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Horário de verão

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O horário de verão é a prática de adiantar os relógios em uma hora durante os meses de primavera e verão, com o objetivo de aproveitar melhor a luz natural do sol e economizar energia elétrica. Ele normalmente ocorre em regiões onde há uma variação significativa na duração do dia ao longo do ano.

A lógica por trás dessa mudança é simples: como os dias são mais longos no verão, adiantar o relógio permite que as atividades humanas aproveitem mais a luz do sol, reduzindo a necessidade de iluminação artificial à noite.

Embora o horário de verão seja adotado em várias partes do mundo, ele é controverso em alguns lugares, e a eficácia na economia de energia tem sido discutida ao longo dos anos.

Pra que serve o horário de verão?

O horário de verão tem como principal objetivo aproveitar melhor a luz natural durante os dias mais longos da primavera e do verão. No entanto, o impacto do horário de verão pode variar de acordo com a localização geográfica, clima e hábitos de consumo de energia, e há discussões sobre sua real eficácia, especialmente em países com pouca variação entre as estações do ano.

Quais os benefícios do horário de verão?

  • Economia de energia: ao adiantar os relógios, o uso de luz artificial é reduzido durante as tardes e noites, o que teoricamente diminui o consumo de eletricidade.
  • Aproveitamento da luz solar: com o Sol se pondo mais tarde, as pessoas podem aproveitar mais tempo de luz natural para atividades ao ar livre e outros afazeres sem depender de iluminação artificial.
  • Redução no uso de eletricidade nos horários de pico: ao ajustar o horário, os momentos de maior demanda por eletricidade (como o final da tarde e início da noite) ocorrem quando ainda há luz do sol, o que ajuda a diminuir o uso de energia.
  • Segurança e bem-estar: mais luz durante as horas da tarde pode contribuir para a redução de acidentes de trânsito e aumentar a sensação de segurança pública, já que há menos atividades noturnas em escuridão.
  • Aumento da atividade turística: com mais turistas circulando durante as horas de luz, há um aumento nas vendas de lojas, restaurantes e serviços turísticos, beneficiando a economia local.

Desvantagens do horário de verão

Embora o objetivo do horário de verão seja a economia de energia, os impactos no bem-estar e nas rotinas das pessoas levam a debates sobre sua eficácia.

  • Alteração do ciclo biológico: a mudança de horário pode desregular o ritmo circadiano (relógio biológico), causando dificuldades para se adaptar, como distúrbios no sono, cansaço e redução da produtividade, especialmente nos primeiros dias da mudança.
  • Impactos na saúde: algumas pessoas podem experimentar aumento no estresse, dificuldades para dormir e maior risco de problemas cardíacos devido à mudança repentina no ciclo do sono. 
  • Eficácia questionável na economia de energia: estudos recentes sugerem que, em muitos casos, a economia de energia é mínima ou nula. Com o aumento do uso de aparelhos de ar-condicionado e outros eletrônicos, o consumo pode não ser significativamente reduzido, e até aumentar em algumas regiões
  • Inconveniência no ajuste de horários: a mudança de hora pode causar confusão e inconveniência em viagens, sistemas de transporte e tecnologias, além de exigir ajustes em relógios, dispositivos eletrônicos e rotinas de trabalho.
  • Impacto no comércio e agricultura: alguns setores, como a agricultura, podem ser prejudicados, já que o horário de trabalho natural, especialmente com animais e colheitas, não segue o relógio, mas sim o nascer e o pôr do sol. O comércio pode enfrentar desafios com a variação de horários.

Quando o horário de verão foi criado?

George Hudson, um entomologista neozelandês, foi um dos primeiros a propor oficialmente o horário de verão moderno. Em 1895, ele sugeriu que os relógios fossem adiantados em duas horas durante o verão para que as pessoas pudessem aproveitar mais a luz do dia. Hudson valorizava as horas de luz extra para coletar insetos, o que motivou sua proposta.

Port Arthur, uma pequena cidade na província de Ontário, Canadá (hoje parte da cidade de Thunder Bay), foi a primeira cidade do mundo a implementar oficialmente o horário de verão. Em 1908, ela adotou a mudança como uma forma de aproveitar melhor a luz natural do dia e economizar energia.

Alemanha foi o primeiro país a adotar oficialmente o horário de verão, em 30 de abril de 1916, durante a Primeira Guerra Mundial. O principal objetivo era economizar combustível e recursos energéticos, como carvão, que eram cruciais para o esforço de guerra. A medida foi rapidamente seguida pelo Reino Unido e outros países europeus, e mais tarde pelos Estados Unidos.

Horário de verão no Brasil

A história do horário de verão no Brasil começou em 1931, durante o governo de Getúlio Vargas. O país enfrentava uma crise energética, e o objetivo era reduzir o consumo de eletricidade, aproveitando melhor a luz solar nos meses mais longos de primavera e verão. Desde então, o horário de verão foi adotado de forma intermitente e com diversas modificações ao longo dos anos.

