Pico do El Ninõ deve durar até janeiro e 2024 poderá ser ainda mais quente
Impacto do fenômeno climático é intensificado pelo aquecimento global causado pelas emissões de gases do efeito estufa


Após 2023 ter sido o ano mais quente já registado, a média de temperaturas poderá ser ainda mais alta em 2024, projeta a Organização Meteorológica Mundial (OMN). Uma das bases para a previsão é o calor excepcional que vem sendo observado desde junho. A situação está associada ao El Niño e deve durar pelo menos até abril de 2024.
O fenômeno climático é caracterizado pela temperatura acima da média no Oceano Pacífico, levando a um clima global mais quente e mudanças nos regimes de chuvas. O pico do El Niño, iniciado em novembro, deve durar até janeiro, conforme a OMN.
Em entrevista concedida à agência de notícias da Organização das Nações Unidas (ONU), o especialista em clima da OMN, Álvaro Silva, afirmou que o El Niño contribuirá para um aquecimento ainda maior do planeta no ano que vem, com possibilidade de novos recordes de temperatura global.
“O impacto do El Ninõ na temperatura global, historicamente, é ainda mais acentuado no ano seguinte ao do seu desenvolvimento. Pelo que, é de se esperar que em 2024 tenhamos um ano com uma temperatura global mais alta ainda que em 2023, pelo menos do que é possível antecipar se considerarmos outros eventos do passado”, disse Silva.
O climatologista ressaltou que em todos os continentes se prevê que as temperaturas sejam muito acima da média neste período de novembro a janeiro, incluindo a ocorrência de ondas de calor.
Ele destacou que as temperaturas serão provavelmente mais altas nas latitudes abaixo dos 40° norte e acima dos 30° graus sul, ou seja, as latitudes equatoriais e subtropicais a nível global. No último domingo (12/11) capitais do Brasil, como São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG) e Rio de Janeiro (RJ) registraram altas históricas de temperatura.
Silva ainda apontou que “precipitações acima do normal” deverão atingir a África Oriental, as bacias dos rios Paraná e La Plata, na América do Sul, o sudeste da América do Norte e partes da Ásia Central e Oriental.
Já as chuvas abaixo da média ocorrerão em grande parte do norte da América do Sul, “prolongando a seca já existe nesta região”. A falta de chuvas também deve impactar grande parte da Austrália, Indonésia, Papua Nova Guiné, Filipinas e parte das ilhas do Oceano Pacífico.
Emissões de gases do efeito estufa
O climatologista ressalta que o impacto do evento climático é ainda mais grave devido ao aquecimento induzido pela emissão de gases poluentes na atmosfera. “Esse fenômeno natural ocorre num quadro de aumento da temperatura global devido ao acréscimo da concentração de gases com efeito de estufa com origem na atividade humana.
“E é com este contexto de fundo, com esta tendência crescente de aumento da temperatura global, que então este fenômeno natural do El Niño acontece e vai exacerbar a temperatura em muitas regiões do globo”. Em relação a desastres e eventos extremos que podem ocorrer nos próximos meses, Silva destacou chuvas fortes e inundações, secas intensas e calor extremo.
Um relatório recentemente divulgado pela ONU mostra que, apesar dos compromissos climáticos e de descarbonização firmados por 151 países, a produção de combustíveis fósseis irá dobrar no mundo em 2030.
Os planos existentes de governos nacionais sugerem continuidade no crescimento da produção de carvão até 2030 e na produção de óleo e gás até pelo menos 2050. A pesquisa alerta para necessidade de mirar no fim da produção e uso de carvão até 2040 e na redução em 75% na produção de óleo e gás até 2050, na comparação com os níveis de 2020.
Leia mais:
El Niño poderá aumentar preço da energia elétrica no Brasil em 2024

Ricardo Casarin
Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.
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