Distribuidoras de energia solar veem retomada da demanda em 2024

Após 2023 desafiador, placas solares mais baratas e melhora do payback já reaquecem o mercado consumidor, avaliam empresas do setor

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Após um ano de 2023 desafiador, distribuidoras de equipamentos de energia solar preveem retomada da demanda do mercado de geração distribuída (GD) em 2024, impulsionado pela expressiva queda de preços das placas solares e a melhora do tempo de retorno do investimento, combinada ao aumento do consumo de energia no Brasil.

Três empresas de capital aberto do segmento - Intelbras, WEG e WDC Networks – divulgaram nas últimas semanas os resultados financeiros do ano passado e compartilharam perspectivas para o mercado brasileiro de energia solar. Confira os principais destaques:

Intelbras: fim dos estoques caros

A Intelbras reportou queda na receita operacional líquida de 33,8% no segmento de energia no 4º trimestre de 2023, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Por outro lado, houve um crescimento de 58,7% em relação ao 3º trimestre de 2023, devido a retomada de volume de vendas de micro geradores solares e à receita gerada pela venda de projetos de minigeração.

A companhia afirmou ter finalizado a estratégia de liquidação de painéis solares com custos mais elevados. No final de 2022, boa parte das distribuidoras de equipamentos de energia solar do país aumentaram os estoques, em razão da alta demanda provocada pela perspectiva de mudança de regulação. Porém, o desempenho de mercado abaixo do esperado e a forte queda de preços dos módulos fotovoltaicos resultou em prejuízos para essas empresas.

A Intelbras relatou que a estratégia adotada para liquidação desse estoque nocivo de painéis solares apresentou resultado positivo em vendas, acelerou o fechamento de novos projetos e maior aproximação com os parceiros comerciais.

“Chegamos ao fim dos estoques caros. Esperamos um crescimento mais robusto em 2024, mesmo que mais lento do que vinha acontecendo anteriormente. Teremos a retomada do crescimento em todos os segmentos, com a solar voltando aos resultados previstos”, declarou o CEO da Intelbras, Altair Silvestri, durante a teleconferência de resultados do 4º trimestre.

WEG: imposto de importação não resultará em maior fabricação local

A WEG também relatou que a receita de geração solar no 4º trimestre de 2023, apesar de mostrar evolução importante em relação ao 3º trimestre, continuou abaixo do mesmo período de 2022. A companhia acredita que a elevação de 6% para 10,8% do imposto de importação sobre placas solares, que entrou em vigor no Brasil em 1º de janeiro, não implicará em aumento da produção doméstica.

“Existe uma produção local de painéis, mas é um volume relativamente pequeno perto do que é feito de projeto solar no Brasil. Mesmo que fosse mais competitivo, não existe capacidade para atender a demanda do mercado interno. Dado o custo na China, especialmente com a queda muita expressiva no preço do painel a longo do ano passado, não vemos uma mudança muito significativa no mercado”, disse o diretor de finanças e relações com investidores da WEG, André Salgueiro, durante teleconferência de resultados.

WDC Networks: energia solar mais atrativa para o consumidor final

A WDC Networks divulgou que o segmento de energia solar sofreu com a dificuldade no acesso ao crédito pelo cliente final, devido as altas taxas de juros praticadas pelos bancos, e “a brutal queda nos preços praticados pelos fornecedores chineses ao logo de todo o ano”, forçando a venda de produtos abaixo do custo de reposição.

“Nossa venda ficou em R$204 milhões, que representa queda de 51% (2023 versus 2022). No 4º trimestre de 2023, a companhia praticamente zerou seu estoque mais antigo, que carregava custos mais elevados, e se prepara para um novo ciclo neste segmento”, disse a companhia, por meio de comunicado.

O diretor presidente da WDC Networks, Vanderlei Rigatieri, destacou que houve uma queda de 60% do preço das placas solares no mercado internacional, saindo de US$ 0,25/W no final de 2022 para US$ 0,10/W no presente momento.

“Parece que o preço atingiu uma estabilidade e não acredito em mais quedas, a própria China está tendo prejuízo com esses patamares. Imaginamos que, daqui para frente, os distribuidores parem com essa perda, pois os estoques antigos acabaram. Estamos repondo no preço novo com muita cautela”, declarou o executivo, durante a teleconferência de resultados.

Ele ressaltou que essa redução de preços tornou a energia solar muito atrativa para o cliente final. “O custo de um kit residencial passou de R$ 30 mil para quase R$ 10 mil. Havia o temor de piora do retorno de investimento por causa da mudança de lei, mas ele está em menos de 24 meses.”

“Também existe um grande aumento do consumo de energia elétrica, por causa da onda de calor. A demanda está voltando e esse ano deve ser melhor, embora não tão bom quanto 2022. O negócio ainda vai se recuperar e estamos ajustados para isso”, afirmou Rigatieri.

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Ricardo Casarin

Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.

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