Em 1º de outubro de 1931, Getúlio Vargas decretou a primeira adoção do horário de verão, que durou cerca de cinco meses. O objetivo era aliviar o consumo de energia elétrica, principalmente em tempos de escassez.

A partir de 1932, o horário de verão foi adotado de forma irregular, variando de ano para ano, sem uma padronização clara. Ele era implementado conforme a necessidade de economia de energia.

A partir de 1985, o horário de verão passou a ser adotado de forma regular e anual, com a mesma justificativa de reduzir o consumo de energia em horários de pico. A medida se tornou comum principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, onde há uma variação maior na duração do dia durante o ano.

A duração e o início do horário de verão foram ajustados várias vezes ao longo dos anos. Em 2008, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva estabeleceu uma regra fixa para o início e o fim do horário de verão: ele começaria no terceiro domingo de outubro e terminaria no terceiro domingo de fevereiro do ano seguinte. Houve algumas exceções quando a data coincidiu com o Carnaval, estendendo o prazo em uma semana.

Em 25 de abril de 2019, o presidente Jair Bolsonaro decretou o fim do horário de verão no Brasil, após estudos indicarem que a economia de energia era mínima. Além disso, estudos sobre os impactos na saúde, como distúrbios do sono, contribuíram para a decisão. Desde então, o Brasil deixou de adotar o horário de verão.

Vai ter horário de verão no Brasil em 2024?

O Brasil não terá horário de verão em 2024. A medida foi avaliada em razão de um cenário de crise hídrica. Entre 2023 e 2024, o Brasil enfrenta um cenário de escassez de chuvas, em especial na região Norte, que implica da redução dos níveis de reservatórios das hidrelétricas. 

O Ministério de Minas e Energia indicou que as medidas de planejamento adotadas garantiram segurança energética para este ano, não sendo necessária a adoção da medida. Segundo dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), o Brasil vive a pior seca dos últimos 74 anos, quando o instituto iniciou o monitoramento das informações climáticas.

Por isso, foi necessária a realização de ações planejadas e emergentes para garantir a segurança energética no país. Essas ações garantiram que hoje o país esteja com 49% de água guardada em seus reservatórios.

Conforme nota técnica do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), apresentada em setembro, a medida poderia trazer uma redução de até 2,9% da demanda máxima de energia elétrica e uma economia no custo da operação próxima a R$ 400 milhões entre os meses de outubro e fevereiro.

Conforme o estudo, se adotado no cenário atual, o horário de verão poderia contribuir para a maior eficiência do Sistema Interligado Nacional (SIN) no atendimento à ponta de carga no horário noturno, em especial entre 18h e 20h.

De acordo com o ONS, é nesse período que o sistema precisa lidar com o aumento da demanda por energia e a interrupção da produção de energia solar, tanto nas grandes usinas de geração centralizada quanto nos sistemas residenciais e comerciais de geração distribuída.

O levantamento aponta que há redução prevista na demanda máxima noturna, tanto em dias úteis, como nos finais de semana, em quase todas as condições de temperatura. A medida também traria um efeito sobre a rampa da carga entre 18h e 19h, com a postergação do horário de demanda máxima em até duas horas, permitindo que a compensação pela saída da fonte solar possa ser feita de forma mais prolongada.

Impactos do horário de verão na energia solar

O horário de verão tem um impacto interessante sobre a geração de energia solar no sistema elétrico, pois a mudança no horário influencia o alinhamento entre a produção de energia solar e os padrões de consumo.

Com o horário de verão, os relógios são adiantados em uma hora, o que significa que as atividades acontecem mais cedo em relação ao ciclo natural do Sol. Isso cria uma sobreposição maior entre os períodos de pico de demanda por eletricidade e os momentos de maior produção de energia solar, que ocorrem durante o dia.

No horário padrão, o pico de consumo de energia geralmente ocorre no final da tarde, quando a geração de energia solar já está diminuindo. O horário de verão pode ajudar a reduzir essa lacuna, pois adianta o horário de uso de energia para coincidir mais com os horários de maior insolação.

O maior aproveitamento da luz natural durante o dia, quando combinado com a geração solar, pode reduzir a necessidade de ativar fontes de energia suplementares, como usinas térmicas a gás ou hidrelétricas, nos momentos de pico de consumo, como o final da tarde e início da noite.

A geração distribuída, que inclui sistemas de painéis solares em telhados de residências e comércios, pode se beneficiar diretamente do horário de verão. Durante o dia, enquanto o sol está forte, essas unidades de geração produzem energia que pode ser consumida localmente ou injetada na rede, ajudando a balancear a demanda local.

Com o horário de verão, a luz natural é utilizada mais efetivamente durante as horas de maior atividade humana, o que pode gerar uma economia de energia elétrica e reduzir a necessidade de consumir energia da rede.

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Ricardo Casarin

Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.

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