Frete marítimo deve seguir como gargalo importante para setor solar em 2022
Analistas avaliam que, embora oferta de matéria-prima deva evoluir ao longo do ano, a capacidade de transporte internacional não mostra sinais de melhora


O frete marítimo deve seguir como gargalo para o setor solar fotovoltaico em 2022, mostram análises das consultorias internacionais IHS Markit e BloombergNEF (BNEF). Embora oferta de matéria-prima deva evoluir ao longo do ano, capacidade de transporte e contêineres não mostram sinais de melhora.
O vice-presidente de comércio marítimo da IHS Markit, Peter Tirschwell, destaca que congestionamentos de portos continuam atrasando a circulação de navios, contêineres e outros formas de transporte, reduzindo capacidade, alongando tempo de trânsito e elevando os preços de fretes. “Um problema recorrente desde a pandemia é que o sistema não tem tempo de se recuperar antes do próximo choque acontecer.”
O especialista explica que, durante o lockdown de 2020, quando o consumo nos EUA foi realocado de forma brusca de serviços, como viagens, lazer e entretenimento, para gastos com o lar e para o comércio eletrônico, a cadeia de suprimento de contêineres foi posta sob uma pressão sem precedentes.
“O e-commerce necessita de centros de distribuição e a capacidade desses locais não estava preparada e continua assim até o momento. Cinco a sete anos de crescimento desse segmento foram comprimidos em um único ano”, diz Tirshweel, em relatório publicado pela IHS Markit.
Além disso, ele assinala, programas de estímulo melhoraram o poder de consumo. Como resultado, os volumes de importação de contêineres nos EUA em 2021 foram quase 20% maiores que em 2019, uma taxa de crescimento muito superior ao registrado na década pré-Covid.
Tirshweel alerta que a capacidade é um fator de exacerbamento da crise na cadeia de fornecimento de contêineres. “Empresas de transporte marítimo reportam que existem navios e contêineres o suficiente para atender a elevação da demanda. O problema é que muito dessa capacidade está ociosa ou circulando mais devagar, resultando em uma capacidade significativa fora de operação”. As estimativas apontam para 10% a 15% de capacidade não operacional em razão de congestionamentos.
Melhora na oferta de matéria-prima
O chefe de análises da BloombergNEF, Albert Cheung, entende que existem razões para acreditar que os custos mais elevados para renováveis serão transitórios. “O suprimento de silício policristalino, que tem sido o maior gargalo para o setor fotovoltaico nos últimos meses, deve crescer 39% em 2022.”
Esse cenário traria grande alívio ao mercado e recolocaria de volta os preços de módulos em linha com a tendência de longo prazo. Porém, o especialista admite que os fretes permanecem como um fator imprevisível.
Uma análise publicada pela consultoria InfoLink Consulting no início de janeiro prevê que os preços de silício policristalino deverão cair de forma mais acentuada que o esperado em 2022, com a tendência se intensificando a partir do meio do ano, em razão da expansão da capacidade produtiva e a evolução tecnológica.
Entre os fatores que favorecem essa perspectiva estão o relaxamento de medidas de racionamento de energia na China; o início de operações de nova capacidade de produção da matéria-prima; e avanços tecnológicos que permitirão que fabricantes reduzam a espessura de wafers. Como consequência, a capacidade de produção aumenta com a mesma quantidade de silício policristalino utilizado.

Ricardo Casarin
Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.
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