Associações lançam pacto pelo hidrogênio renovável no Brasil
Acordo de cooperação foi assinado pela ABEEólica, Absolar, Abiogás e Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro


A Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica), Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Associação Brasileira do Biogás (Abiogás) e Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro (AHK Rio) assinaram na última sexta-feira (05/05) um acordo de cooperação, denominado Pacto Brasileiro pelo Hidrogênio Renovável. A iniciativa representa um passo importante para acelerar tanto a exportação como o consumo doméstico.
Segundo comunicado enviado à imprensa, o acordo tem o objetivo de impulsionar a economia de hidrogênio renovável no Brasil e para isso dispõe de seis objetivos centrais:
- Contribuir para a definição de um arcabouço regulatório;
- Desenvolver o mercado de aplicação de hidrogênio renovável;
- Promover o desenvolvimento socioeconômico, por meio da economia do hidrogênio renovável;
- Promover o hidrogênio de origem renovável no País;
- Disseminar as oportunidades de hidrogênio renovável aos seus associados e à sociedade brasileira;
- Aumentar a competitividade da produção e uso do hidrogênio renovável.
Em conjunto com as empresas, as ações incluirão atividades e projetos técnicos e institucionais, visando a cooperação e participação das partes em grupos de trabalho, comissões técnicas, eventos, reuniões, debates, seminários, palestras, “road shows”, estudos, publicações e todo o necessário para desenvolver a cadeia de valor do hidrogênio renovável no País, bem como estimular investimentos e negócios e sua divulgação no Brasil e no exterior.
Na visão da Absolar, o acordo é oportuno para criar um ponto focal de apoio ao setor público na criação de políticas ambiciosas, urgentes e assertivas em prol do hidrogênio renovável, acelerando a reindustrialização verde.
“Para que o mundo atinja a neutralidade de emissões de gases de efeito estufa até 2050, o Brasil precisa fazer a sua parte e pode, inclusive, transformar este desafio em uma grande oportunidade de acelerar seu desenvolvimento socioeconômico e ambiental, oferecendo produtos e serviços sustentáveis ao mundo", apontou presidente executivo da Absolar, Rodrigo Sauaia.
"Os analistas de mercado projetam que, em poucos anos, o Brasil poderá produzir o hidrogênio renovável mais competitivo do mundo, se desenvolver políticas públicas, programas e incentivos adequados. Por isso, o Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2), do Governo Federal, deve ser repensado, priorizando e incentivando as rotas de produção de hidrogênio a partir de fontes renováveis”, indicou o dirigente.
Sauaia acrescentou que a partir do desenvolvimento do hidrogênio renovável, o País pode ser tornar um líder global na produção, consumo e exportação do combustível limpo. Também pode fortalecer a reindustrialização verde, com a atração de novas fábricas, mais capital internacional, geração de empregos locais, novas oportunidades de negócios e novas tecnologias.
“O mercado do hidrogênio é global. Sem incentivos efetivos à produção e ao consumo no mercado doméstico, perderemos oportunidades para outros países. O Brasil precisa avançar com a criação do mercado regulado de carbono, para acelerar a transição energética nos setores mais poluentes”, afirmou.
A ABEEólica destacou que o hidrogênio renovável é a chave para um mundo neutro em carbono: “No contexto da transição energética justa e no processo de descarbonização, temas estes que estão na pauta mundial, o hidrogênio surge como o combustível vetor da transição energética. Ele é cotado principalmente para descarbonizar setores que hoje são de difícil descarbonização, como é o caso do setor de transportes pesados, caminhões e navios, e o setor siderúrgico” disse a presidente da associação, Elbia Gannoum.
A executiva pontuou que o Brasil possui potencial de produção e uso no mercado interno e que enxerga uma demanda global para o hidrogênio renovável. Ela explicou que há países que precisarão importar hidrogênio renovável e o Brasil pode se tornar um grande exportador deste combustível limpo.
“É importante mencionar que o hidrogênio já é realidade no Brasil. Em janeiro deste ano a EDP Brasil inaugurou sua planta piloto de hidrogênio verde no Complexo do Pecém e a UNIGEL terá o primeiro projeto em escala industrial no país. A primeira fase do projeto entrará em operação comercial no final deste ano e conta com uma planta de hidrogênio, abastecida por fonte eólica de energia, a qual produzirá 10 mil toneladas de hidrogênio verde e 60 mil toneladas de amônia verde por ano”, complementou Gannoum.
Parceria Brasil-Alemanha
Desde junho 2020, quando lançou a sua estratégia de hidrogênio verde, a Alemanha se tornou um país protagonista na transição energética. Com o programa H2 Global lançou no ano passado a primeira chamada pública para compra global de hidrogênio, a qual algumas empresas brasileiras atenderam. Além disso, por meio do programa H2, o Brasil investiu no desenvolvimento de um mercado de hidrogênio renovável no país.
