Mercado de veículos elétricos registra ano recorde de vendas no Brasil em 2020

O mercado de veículos elétricos registrou recorde de vendas no Brasil em 2020, com aumento de 66,5% nos emplacamentos em relação ao ano retrasado, mostra levantamento da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). De acordo com a entidade, o setor saltou de 11.858 unidades em 2019 para 19.745 no ano passado. Só em dezembro foram 1.949 veículos vendidos. Foi o melhor ano da série histórica da ABVE, iniciada em 2012.

Conforme a associação, pela primeira vez o mercado de eletrificados chegou a 1% do mercado total de veículos no Brasil. Os números referem-se à soma de automóveis e comerciais leves elétricos híbridos não plug-in e plug-in (HEV ou PHEV) e elétricos a bateria (BEV). Com esse resultado, a frota total de automóveis elétricos ou híbridos em circulação no país chegou a 42.269 unidades.

Para a entidade, o crescimento de 2020 confirmou a tendência do mercado de eletrificados evoluir na contramão do conjunto do setor automotivo no Brasil. Segundo a Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos Automotores (Fenabrave), o total de emplacamentos de automóveis e comerciais leves caiu 26.6% em 2020, na comparação com 2019, com 1.950.889 contra 2.658.692 unidades.

O presidente da ABVE, Adalberto Maluf, afirmou que, mais uma vez, os eletrificados mostraram seu potencial, em nítido contraste com a evolução de todo o mercado. “Nesses tempos de Covid, o consumidor brasileiro fez uma aposta clara nos veículos não poluentes e sustentáveis. Optou por proteger a sua saúde e a saúde da sociedade”.

Os números apontam para uma acentuada curva de crescimento dos veículos elétricos e híbridos no Brasil nos últimos anos. As 19.745 unidades vendidas em 2020 representam crescimento de 397% sobre 2018 (3.970), 499% sobre 2017 (3.296) e 1.709% sobre 2016 (1.091).

O diretor de veículos leves da ABVE e diretor de relações institucionais e sustentabilidade da Audi do Brasil, Antonio Calcagnotto, entende que é preciso interpretar esses números com ressalvas.

“Por um lado, devemos comemorar o fato de os elétricos terem chegado a 1% do mercado; é uma marca simbólica importante. Mas ainda estamos muito distantes de uma participação expressiva no mercado total. Portanto, temos de insistir em medidas de apoio à mobilidade elétrica”, assinala Calcagnotto.

A ABVE defende, por exemplo, a equiparação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos eletrificados à alíquota da maioria dos veículos comuns. O vice-presidente de Veículos Leves da ABVE e diretor de relações governamentais da Nissan do Brasil, Pedro Bentancourt, questiona o porquê de um carro flex 1.0 a combustão pagar 7% de IPI e um veículo elétrico ou híbrido ter uma carga maior.

“O ideal seria zerar o IPI dos veículos elétricos e híbridos. No mínimo, nossos produtos deveriam pagar a mesma alíquota básica já paga pela maioria do mercado. Não é só uma questão de eficiência energética, é também de saúde pública”, defendeu Betancourt.