Revolução tecnológica verde poderá criar mercado de mais de US$ 9,5 trilhões em 2030
Relatório da ONU alerta que transformações impulsionadas pela energia renovável representam oportunidade para economia de países em desenvolvimento


A revolução tecnológica impulsionada pela energia renovável poderá criar um mercado de mais de US$ 9,5 trilhões até 2030, mostra estudo da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad). O relatório cobriu o potencial de 17 tecnologias inovadoras, como inteligência artificial, hidrogênio verde e veículos elétricos, que juntas representavam receitas de US$ 1,5 trilhão em 2020.
“Nós estamos no início de uma revolução tecnológica verde. Essa onda de mudança terá um impacto formidável na economia global”, declarou a secretária-geral da Unctad, Rebeca Grynspan. O estudo dividiu as 17 tecnologias em três categorias:
- Indústria 4.0 (inteligência artificial, IoT, big data, blockchain, 5G, impressão 3D, robótica e drones).
- Energia renovável (solar fotovoltaica, termossolar, biocombustíveis, biomassa, eólica, hidrogênio verde e veículos elétricos).
- Outras tecnologias (nanotecnologia e edição genética).
A estimativa é que cerca da metade das receitas (US$ 4,4 trilhões) vão se referir a internet das coisas (IoT), que abarca uma vasta gama de equipamentos em diversos setores. Em seguida, se destacam a inteligência artificial (US$ 1,5 trilhão) e veículos elétricos (824 bilhões). Na energia renovável, o maior mercado será a solar fotovoltaica, com US$ 641 bilhões.
A análise também avaliou a maturidade dessas tecnologias, levando em consideração o registro de patentes. Nesse contexto, a energia solar fotovoltaica é a segunda mais madura, ficando atrás apenas da inteligência artificial. Já a tecnologia considerada menos madura é a IoT.
Janela de oportunidade
O relatório alerta para a necessidade de uma ação política coerente para permitir que países em desenvolvimento lucrem com essas tecnologias. Caso isso não ocorra, essas nações correm o risco de enfrentar maior desigualdade econômica. Isso porque existe uma concentração de recursos tecnológicos nos países mais ricos.
“Países em desenvolvimento precisam capturam mais do valor criado por essa revolução tecnológica para viabilizar crescimento econômico”, disse Grynspan. “Perder essa onda por falta de atenção política traria implicações negativas de longo prazo.”
O estudo traz três mensagens-chaves sobre essa questão:
- Países em desenvolvimento devem se posicionar estrategicamente para embarcar cedo na revolução tecnológica verde. Acesso a tecnologia e conhecimento não bastam e o tempo é crucial. Sem isso, as transformações não irão diminuir as desigualdades globais, mas aprofundá-las.
- Países em desenvolvimento não são capazes de aproveitar essa janela de oportunidade sozinhos. É necessário apoio imediato da comunidade internacional para garantir recursos e qualificação. Também é urgente melhorar a consistência do sistema de comércio sob as condições do Acordo de Paris, para que essas tecnologias verdes possam ser transferida para nações em desenvolvimento.
- As mudanças climáticas e a desigualdade são problemas compartilhados por todo o mundo. É necessário compartilhar ferramentas para enfrentá-los. Mas o tempo está correndo e essa pode ser a última janela de oportunidade.

Ricardo Casarin
Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.
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