De acordo com o comunicado, a Alemanha já é um parceiro importante do Brasil nesta caminhada de redução de emissões. O país, pode servir como um comprador do combustível limpo, ou também como um fornecedor de tecnologia ao longo da cadeia de valor do hidrogênio renovável.
Neste sentido, a AHK Rio tem o intuito de trazer para o Pacto Brasileiro pelo Hidrogênio Renovável o componente internacional, além de ser um importante ponto de contato para alavancar as relações comerciais dos dois países, ajudando as empresas a se conectarem.
Para a AHK Rio, o hidrogênio renovável tem um potencial enorme na reindustrialização do Brasil, o que pode fortalecer as relações bilaterais entre os dois países. Na avaliação do diretor de transição energética e sustentabilidade da AHK Rio, Ansgar Pinkowski, o Brasil tem uma grande chance de mudar a sua fama de país de exportador de comodities para um país de fornecimento de produtos produzidos de forma sustentável, com uma pegada ambiental muito baixa.
“O desafio de transportar o hidrogênio renovável por longas distâncias favorece o desenvolvimento de indústrias próximas ao local onde ele é produzido, com efeitos positivos importantes na economia de vários países. As indústrias irão se instalar onde as condições climáticas e geográficas forem favoráveis à produção de hidrogênio renovável e o custo de transporte for baixo", disse Pinkowski.
"Neste contexto, Brasil e Alemanha podem se beneficiar mutuamente: o Brasil, com a sua excelente infraestrutura industrial e a longa tradição de relações econômicas com a Alemanha, atrairá cada vez mais empresas alemãs que querem produzir produtos com maior valor agregado no país, e a Câmara de Comércio e Indústria Brasil - Alemanha do Rio quer e pode assumir um papel importante nesta transformação energética e industrial. O Pacto Brasileiro pelo Hidrogênio Renovável pode ajudar muito nesta discussão, ao criar condições ideais para apoiar o Brasil nesta caminhada”.
A ABiogás, por sua vez, disse que com a assinatura do documento, o Brasil oficializa a ambição de liderar a descarbonização no mundo também com o hidrogênio renovável, unindo o biogás e a biomassa às fontes eólica e solar.
Nesse sentido, o diretor executivo da ABiogás, Gabriel Kropsck, avaliou que o país é abundante em recursos renováveis, e com potencial de biogás elevado e diversificado, o que o coloca na perspectiva de se tornar o maior fornecedor global do hidrogênio renovável para mercados europeus, asiáticos e norte-americanos. Com isso, o país pode ainda estabelecer um caminho de desenvolvimento econômico e social, baseado em produtos com baixa pegada de carbono.
Siga o Portal Solar nas redes sociais:
Twitter: https://twitter.com/PortalSolar_Br
LinkedIn: https://www.linkedin.com/company/portal-solar/
Instagram: https://www.instagram.com/portal_solar/

Vanessa Loiola
Jornalista formada pela PUC-SP com experiência em mídia digital. Já cobriu as editorias de economia, finanças, bolsa de valores, política e entretenimento.
Artigos que podem te interessar
Powersafe avança na logística reversa de baterias
Empresa viabiliza a reciclagem de 200 toneladas em projeto de data centers
12/12/20252 min de leitura
DAH Solar lança placas solares coloridas no mercado brasileiro
Fabricante chinesa aposta na integração entre energia e estética para segmentos de alto padrão
03/12/20252 min de leitura
Fabricante de baterias lança e-commerce e aposta em soluções portáteis
Canal virtual da Powersafe mira consumidores residenciais e comerciais que procuram fornecimento de energia durante apagões e atividades ao ar livre
27/11/20252 min de leitura
Banco BV e Powersafe lançam financiamento para armazenamento de energia
Iniciativa contempla linhas de crédito para sistemas com baterias para residências e empresas
14/11/20251 min de leitura
Gestão de usinas baseada em dados é essencial para o retorno do investimento
Solan Group destacou a importância de sistemas de diagnósticos precisos para a rentabilidade dos ativos durante o Meet & Greener
20/10/20252 min de leitura
Com modelo de gestão de créditos de energia, Wattio planeja expansão
Plataforma identifica demanda por soluções que simplificam a operação e melhoram a rentabilidade de usinas
30/09/20252 min de leitura
Albioma contrata R$ 120,5 milhões do BNDES para projetos de mini GD
Watt Capital assessorou estruturação de financiamento com recursos do Fundo Clima e FINEM para oito projetos que totalizam 30,2 MWp
23/09/20252 min de leitura
Axial firma fornecimento para 70 MWp em projetos solares no Brasil
Fabricante de trackers atenderá usinas de geração distribuída nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sul do país
19/09/20251 min de leitura

