Brasil tem um longo caminho para se tornar produtor e exportador de hidrogênio
CNPE determinou, neste mês, o início dos estudos para criação de um programa nacional para a tecnologia


O Brasil pode se tornar uma potência exportadora de hidrogênio. A tecnologia é considerada por diversos países como um importante vetor para a descarbonização da economia mundial. Porém, para aproveitar todo esse potencial, o País precisa acelerar a regulamentação desse mercado.
Um passo importante foi dado neste mês: o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) determinou a realização de estudos para a construção das políticas para o chamado Programa Nacional do Hidrogênio, com o prazo de 60 dias para apresentar as primeiras propostas.
Para a advogada especializada em petróleo e gás do Trench Rossi Watanabe, Danielle Valois, o Brasil está atrasado em relação a outros países e deveria aproveitar a regulamentação do mercado de gás (que está em andamento) para introduzir mecanismos que facilitem a logística do hidrogênio.
“Podemos aproveitar o momento de regular o Novo Mercado de Gás e já introduzir o mercado de hidrogênio. Isso porque muito da infraestrutura necessária para o escoamento do gás natural também pode ser compartilhada para a movimentação do hidrogênio. Estamos atrasados, mas existe essa oportunidade e o Brasil não pode perder esse momento”, afirmou a advogada em entrevista ao Portal Solar.
Conforme o estudo “Desafios e Oportunidades para o Brasil com o Hidrogênio Verde”, desenvolvida em parceria pelo Instituto E+ Transição Energética e pela Fundação Heinrich Böll, a ampla oferta de fontes renováveis colocam o País em posição de potencial exportador do chamado hidrogênio verde, produzido a partir de fontes como solar e eólica.
O chefe da Divisão de Política Internacional da Fundação Heinrich Böll na Alemanha, Jörg Hass, assinalou que o Brasil tem vantagens, pois não enfrenta as mesmas dificuldades que outros países do mundo para pensar na produção de hidrogênio verde.
“Para ter esse insumo em escala é preciso mais energia renovável do que temos agora, com fazendas solares e eólicas substituindo fontes fósseis”, disse Hass. “É um grande desafio construir essa oferta de energia limpa. A Alemanha, por exemplo, discute a importação de parte da demanda do hidrogênio verde”, completou o pesquisador.
O diretor-executivo do Instituto, Emílio Matsumura, disse que o armazenamento e o transporte de hidrogênio são nossos principais gargalos e dificultam a exportação do insumo. “Há dificuldade em razão da infraestrutura de gasodutos ser muito limitada. Essa questão do transporte reduz a competitividade. Em um primeiro momento, é mais viável exportar produtos produzidos com hidrogênio verde, como o aço e a amônia”, disse o executivo em evento online na última segunda-feira (24/5).
Segurança para o investidor
A também advogada do escritório Trench Rossi Watanabe, Gabriela Fischer, destaca que o mercado é competitivo e que o Chile, por exemplo, já tem um programa estruturado, incluindo financiamento público para esse tipo de projeto.
“Para que isso se desenvolva de uma forma sustentável e segura para o investidor, o arcabouço regulatório é muito importante, garantindo segurança jurídica para quem está vindo investir no País. Então, com certeza, isso tem que ser priorizado”, disse a especialista.
“Estamos falando de tecnologias novas, de um alto risco, um investimento promissor. Vemos com bons olhos, mas existem barreiras tecnológicas muito grandes para transformar essa produção em larga escala e economicamente viável”, finalizou Fischer.
Ariane Locatelli
Jornalista formada pela Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, com experiência em telejornalismo, agência de comunicação e mídias sociais. Por quase uma década, trabalhou como repórter e produtora da TV Globo São Paulo, Brasília e afiliadas. Atuou ainda como assessora de imprensa de entidades do setor elétrico.

Ricardo Casarin
Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.
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