Mais Luz para a Amazônia exigirá até 12 milhões de equipamentos de energia solar
Pesquisa do IEMA estimou número de sistemas com baterias necessários para atender metas de universalização do fornecimento de eletricidade do programa


As metas de universalização do Programa Mais Luz para a Amazônia, criado para promover o acesso à energia elétrica para a população brasileira localizada nas regiões remotas dos estados da Amazônia Legal, exigiriam a instalação de até 12 milhões de sistemas de geração de energia solar com baterias, mostra estudo do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA). Esse volume representaria uma capacidade instalada de 1,38 GW.
Em sistemas isolados da rede de energia elétrica, as baterias são necessárias para estocar a energia solar para uso em momentos posteriores. No estudo, foram avaliados dois tipos: chumbo-ácido, já empregada pelo mercado e com preço acessível; e íon-lítio, mais eficiente, porém exige maior cuidado ao manusear e ainda falta ser adequadamente regulamentada pela política de resíduos sólidos brasileira.
Conforme o levantamento, o atendimento dos objetivos do programa exige o emprego de mais de três milhões de equipamentos ao longo da vida útil dos sistemas, no caso do cenário de atendimento com Sistema Individual de Geração de Energia Elétrica com Fonte Intermitente (SIGFI) de 45 kWh/mês com bateria de íon-lítio e de 12 milhões de equipamentos para o cenário com SIGFI de 180 kWh/mês com bateria de chumbo-ácido.
O programa indica a necessidade de levar energia elétrica a 219.221 unidades consumidoras – que podem ser residências, escolas, postos de saúde –, desconectadas do Sistema Interligado Nacional (SIN), que distribui energia para a maior parte do país.
Se a meta do programa for cumprida, a capacidade instalada total atingirá 363 MWp (Megawatt-pico) considerando o padrão SIGFI 45, em 2030. No padrão SIGFI 180, a capacidade será de 1.381 MWp. O diretor-presidente do IEMA, André Luis Ferreira, destacou que a justa garantia de acesso à eletricidade para comunidades remotas da Amazônia exigirá um fornecimento contínuo e estável de componentes para sistemas de geração e os serviços associados.
“Além disso, o futuro descomissionamento e reposição desses sistemas, devido ao fim de suas vidas úteis e ao processo de manutenção, deve ser feito de forma adequada, a fim de evitar riscos ambientais em áreas sensíveis do local”, apontou o especialista.
“Os resultados do estudo permitem concluir que os desafios no enfrentamento dessas questões são bastante consideráveis, exigindo maior envolvimento por parte dos fabricantes de equipamentos, das distribuidoras de energia elétrica e dos órgãos públicos”, assinalou Ferreira.
Gestão de resíduos
O estudo ainda buscou dimensionar as ações de logística reversa necessárias para que o Mais Luz para a Amazônia seja realizado de forma a gerar menos impacto local. No final da vida útil dos sistemas instalados, seriam produzidas entre 71 mil e 237 mil toneladas de resíduos.
Apenas o SIGFI 180 com bateria de chumbo-ácido geraria cerca de 7 mil ton/ano, correspondendo quase o dobro dos resíduos eletrônicos coletados no Brasil em 2021. Já os SIGFI 45 com bateria de íon-lítio corresponderiam a 2.007,18 toneladas.
Considerando a totalidade de resíduos gerados ao longo do programa, dividido ao longo dos 32 anos analisados, os estados do Acre, Amapá e Amazonas gerariam a menor quantidade de resíduos anual por habitante. Mato Grosso, Rondônia e Tocantins, por sua vez, seriam os maiores geradores de resíduos por habitante.
O IEMA indica que os resíduos das baterias de íon-lítio para atendimento das unidades consumidoras podem chegar entre 37 mil e 61 mil toneladas. Já as baterias de chumbo-ácido podem produzir 90 mil toneladas de resíduos no sistema de 45 kWh e mais de 110 mil toneladas no sistema de 180 kWh.
A pesquisa ressalta que, garantir o efetivo gerenciamento da instalação e retirada de resíduos dessas regiões remotas requer uma cadeia estruturada. Hoje em dia, mais de 90% dos principais equipamentos dos sistemas fotovoltaicos são importados e a indústria existente está concentrada nas Regiões Sudeste e Sul do país. Ainda é reduzido o número de empresas integradoras na Região Norte.

Ricardo Casarin
Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.
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