimentos, há impactos principalmente em títulos de renda fixa. “Neste atual cenário, os títulos prefixados e indexados à inflação, com prazos mais longos, podem apresentar valorização em um primeiro momento. Por outro lado, os títulos de curto prazo devem se desvalorizar, o que prejudicaria investidores que já investem em produtos pré-fixados e atrelados à inflação.”
Decisão equivocada
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou equivocada a decisão do Copom por um novo aumento na Selic. Por meio de nota, o presidente da entidade, Robson Braga de Andrade, expressou que, dentro do atual cenário, as condições de crédito para consumidores e empresas deveriam continuar sendo de estímulo.
“A decisão por um terceiro aumento expressivo da Selic vai de encontro a essa necessidade e desestimula a demanda ao aumentar o custo do financiamento de maneira significativa.” Na avaliação da CNI, os grupos de preços que apresentam elevação tendem a ter aumentos transitórios, como os administrados, industriais e, principalmente, alimentos, desacelerando a inflação nos próximos meses.
A economista de câmbio do Banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli, acredita na continuidade no aumento dos juros em 2021 e 2022. “Mesmo com o Banco Central agindo de forma preventiva, a inflação ficou acima do esperado. Acreditamos em um cenário de continuidade no aumento de juros nesse e no próximo ano, pois o quadro de inflação ainda está com uma luz amarela acesa”, explicou, durante coletiva de imprensa.
Ela lembrou que o câmbio está em patamar ainda alto e pode contribuir para mais pressão inflacionária. Outro ponto de alerta é a crise hídrica, já que a energia elétrica é um item importante na composição dos índices de preço.
“A expectativa de crescimento vinda dessa resiliência da economia também pode favorecer um aumento inflacionário. Por mais surreal que seja, mesmo com quadro ainda grave de questão sanitária, podemos ter mais pressão na inflação”, declarou a economista.

Ricardo Casarin
Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.
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