Maior participação de baterias nos leilões reduziria custos e emissões
Estudo da Aurora Energy Research avalia o impacto do armazenamento de energia como solução de flexibilidade para o sistema elétrico


A maior participação de sistemas de armazenamento de energia em baterias (BESS) em leilões de capacidade pode reduzir custos e volume de emissões, mostra estudo da Aurora Energy Research. A análise indica que se os sistemas BESS representarem 40% da capacidade contratada nos próximos Leilões de Reserva de Capacidade (LRCAP), os pagamentos de capacidade poderão ser reduzidos em 14%, enquanto as emissões cairiam 37%.
Assim, a alocação da demanda do LRCAP entre fontes deve considerar tanto seu custo-benefício quanto sua pegada de carbono, segundo a empresa. Essa é uma das 17 recomendações apresentadas no relatório, que tem como objetivo superar gargalos regulatórios para BESS e aprimorar a flexibilidade do sistema elétrico.
O líder de mercado no Brasil da Aurora Energy Research, Rodrigo Borges, apontou o papel do armazenamento de energia como solução para os cortes de geração renovável. “O Brasil, um dos maiores mercados de energia do mundo, está em um ponto de inflexão.”
“Com recordes de geração renovável e crescente congestionamento da rede, o curtailment tornou-se um desafio operacional diário. Nesse contexto, o BESS se destaca como a solução de curto prazo mais viável para reduzir o curtailment, estabilizar os preços e oferecer a flexibilidade crítica de que o sistema precisa”, disse Borges.
O estudo destaca que o LRCAP para BESS de 2026 deve oferecer sinais locacionais mais claros, indicando quais regiões devem ser priorizadas. Atualmente, sinais de investimento – como maiores spreads diários de preços e menores TUST – às vezes entram em conflito, levando investidores a instalar BESS em áreas que não são as mais críticas durante os períodos de pico de demanda.
Tarifas
O relatório também enfatiza a necessidade de revisar as tarifas de rede (TUSD/TUST) aplicados a BESS autônomos, de forma a refletir melhor seus custos e benefícios para o sistema elétrico. Por exemplo, aplicar apenas tarifas de gerador, em vez de ambas (gerador e consumidor), poderia melhorar o business case de BESS no curto prazo, reduzir as receitas fixas solicitadas ao sistema e alinhar-se ao tratamento regulatório mais recente para BESS, como produtores independentes de energia.
Como as tarifas de gerador geralmente são menores nas regiões próximas aos centros de demanda, essa abordagem também poderia direcionar o BESS para as áreas com maior necessidade de capacidade firme.
Preços e rentabilidade
Além das recomendações regulatórias, a Aurora também projetou o impacto potencial do BESS no mercado de energia brasileiro, revelando efeitos significativos sobre a volatilidade de preços e a dinâmica do sistema. A análise estima uma redução de cerca de R$40/MWh no spread médio diário de 4 horas após a década de 2040, indicando um ambiente de preços mais estável para os agentes de mercado.
Ao mesmo tempo, os preços capturados por fontes solares devem aumentar mais de R$20/MWh, melhorando a rentabilidade da geração solar. O curtailment solar também pode diminuir 46% até 2040 nesse cenário.
“De acordo com nossos modelos, até 2040 as baterias reduzem o curtailment solar em 46%, aumentam os preços de captura da energia solar em mais de R$20/MWh e reduzem o spread médio diário de 4 horas em cerca de R$40/MWh — abrindo caminho para um sistema mais eficiente e impulsionado por fontes renováveis”, disse o gerente de produto de pesquisa da Aurora Energy Research, Matheus Dias.

Ricardo Casarin
Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.
Artigos que podem te interessar
Geração de energia solar cresce 13,9% na primeira quinzena de dezembro
Dados da CCEE mostram que a fonte fotovoltaica produziu 4.635 MWmed no período, ante 4.070 MWmed no mesmo intervalo de 2024
24/12/20251 min de leitura
Complexos de energia solar entram em operação na Bahia em dezembro
Conjuntos de usinas somam mais de R$ 1 bilhão em investimentos e 250 MW de capacidade instalada
19/12/20252 min de leitura
Geração de energia solar cresce 11,1% no Brasil em novembro
Dados da CCEE mostram que a fonte fotovoltaica produziu 4.362 MWmed no período, ante 3.926 MWmed no mesmo intervalo de 2024
16/12/20252 min de leitura

As 5 forças que vão redesenhar o mercado de GD em 2026
Regulação, M&A, O&M e consolidação definem o futuro da geração distribuída em 2026
11/12/20254 min de leitura

Água Potável Vale Ouro: Como Limpar Módulos Fotovoltaicos com Sustentabilidade
A água potável é um recurso essencial e limitado no planeta. Embora a água cubra 71% da superfície terrestre, apenas 2,5% é água doce disponível para consumo humano, agricultura e uso doméstico.
11/12/20255 min de leitura

Segurança em Telhados: Altura, Acesso, Andaimes e Plataformas para O&M
A expansão das usinas fotovoltaicas instaladas em telhados trouxe novas oportunidades para geração distribuída e, junto delas, a necessidade de profissionalizar as rotinas de manutenção e limpeza em altura.
03/12/20257 min de leitura

O Básico do O&M em usinas solares – parte 01/05 + Bônus
Muito se discute sobre performance, processos, gestão e ferramentas complexas para O&M. Mas o básico mesmo está sendo deixado de lado.
02/12/20256 min de leitura
Baterias podem representar economia bilionária para sistema elétrico
Estudo do Instituto E+ demonstra impactos da adoção de sistemas de armazenamento no Sistema Interligado Nacional (SIN)
02/12/20253 min de leitura