Investimento global em renováveis atinge patamar recorde de US$ 500 bilhões em 2022
Apesar do avanço, estudo da Irena e da Climate Policy Initiative alerta que volume ainda está distante do necessário para cumprir metas climáticas


O investimento global em energia renovável atingiu o patamar recorde de US$ 500 bilhões em 2022, mostra estudo desenvolvido em conjunto pela Agência Internacional de Energia Renovável (Irena) e pela Climate Policy Initiative (CPI). Porém, o montante ainda representa menos de 40% dos aportes anuais médios necessários entre 2021 e 2030, considerando um cenário que limite o aquecimento global em 1.5°C.
A pesquisa indica que o investimento total em tecnologias de transição energética somou US$ 1,3 trilhão no ano passado, crescimento de 19% em relação ao registrado em 2021. Além de renováveis, esse volume inclui aportes em eficiência energética, eletrificação do transporte, aquecimento elétrico, armazenamento de energia, hidrogênio e captura de carbono. O valor supera o apurado pela BloombergNEF (BNEF).
Os investimentos na eletrificação do transporte, que englobam veículos e infraestrutura de recarga, avançaram em 54% frente aos patamares de 2021, atingindo US$ 466 bilhões, enquanto aportes no setor de hidrogênio mais que triplicaram no mesmo período, atraindo US$ 1,1 bilhão.
Na avaliação da Irena e da CPI, o maior volume de investimentos na transição energética reflete políticas nacionais relacionadas ao clima, segurança energética e desenvolvimento socioeconômico, mas, em alguns casos, pode ser atribuído aos custos mais altos. Após anos de declínio, os preços de painéis solares e turbinas eólicas aumentaram temporariamente em 10% a 20% nos últimos dois anos.
Renováveis x combustíveis fósseis
O estudo indica que, levando em conta apenas nova capacidade de geração, os investimentos em renováveis se mantiveram consistentemente maiores aos realizados em usinas térmicas fósseis no período entre 2015 a 2021, com médias anuais de US$ 339 bilhões e US$ 135 bilhões, respectivamente.
Porém, considerando iniciativas de exploração, produção, refino, distribuição e infraestrutura, os aportes em renováveis ficam em desvantagem, com uma média anual de US$ 360 bilhões contra US$ 991 bilhões para o setor de carvão, óleo e gás.
Os investimentos em combustíveis fósseis caíram em 2020, em razão dos impactos da pandemia, mas apresentaram recuperação em 2021. Dados preliminares sugerem que, em 2022, os aportes podem ter retornado aos patamares anteriores à crise de saúde global, chegando a US$ 953 bilhões. Conforme o levantamento, essa recuperação pode ser atribuída a alta de custos no setor de energia e aos impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia.
A Irena acredita que a eliminação de investimentos em combustíveis fósseis deve ser combinado com o fim de subsídios para equilibrar a competição com as renováveis. Porém, isso precisa ser acompanhado com iniciativas para garantir padrões de qualidade de vida adequados para as populações mais vulneráveis.

Ricardo Casarin
Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.
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