Hidrogênio verde poderá se tornar mais barato que o gás natural até 2050, aponta estudo da BNEF

O hidrogênio verde pode se tornar mais barato que o gás natural até 2050, com o preço caindo cerca de 85% nos próximos 30 anos, aponta estudo da BloombergNEF (BNEF). A análise ressalta que a redução de custos no setor solar serão cruciais para o desenvolvimento dessa tecnologia.

O estudo avalia que o preço do combustível cairá abaixo de US$1/Kg na maioria dos 28 mercados analisados, com 18 deles produzindo hidrogênio verde num patamar mais barato do que do gás natural. Enquanto isso, o hidrogênio produzido com gás natural se tornará mais cara que o hidrogênio verde em todos os 28 locais até 2050.

O novo custo estimado é 17% menor que o previsto pela BNEF anteriormente, e 13% mais barato que o estimado para 2030. A expectativa agora é de que os preços caiam abaixo de US$2/kg ao final da década e depois reduzam novamente pela metade nos vinte anos seguintes.

A BNEF acredita que isso será impulsionado pela redução de custos de energia renovável, especialmente da solar fotovoltaica. É esperado que os preços dessa fonte sejam 40% mais baratos em 2050 do que o previsto anteriormente em 2019, em decorrência de avanços na fabricação de módulos, maior eficiência de células e melhor captação com o uso de painéis bifaciais.

O analista de hidrogênio da BNEF, Martin Tengler, declarou que preços abaixo de US$1/kg podem reescrever completamente como a energia será produzida nos próximos anos, destacando que pelo menos 33% de toda a economia global poderá ser abastecida por geração renovável sem nenhum custo adicional em relação aos combustíveis fósseis.

Tengler acredita que, por volta de 2030, fará pouco sentido econômico continuar desenvolvendo plantas de produção de hidrogênio por meio do gás natural, a não ser que existam barreiras para a instalação de renováveis, como a ausência de espaço físico, por exemplo.

“As companhias que atualmente utilizam combustíveis fósseis para produzir hidrogênio com captura e armazenamento de carbono terão no máximo dez anos antes de sentir o impacto. Eventualmente, esses ativos irão decair da mesma forma que está ocorrendo atualmente com o carvão no setor de energia.”

Recentemente, a Longi Green Energy anunciou a criação de uma unidade de negócios dedicada ao mercado de hidrogênio verde. A nova empresa foi registrada na China sob o nome de Xi’an LONGi Hydrogen Technology Co. Na ocasião, o diretor de pesquisa industrial da Longi, Yunfei Bai, destacou o apoio político e industrial para o hidrogênio verde, com empresas e governos dando suporte para grandes projetos.

No ano passado, a União Europeia lançou uma nova estratégia para estabelecer o setor dentro do bloco, assinalando que seriam precisos até 120 GW de nova capacidade renovável para abastecer os 40 GW de eletrolisadores necessários para indústria alcançar escala o suficiente para produzir hidrogênio verde de forma competitiva até 2030.

Em março, a Enegix Energy anunciou que construirá a maior planta de hidrogênio verde do mundo no Brasil, após assinar um memorando de entendimento com o governo do estado do Ceará. De acordo com a companhia, o projeto, batizado de Base One, produzirá mais de 600 milhões de quilos de combustível por ano e será abastecido por 3.4 gigawatts (GW) de energia renovável. O investimento previsto é de US$ 5,4 bilhões.