Energia solar lidera investimentos em transição energética no Brasil
Levantamento da BNEF indica que mercado brasileiro de geração distribuída somou US$ 13 bilhões em 2022; tecnologia será maior fonte de geração elétrica do país em 2050


A geração solar distribuída é o mercado que mais movimenta investimentos em transição energética no Brasil, mostra levantamento da Bloomberg New Finance (BNEF). O segmento, referente a sistemas de energia solar de pequeno porte voltados para consumo residencial, comercial e rural, representou US$ 13,4 bilhões em aportes somente em 2022.
O estudo foi apresentado pelo analista de soluções climáticas da BNEF, Vinicius Nunes, durante o Encontro Nacional Absolar, realizado em São Paulo (SP) em 5 de dezembro. "Atualmente, a energia solar é sem dúvida a fonte que mais movimenta o investimento em transição energética no Brasil e na América Latina”, disse o especialista.
Levando em conta também o segmento de geração centralizada, que corresponde a grandes usinas fotovoltaicas conectadas ao sistema elétrico brasileiro, o montante investido na fonte solar em 2022 chega a US$ 17,4 bilhões. O setor de renovável como um todo somou US$ 24,9 bilhões no país no ano passado.
Ainda conforme a BNEF, o Brasil atraiu US$ 86 bilhões em investimentos em energia renovável entre 2013 e 2022. “Excluindo a China, o Brasil é o mercado emergente que mais investiu em transição energética no mundo, muito por causa da energia solar. Na nossa perspectiva, ela será a maior fonte de geração elétrica do país em 2050, com 30% de participação na matriz”, destacou Nunes.
Ao final do ano passado, o Brasil já se posicionava entre os dez países do mundo com maior capacidade instalada de energia solar. O analista da BNEF indicou que, mesmo com esse forte crescimento recente, o potencial de expansão ainda é enorme. “Mesmo na geração distribuída, o Brasil ainda está atrás de vários países, mesmo com mais possibilidade de explorar esse recurso. Pode parecer que esse mercado já está saturado, mas na verdade ele é muito vasto.”
Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostram que o Brasil conta com 89,9 milhões de unidades consumidoras de energia elétrica, das quais apenas 3,2 milhões são beneficiadas pela geração solar distribuída.
Alavancas de crescimento
A relação entre o custo de investimento na tecnologia fotovoltaica e os preços de energia elétrica no Brasil é um dos principais fatores para a perspectiva de crescimento do mercado solar no país. “Há uma tendência natural em todas a tecnologias de queda de preço ao longo do tempo. Isso não é diferente para a energia solar”, explicou Nunes.
“Em 2023, o preço dos módulos caiu mais do que o esperado. Estamos chegando a um cenário em que os fabricantes estão ficando com margens cada vez menores, levando a uma possível consolidação de mercado. Essa redução de preços não é infinita, mas ainda acontecerá novamente nos próximos anos”, previu o especialista.
Ele detalhou que, além de mais baratos, os painéis solares estão se tornando mais eficientes. “Atualmente, os módulos têm uma eficiência em torno de 21%. Nossa curva de projeção mostra que esse número chegará a 34% em 2050. Dessa forma, com a mesma quantidade de dinheiro, será possível gerar mais energia.”
“Considerando ainda as incertezas relacionadas aos preços e subsídios no setor elétrico brasileiro, que tendem a levar a um aumento dos custos, somos levados a ser otimistas com a continuidade da expansão da capacidade instalada de energia solar.”
Outros fatores que devem elevar a demanda por energia solar no país são o avanço da eletrificação do transporte e a produção de hidrogênio verde. “O Brasil ainda tem baixa penetração de carros elétricos, mas acreditamos que a curva de crescimento será muito rápida, da mesma forma que ocorreu com a solar”, disse Nunes.
Leia mais: Eletrificação da frota deve criar mercado de R$ 2,2 trilhões para energia solar no Brasil
BNEF estima que, em 2050, o Brasil estará entre um grupo de países em que a participação de vendas de veículos elétricos no total do mercado será de cerca de 50%. “É um patamar mais baixo em relação as regiões líderes, como China e Europa, mas já é muito considerável."
“Esse será um grande impulsionador da energia solar, pois a eletrificação exigirá muito mais energia da rede. Outro possível driver de crescimento para grandes projetos de geração renovável é o hidrogênio verde. O Brasil é um dos países mais baratos para produzir essa tecnologia. Esse novo mercado poderá criar mais demanda para a construção de usinas”, acrescentou o especialista.

Ricardo Casarin
Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.
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