Meta global de crescimento de energia renovável poderia ser triplicada
Estudo indica que doze países, incluindo o Brasil, estão adicionando capacidade mais rapidamente que o necessário para cumprir objetivos até 2030


A capacidade de produção de energia renovável no mundo está avançando rapidamente e muitos países já poderiam aumentar suas metas de capacidade de geração de energia limpa até 2030, de acordo com uma análise feita pelo think tank de energia Ember.
O novo relatório, chamado “Tracking National Ambition Towards A Global Tripling Of Renewables”, conclui que muitos países já estão no caminho certo para exceder suas metas nacionais e que é possível alcançar uma ambição maior para triplicar as energias renováveis globais.
A análise da Ember conclui que as metas nacionais atuais não levam em conta essa recente aceleração das energias renováveis. Ela constata que 22 países já têm projetos de energia renovável em desenvolvimento suficientes para exceder sua meta para 2030.
Outros 12 países já estão construindo energias renováveis mais rapidamente do que o necessário para cumprir sua meta para 2030, incluindo o Brasil, que deverá instalar quase três vezes mais capacidade renovável em 2023 do que pretende construir a cada ano até 2030. O relatório analisa as metas de energias renováveis de 57 países, mais a União Europeia, que representam coletivamente 90% das emissões globais do setor de energia.
De acordo com essas metas, a capacidade global de energias renováveis atingirá cerca de 7,3 TW em 2030, mais do que dobrando em relação aos 3,4 TW em 2022. Mais de três quartos da capacidade renovável em 2030 serão provenientes de energia solar e eólica.
O atual boom das energias renováveis já está ultrapassando o crescimento planejado pelos governos. O mundo poderia alcançar uma duplicação apenas continuando a implantação alcançada em 2023 durante o restante da década, mas todos os sinais apontam para uma curva de crescimento mais rápida.
A continuidade da taxa de crescimento de 17% - alcançada desde 2016 - durante o restante desta década colocaria o mundo no caminho certo para triplicar as energias renováveis. O ano de 2023 deverá registrar um novo recorde para as energias renováveis, com a Agência Internacional de Energia prevendo 500 GW de acréscimo, um aumento de 71% em relação ao ano anterior.
O crescimento deste ano será dominado pela energia solar, com mais energia solar instalada em 2023 do que toda a capacidade renovável dos EUA. Isso foi possibilitado por um aumento ainda mais rápido na capacidade de fabricação de painéis solares, que dobrou em apenas dois anos e deve ultrapassar 1.000 GW em 2024.
"As metas atuais já estão desatualizadas e devem ser revistas", diz a analista global da Ember, Katye Altieri. "Os governos ainda não entenderam a revolução que está ocorrendo com as energias renováveis. À medida que nos aproximamos da COP28, os líderes devem estar confiantes em apoiar uma meta global para triplicar as energias renováveis; parece mais possível do que nunca alcançá-la."
Mais ambição
Com base em evidências da IEA e da Irena, o presidente da COP28 pediu um acordo global para triplicar a capacidade renovável até 2030. A análise da Ember identifica que há uma lacuna de 3,7 TW entre as metas nacionais coletivas e a triplicação global (11 TW), que deve ser compensada por meio de uma implantação acelerada e maior ambição.
A análise mostra que alguns países já têm metas ambiciosas em vigor. Dez países, incluindo a Índia, já têm o objetivo de triplicar sua capacidade renovável. Doze países têm metas de participação de energia eólica e solar que excedem a meta global de 40% até 2030, incluindo os Estados Unidos. Outros 20 países planejam mudar mais de 20% de seu mix de eletricidade de combustíveis fósseis para renováveis até 2030, incluindo a África do Sul.
No entanto, o relatório destaca países que poderiam aumentar suas metas, incluindo Austrália, Japão, Coreia do Sul e Emirados Árabes Unidos, que já estão no caminho certo para exceder suas metas e estão entre os maiores emissores per capita do setor de energia do mundo.
"Triplicar a capacidade renovável em todo o mundo é a ação mais importante desta década para o clima", continuou Altieri. "Esse objetivo está à vista se os governos definirem metas que reflitam o ritmo atual de mudança e implementarem novas políticas robustas para impulsionar a construção de energia solar e eólica."
"Essa maior ambição, combinada com ações urgentes de financiamento, licenciamento, redes e cadeias de suprimentos, proporcionaria sistemas de eletricidade mais limpos, acesso a energia acessível e empregos verdes para milhões de pessoas. Além disso, bilhões de dólares em capital público e privado seriam desbloqueados, reduzindo as perdas e os danos causados à natureza e às pessoas pelas mudanças climáticas prejudiciais”, disse o CEO da Global Renewables Alliance, Bruce Douglas.
Cenário no Brasil
Sobre a análise do cenário brasileiro de energias renováveis, Altieri destacou que o país é líder mundial em energias renováveis, com a maior quota do G20. “Os investimentos em energia eólica e solar estão ajudando a atender à crescente demanda com energia barata e limpa."
"Olhando para 2030, o Brasil já está cumprindo os planos de expansão das energias renováveis. É um dos 12 países em todo o mundo que deverá adicionar mais capacidade renovável em 2023 do que os acréscimos anuais médios necessários para cumprir as suas metas para 2030. Isso coloca o país em uma posição forte para continuar a atender à crescente demanda apenas com fontes limpas, provando que o país não precisa de investimento em usinas termoelétricas caras."
"O Brasil tem um enorme potencial eólico offshore e, se executar cuidadosamente o seu Planejamento Espacial Marinho, o país tem potencial de duplicar a sua capacidade instalada. A energia solar também será fundamental para o Brasil. Novas políticas podem ajudar a colocar painéis solares nas mãos de populações vulneráveis, baixando as suas contas de energia e impulsionando as pequenas empresas.
"O Brasil está em uma posição única para mostrar aos países como construir energias renováveis rapidamente - seus líderes devem ter a confiança na COP28 para ajudar a liderar o mundo para o objetivo global de triplicar as energias renováveis e dobrar a eficiência energética."

Ricardo Casarin
Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.
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