Energias solar e eólica podem potencializar produção de hidrogênio verde no Nordeste

As energias renováveis, com a solar e a eólica, são alternativas para a produção de hidrogênio verde no Nordeste, abrindo caminho para melhorar as condições socioeconômicas e ambientais do semiárido. O tema foi discutido no final de fevereiro pelo Grupo Governadores pelo Clima, que reúne 21 Estados brasileiros e o Centro Brasil no Clima (CBC).

Para a produção de hidrogênio verde, é necessária uma grande quantidade de energia, sendo a solar e a eólica as formas mais eficientes para suprir essa necessidade, sobretudo no Nordeste, com grande incidência de sol e vento. Bahia e Pernambuco estudam projetos. O Ceará, por exemplo, já apresentou o projeto de uma usina com investimentos australianos.

Sérgio Xavier, articulador político do CBC, explica que as energias renováveis podem ter efeito transformador no Nordeste se integradas as políticas de abastecimento de água e geração de renda. Se outras fontes renováveis fornecessem a energia necessária aos 520 municípios da bacia, o rio São Francisco que sofre com redução na vazão, poderia ter os seus reservatórios poupados para estocar água.

“Investimentos em energias renováveis irão tornar a região atraente para a injeção de recursos na produção de hidrogênio verde, ajudando na regeneração do rio São Francisco e na redução da pobreza da região”, destacou.

O Nordeste pode ser um potencial fornecedor de hidrogênio verde para a Alemanha que almeja se tornar fornecedora mundial de tecnologias verdes a hidrogênio e hoje é referência no uso do hidrogênio verde para descarbonizar a indústria química, de cimento e siderúrgica.

A produção de hidrogênio verde envolve muita energia que não pode ser originada de combustíveis fósseis. Para isso, o país terá que importar o combustível de outros países, que produzam com base renovável e mira no Marrocos, no Chile e no Nordeste brasileiro.

Annette Windmeisser, chefe da cooperação para o desenvolvimento sustentável da embaixada da Alemanha, ressalta que este país estima atender apenas 11% da demanda interna de hidrogênio verde e terá que comprar o restante. O governo alemão investirá € 9 bilhões no hidrogênio verde, sendo que € 2 bilhões serão investidos em parcerias com outros países.

O país aposta em pacotes de recuperação verde de €130 bilhões, e pela Comissão Europeia, de € 750 bilhões. “Não lembro de ter visto uma iniciativa tão forte neste sentido”, diz Annette.