Nova regulação impulsiona procura por energia solar flutuante no Brasil

Mudanças promovidas pela Lei 14.300 tornaram mais atrativo o investimento nesse tipo de projeto para setores como o agronegócio e a mineração

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A Lei 14.300 impulsionou a procura por projetos de energia solar flutuante no Brasil. Em um ano marcado pela instabilidade no mercado de geração distribuída, esse segmento se beneficiou da possibilidade de dividir uma grande usina em unidades geradoras de menor porte, tornando o investimento nesse tipo de projeto mais atrativo.

O Marco Legal da Geração Distribuída veda a divisão de uma central geradora em unidades de menor porte para se enquadrar nos limites de potência para microgeração ou minigeração distribuída. Porém, essa restrição não se aplica às usinas de energia solar flutuante.

“A demanda está bem forte, em um movimento contrário da geração distribuída, que teve uma queda nesse ano. A principal razão é a mudança do regramento, que permite que uma usina de porte de geração centralizada possa ser dividida para atender o mercado de geração distribuída”, explicou o sócio-diretor da F2B, Orestes Goncalves Junior.

O trecho da lei que criou essa exceção chegou a ser vetado pelo então presidente da República, Jair Bolsonaro, mas o veto foi derrubado pelo Congresso em julho do ano passado. “Com a queda do veto, a demanda subiu fortemente para esses projetos de grande porte para grandes investidores”, comentou o executivo da F2B, empresa especializada em solar flutuante.

Segmentos e oportunidades

A usina solar flutuante funciona de forma semelhante a um projeto instalado em solo, com a produção de eletricidade por meio de painéis solares. Porém, esses equipamentos são instalados sobre a água, utilizando estruturas que boiam.

Goncalves destacou que a geração solar flutuante se tornou um investimento atrativo no Brasil, com alta viabilidade econômica para setores como o agronegócio e a mineração, aproveitando áreas como açudes e lagos de rejeitos desativados para produzir energia. Além da economia com eletricidade, esse tipo perfil de empreendimento permite o aproveitamento de áreas com pouca terra disponível.

Um exemplo é uma usina solar flutuante instalada pela F2B em cava exaurida de mineração. Em operação desde o início de outubro, a usina tem capacidade de geração de 1 MW e terá a função de atender a demanda total de energia elétrica da unidade de mineração do Grupo AB Areias, no município de Roseira (SP).

Gonçalves ainda indica que tecnologia está tornando-se mais conhecida e atendendo novos segmentos. Nesse sentido, uma tendência importante são projetos desenvolvidos em reservatórios de hidrelétricas.

“É uma tendencia que veio para ficar, inclusive na forma de usinas híbridas, que unem duas fontes em uma única infraestrutura. Isso já está regulamentado pela Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica] e pode trazer benefícios muito importantes para o sistema elétrico.”

Projeto na Represa Billings

O diretor-presidente da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (EMAE), Marcio Rea, afirmou que a Represa Billings passará a produzir energia elétrica também em sua superfície com usinas de geração fotovoltaica flutuante.

O complexo prevê cinco plantas com 9 mil placas instaladas a uma distância entre 80 cm e 1,2 m do nível da água. A usina, que tem previsão de ficar pronta até o fim do ano, tem potencial de gerar 1 Megawatt, o que corresponde ao abastecimento de cerca de 1500 residências. O investimento é de R$ 25 milhões. 

“Há, portanto, expectativa de economia por meio de compensação na conta de luz dos consumidores”, destacou Rea. Ele acrescentou que entre outros benefícios, além de ser classificado pelo órgão licenciador como sendo de baixo impacto ambiental, o projeto proporcionará melhor aproveitamento da lâmina d’água do reservatório Billings, com injeção de energia na rede de distribuição elétrica da concessionária.

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Vanessa Loiola

Jornalista formada pela PUC-SP com experiência em mídia digital. Já cobriu as editorias de economia, finanças, bolsa de valores, política e entretenimento.

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