ONS realiza corte de carga elétrica e distribuidoras são afetadas em diversas regiões do País

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) realizou um corte de carga para proteger a rede de um blecaute sistêmico. Conhecido como Esquema Regional de Alívio de Carga (ERAC), o evento ocorreu às 11h24 quando a carga no Sistema Interligado Nacional (SIN) estava com 74.238 MW médios e despencou para 71.114 MW médios por alguns minutos. Algumas distribuidoras das regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste foram afetadas. Entretanto, o fornecimento de energia já foi normalizado em todas as localidades.

O Portal Solar apurou que às 11h06 ocorreu o desligamento do Polo 1 do Elo CC 800kV Xingu/Estreito, que estava transmitindo 1.996 MW, provocando sobrecarga nos demais polos dos Elos do Xingu, sem outras consequências para o SIN.

“Às 11h26min ocorreu o desligamento do Polo 2 do Elo CC 800kV Xingu/Estreito, que estava transmitindo 1.983 MW, provocando sobrecarga no Elo CC 800 kV Xingu/Terminal Rio e desligamento de 6 unidades geradoras da UHE Belo Monte, aproximadamente 3.800 MW.  A frequência do SIN atingiu o valor abaixo de 58,85Hz, e houve informação de atuação de ERAC ao longo SIN.”

Segundo o coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel/UFRJ), Nivalde de Castro, o Brasil está atravessando uma mudança estrutural no regime hidrológico, em parte por conta do aquecimento global, em parte por conta de desmatamento e queimadas na região amazônica.

“Em 2013 isso ficou evidente. Está chovendo abaixo da média histórica praticamente todos os anos e os reservatórios estão com comportamentos irregulares, de tal maneira que esse ano, mesmo com a crise de demanda provocada pela pandemia, chegamos ao pior nível de reservatórios dos últimos 90 anos”, disse o especialista.

Para Castro, não há risco de racionamento como em 2001, porém será um ano em que serão necessárias medidas emergenciais para garantir do suprimento elétrico do País. “O ERAC é uma contingência inesperada, mas que estressa ainda mais o setor elétrico”, disse.  “Nosso risco vai ser mais político, porque do ponto de vista do setor elétrico a gente tem instrumentos para segurar esse momento crítico”, completou.

Em nota, a CPFL Energia informou que houve interrupção de energia em algumas regiões atendidas por suas distribuidoras (CPFL Paulista, CPFL Piratininga, CPFL Santa Cruz e RGE) na manhã desta sexta-feira, 28, em razão de oscilação no SIN. “Após autorização do ONS, a empresa informa que realizou as manobras necessárias e normalizou em poucos minutos, o fornecimento de energia de todos os seus clientes.”

A EDP informou que, entre 11h26 e 11h51, clientes da EDP SP tiveram o fornecimento de energia impactado devido a uma ocorrência no SIN, acrescentando que a rede elétrica de distribuição da EDP encontra-se normal. Foram 190 MW de cargas interrompidas, impactando em torno de 210 mil clientes da EDP São Paulo. No caso da EDP Espírito Santo, foi interrompido 256 MW, impactando cinco clientes industriais. O fornecimento da energia elétrica nas áreas afetadas da distribuidora foi normalizado imediatamente após a liberação pelo ONS”, comunicou a empresa.

A Enel Brasil informou que, em razão de uma perturbação no SIN, o fornecimento de energia foi interrompido em algumas regiões nas áreas de concessão da Enel Distribuição São Paulo, Enel Distribuição Goiás e Enel Distribuição Rio entre 11h26 e 11h39.

“Em razão do problema no SIN, o ONS acionou o primeiro estágio do Esquema Regional de Alívio de Carga (ERAC), o qual prevê o desligamento automático de 7% da carga das distribuidoras. O fornecimento de energia encontra-se normalizado neste momento nos três estados”, informou a Enel.

A Elektro​, concessionária controlada pela ​Neoenergia, informou que a interrupção de energia registrada parcialmente no estado de São Paulo, às 11h26, teve origem fora da área de concessão da empresa. “As cargas já foram restabelecidas, às 11h50, em todas as áreas afetadas. A distribuidora aguarda informações mais detalhadas do ONS, responsável pela administração do SIN.”

Procurados pela reportagem, o ONS e o Ministério de Minas e Energia (MME) não se manifestaram até o fechamento da matéria.