Agentes criticam a falta de política para mobilidade elétrica no Brasil

A ausência de uma política industrial voltada à economia verde é o principal gargalo para a mobilidade elétrica no Brasil. Para os participantes da FIEE AbineeTec Digital Week, o País possuí recursos, mas precisa de um papel mais ativo do Estado como organizador e indutor de inovação.

“O papel do governo como indutor do desenvolvimento tecnológico é muito importante. Não temos política de inovação estruturada. O setor privado sozinho não vai fazer todos esses investimentos”, disse o diretor de Marketing, Sustentabilidade e Novos Negócios da BYD Energy, Adalberto Maluf, durante o debate realizado nesta terça-feira (20/7). 

Maluf destacou que o mundo inteiro caminha rapidamente para a eletrificação dos transportes, especialmente na China e na Europa, e que o Brasil está descolado do mundo por não ter política pública direcionada. Ele avalia que o programa Rota 2030 deixou de fora incentivos a inovação.

“O mundo inteiro está avançando na eletrificação e estamos acomodados. Em breve, não teremos nenhuma plataforma com base em combustão para utilizar o etanol e o País ficará dependente da importações de veículos”, alertou o diretor geral da divisão de lítio do Grupo Moura, Fernando Pontual Castelão.

Para Castelão, sem um programa estruturado de pesquisa e desenvolvimento (P&D) o parque industrial local não terá condições de competir contra os grandes players globais na produção de baterias de lítio, por exemplo. 

“O Brasil perdeu o boom do silício e não foi capaz de criar uma indústria. Agora vai vir outra onda, com a revolução das renováveis. É preciso estruturar políticas e uma delas é a de mobilidade urbana”, disse o diretor de sistemas industriais e mobilidade eletrônica da WEG, Valter Luiz Knihs.

O gerente sênior de soluções de eletrificação da Bosch, Alexandre Uchimura,  lembrou que o processo de eletrificação já é uma realidade, o que falta é massificar a produção. “Caso contrário, será difícil que ela ocorra, pela questão do custo. Vemos como principais drivers para isso a regulação das emissões, o banimento de motores a combustão em cidades, e os subsídios e políticas de incentivo.”

Para um País com capacidade limitada de investimento, a otimização dos recursos se torna fundamental, disse o gerente de vendas do segmento de transporte para América Latina da Hitachi ABB Power Grids, Henrique Gross. “Uma iniciativa de troca de matriz energética de uma frota de ônibus demanda investimento da sociedade e hoje não há espaço para aumentar tarifa.”

O gerente de Desenvolvimento Automotivo e Eletromobilidade da Siemens, Alexandre Sakai, ressaltou que a mobilidade elétrica já é uma rota tecnológica adotada por algumas empresas no Brasil, especialmente no segmento de baterias. “Novos stakeholders estão entrando nesse mercado, como concessionárias de energia investindo em infraestrutura de carregamento.”

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